Desde a pandemia da covid-19, o preço dos produtos que o Brasil importa já vinham sofrendo aumento de preços. No entanto, em 2022, outro fator contribuiu ainda mais com este cenário de altas. O conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura dez meses, impactou diretamente no custo de importação de alguns itens da cesta de importações brasileiras, de acordo com análise feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“A pandemia já causou uma desorganização da cadeia global, e como era esperado, o conflito entre os dois países acirrou o impacto inflacionário, em razão do aumento de preços de importados importantes como petróleo, trigo e fertilizantes”, explica o superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, Renato da Fonseca.
A CNI listou 21 produtos dos quais os dois países ocupam espaço relevante como fornecedores para o comércio internacional: adubos potássicos, nitrogenados, amoníaco e outros; óleos brutos de petróleo; óleos e outros produtos de hulhas; hulhas; trigo e mistura; cevada; milho; semente de nabo; ferro (bruto); alumínio (bruto); níquel (bruto); platina; produtos semimanufaturados e laminados planos de ferro e aço; óleos de girassol, de cártamo ou de algodão; elementos e combustíveis para reatores nucleares; e madeira serrada ou cortada (superior a 6mm).
Estes produtos representam 15,2% das importações que o Brasil fez só no ano passado da Rússia e da Ucrânia. Agrupando todas as importações brasileiras, de todas as origens, esses 21 itens responderam por 11,1% do que foi importado pelo país em 2021. Se considerados apenas os países da América Latina que integram o G20, o Brasil foi o que registrou maior dependência no ano passado das importações vindas dos dois países. Já no período entre 2017 e 2021, o Brasil fica na quinta posição de importador de Rússia e Ucrânia em todo o G20, vindo após Turquia, União Europeia, China e Arábia Saudita.
Traduzindo em valores absolutos, o Brasil gastou no ano passado quase US$ 20 bilhões na importação destes 21 produtos. E sete desses produtos responderam por 91,0% desse montante: petróleo, hulhas, adubos potássicos, adubos nitrogenados, outros tipos de adubos, trigo e alumínio. E o agravante: os preços que o país pagou por estes sete produtos subiram 51%, em média, só no primeiro semestre de 2022. Um crescimento, segundo a CNI, muito superior ao aumento do preço médio das importações totais do Brasil, que foi de 18,4% no mesmo período.
O relatório da CNI destaca ainda que esses produtos comprados dos dois países em guerra são insumos de cadeias produtivas importantes para a economia brasileira e isso vem contribuindo significativamente para acelerar a inflação no país.
* com informações da CNI
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