A holding brasileira OnCorp vai implantar um sistema de geração híbrida que consorcia geração térmica, energia solar fotovoltaica e um sistema de armazenamento em grandes baterias (BESS) que será usado nas cidades de Amajari e Paracaima, em Roraima. As novas usinas começarão a ser construídas em agosto deste ano e desenham um novo cenário por trazerem soluções mais sustentáveis para uma parte do Brasil que não é atendida pelo Sistema Interligado Nacional (SIN): os sistemas isolados da Amazônia.
“O projeto de Roraima significa a concretização dos objetivos ESG do Grupo OnCorp, além de ratificar seu pioneirismo na implementação de projetos inovadores e quebrar paradigmas”, resume o diretor executivo da OnCorp, João Mattos. A quase totalidade dos sistemas isolados do Norte do País funciona, há muitas décadas, com a geração térmica alimentada por combustíveis fósseis, como o diesel.
As usinas híbridas terão uma capacidade instalada de gerar 10 megawatts (MW) e vão atender mais de 30 mil habitantes. O investimento nesta nova unidade é de R$ 54 milhões, dos quais 30% serão de capital próprio e o restante de funding. Na nova planta, também será possível armazenar o excedente de energia gerado pelo sistema solar fotovoltaico no BESS com tecnologia desenvolvida pelo pernambucano Grupo Moura.
“A nossa intenção é replicar o modelo híbrido em mais cinco localidades da Amazônia”, diz João Mattos. Serão construídas mais usinas híbridas para atender os cinco municípios no Estado do Amazonas. No ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou um leilão para escolher os fornecedores de energia para os sistemas isolados do Norte do País. A OnCorp foi a vencedora de dois dos cinco lotes: o 2 e o 5. O primeiro é formado pelas usinas que vão atender os dois municípios de Roraima e o segundo, as cinco cidades da Amazônia.
Pelos cálculos da empresa, deixarão de ser consumidos cerca de 6,7 milhões de litros de diesel nos cinco anos de concessão e operação da usina híbrida de Roraima. Isso significa que 18 mil toneladas de CO2 deixarão de ser emitidos na atmosfera. “É como se fossem plantadas 126 mil árvores. A Moura, como empresa ESG, lançou o BESS como um sistema de armazenamento que se alinha com as preocupações ambientais e contribui para um mundo melhor. E as baterias entram para eliminar a intermitência da energia renovável num sistema isolado”, explica o diretor-geral comercial de Baterias Industriais, BESS e Lítio, do Grupo Moura, Luiz Mello.
Para o leitor entender, uma nuvem pode provocar uma variação da energia produzida num sistema de geração solar fotovoltaico. Com o BESS, isso será suavizado e não vai interferir na qualidade da energia. Ainda na usina híbrida, serão utilizadas as baterias Carbonadas da Moura, específicas para esse tipo de aplicação. Todo o desenvolvimento do BESS ocorreu no centro de pesquisa e inovação da Moura, localizado em Belo Jardim, Agreste pernambucano. As baterias são 100% recicláveis e têm vida longa, durando mais de 10 anos.
Conceito ESG
“Desde 2019 estamos privilegiando projetos com a pegada ambiental dentro do conceito ESG”, comenta João Mattos. ESG significa implementar práticas que contribuam para o respeito ao meio ambiente com iniciativas mais sustentáveis, que também apresentem compromissos com as questões sociais e de boa governança.
Além de reduzir as emissões de carbono na atmosfera, as usinas híbridas também devem baratear o custo de geração de energia dos sistemas isolados, que é pago via encargos setoriais, como a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), por todos os brasileiros que consomem energia elétrica comprando de uma distribuidora. A CCC banca os combustíveis usados nos sistemas isolados, que não podem receber energia do SIN. “Este projeto será o início de uma redução da CCC que saiu de R$ 7,5 bilhões em 2020 para uma estimativa de R$12,2 bilhões em 2022. Isso vai ser bom para a conta de luz de todos os brasileiros”, comenta o gerente responsável pelo setor de armazenamento do Grupo Moura, Adalberto Moreira. Somente os sistemas isolados de Roraima correspondem a 10% dos custos da CCC, segundo números do Ministério de Minas e Energia (MME).
A atuação da OnCorp
Em atuação no Brasil desde 2001, a OnCorp está presente na área de geração térmica, no setor de gás natural e de produção de geradores a gás natural e diesel, entre outros. Uma das principais empresas do grupo é a Xavantes, que venceu o leilão para implantar os sistemas híbridos no Amazonas e Roraima, e que também é dona de uma térmica em Goiânia, capital de Goiás.
Em Pernambuco, a holding tem uma usina solar fotovoltaica de geração distribuída em Ribeirão, a 86 Km do Recife. Esta unidade tem a capacidade instalada para gerar 2,5 megawatt-pico (MWp) e fornece energia para 56 empresas que atuam em diferentes atividades econômicas.
A holding também planeja implantar um terminal de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Porto de Suape em parceria com a Shell. “A guerra entre a Rússia e a Ucrânia aumentou os desafios deste projeto, porque cresceram as demandas pelas embarcações do tipo FSRU, encarecendo o custo médio destes equipamentos que fazem a regaseificação. Vamos implantar o terminal e hoje temos duas opções de navios para a operação de regaseificação do GNL”, comenta João Mattos. O FSRU também armazena o GNL. O empreendimento deve aumentar a oferta de gás natural em Pernambuco e Estados próximos.
Pertencem ao grupo também a Go Power, que loca e opera soluções térmicas no Norte, a Epasa, uma térmica localizada em João Pessoa, e a CTAB, uma térmica instalada em Buenos Aires na Argentina. No ano passado, o faturamento do grupo no Brasil ficou em torno de R$ 600 milhões.
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