As famílias pernambucanas estão endividadas. Este percentual chega a 81,5%, patamar superior a da média do País que está em 78,3%, segundo informações da Fecomércio-PE, mesmo com a sequência de três meses consecutivos de queda na taxa de endividamento em Pernambuco, que caiu 0,24% em maio em comparação ao mês de abril. Em números absolutos, Pernambuco conta com 426.148 mil pessoas endividadas e outras, 170.561 mil (32,6%) com dívidas em atraso, os chamados inadimplentes.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), o principal tipo de endividamento é aquele contraído junto ao cartão de crédito para 93,8% dos endividados. Ainda em Pernambuco, os incapazes de pagar suas dívidas no próximo mês são 18,2% entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, de acordo com a PEIC, realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
O número de endividados, ainda de acordo com a pesquisa, pode ser explicado pelo avanço do desemprego no Estado, comprometendo o fluxo de rendimentos familiares; já o de inadimplentes reflete o fato de que os consumidores desempregados buscam evitar contrair mais dívidas.
Aqueles com dívidas em atraso já somam 32,6% dos entrevistados, o que representa um total de 170.561 inadimplentes. Geralmente, quando a inadimplência ocorre, é comum observar uma desaceleração no consumo, o que afeta, principalmente, pequenas empresas do setor de comércio e serviços. Depois do endividamento no cartão de crédito, o carnê foi o segundo tipo de dívida mais escolhida entre as duas faixas de renda. Isso ocorre porque os varejistas oferecem a facilidade desta modalidade de pagamento, o que atrai os consumidores que não desejam utilizar o cartão de crédito. Em alguns casos, essa modalidade pode oferecer juros zero, o que incentiva mais os clientes a efetuarem suas compras dessa forma.
Para as famílias de renda mais elevada, o financiamento de carros é o terceiro tipo de endividamento mais comum. Com as medidas implementadas pelo Governo Federal para subsidiar carros até R$120 mil com descontos entre R$ 2 mil a R$ 8 mil, espera-se um aumento dessa prática nos próximos meses.
O atraso dos endividados
Já o tempo médio de atraso nos pagamentos das dívidas em Pernambuco é de 59 dias, enquanto no Brasil é de 63 dias. Cerca de 33% dos entrevistados relataram ter o tempo de comprometimento das dívidas entre 3 e 6 meses. É sabido que o pagamento de juros, mora e multa é inevitável em caso de atrasos. Portanto, quanto mais cedo a dívida for quitada, melhor para o orçamento familiar, pois sobra mais renda disponível a ser destinada para consumo e/ou poupança. Por isso, é importante reduzir ao máximo o tempo de atraso das dívidas, garantindo uma melhor saúde financeira dos domicílios, como aconselham os especialistas.
Outro aspecto relevante, que dialoga com o problema da dívida, é o efeito da inflação. Os dados do Boletim Focus mostram que há uma expectativa de queda na inflação até o fim do ano, o que pode contribuir para o aumento do poder de compra dos consumidores.
O economista da Fecomércio, Rafael Lima, destaca: “Os dados sobre inflação do boletim Focus do Banco Central do último mês trazem otimismo principalmente para as famílias de renda mais baixa, que é o grupo mais lesado com a inflação. A redução da taxa de inflação pode corresponder a um aumento de renda disponível, que ajuda no consumo e a quitar dívidas. Em contraponto, o alto desemprego em Pernambuco reflete principalmente nas famílias que não terão condições de pagar as dívidas contraídas, sendo enquadrados como inadimplentes”.
Entenda mais sobre a pesquisa
A PEIC é elaborada pela (CNC) e ganhou um recorte especial para o Estado de Pernambuco, feito pela Fecomércio-PE . A pesquisas considera que o endividamento das famílias se refere a contas ou despesas contraídas com cartão de crédito, cheques pré-datados, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóveis, prestações de carros e seguros. No levantamento, as estimativas também diferenciam dois grupos de renda: famílias com renda de até 10 salários mínimos e famílias com renda superior a esse patamar. O objetivo da pesquisa é diagnosticar o nível de endividamento e inadimplência do consumidor. Também são apurados o percentual de inadimplentes, a intenção de pagar dívidas em atraso e o nível de comprometimento da renda.
A pesquisa define, ainda, o potencial de inadimplência, que é a expectativa dos devedores não pagarem suas dívidas no mês subsequente ao levantamento. Já o atraso no pagamento (inadimplência) é o ato de não cumprir efetivamente os compromissos assumidos com o endividamento.
A pesquisa acompanha o nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua relação com a capacidade de pagamento, revelando informações importantes para a tomada de decisão dos empresários do comércio.
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