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Famílias pernambucanas: 80,8% têm dívidas, diz CNC

Somente 19,2% das famílias pernambucanas relataram não ter nenhum tipo de dívida no momento da pesquisa.
cartões de crédito
O endividamento das famílias pernambucanas foi o maior para um mês de maio desde 2010. Foto: Marcello Casal Jr /Agência Brasil

As dívidas das das famílias estão em alta. Em Pernambuco, 80,8% das famílias declararam estar endividadas, segundo informações da Pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Foi o maior percentual para o mês de maio registrado na série histórica iniciada em 2010. Até então, o maior tinha sido o de maio de 2021, que ficou em 80,1%. O endividamento faz as pessoas terem menos recursos disponíveis para o consumo. A redução do consumo contribui para um cenário de desaquecimento da economia, o que é ruim para toda a sociedade, pois, geralmente, quando a atividade econômica diminui o emprego e a renda das pessoas.

A PEIC é realizada mensalmente pela CNC com a finalidade de traçar um perfil do endividamento, acompanhando o nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua percepção em relação à sua capacidade de pagamento.

Entre abril e maio de 2022, Pernambuco registrou um recuo de 2 pontos no percentual de famílias que se declaram endividadas, saindo de 82,8% para 80,8%. Ainda com relação ao endividamento, 19,3% das famílias se disseram muito endividadas em maio; 34,3% se declararam moderadamente endividadas e 27,2% se declararam pouco endividadas, enquanto 19,2% relataram não ter nenhum tipo de dívida no momento da pesquisa.

O tempo médio de comprometimento com as dívidas, por outro lado, avançou de 7,3 meses em maio de 2021 para 7,7 em maio de 2022. Também com relação a maio de 2021, observa-se um aumento na parcela média da renda comprometida com as dívidas, que passou de 28,6% para 30,5%. Na comparação com o mês imediatamente anterior, os valores ficaram estáveis.

A proporção de famílias com dívidas em atraso, com cartões de crédito, cheque especial, empréstimos e financiamentos, também recuou em maio, tanto na comparação com o mesmo mês no ano anterior quanto na comparação com o mês de abril, ficando em 30,2%.

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Por outro lado, o tempo de atraso das contas a pagar em maio deste ano é maior que no mesmo mês do ano passado, tendo aumentado em média 5 dias (de 53 para 58 dias de atraso). Esse movimento continua refletindo o encarecimento do crédito e mesmo do refinanciamento das dívidas, em cenário de elevação frequente dos juros, sobretudo no cartão de crédito, que é o principal meio de fazer dívidas destas famílias.

O perigo do cartão de crédito e do cheque especial

Embora o cartão de crédito seja o vetor de endividamento mais citado pelas famílias, é importante destacar que a menção ao cartão de crédito vem desacelerando substancialmente. No período de um ano, comparando a maio de 2021, a proporção de famílias endividadas que citaram o cartão de crédito como um dos componentes caiu de 96,7% para 91,5%. O mesmo se aplica ao cheque especial, cuja menção caiu de 14,4% para 10,7%.

Tanto o cartão de crédito como o cheque especial são frequentemente acessados pelas famílias em períodos de dificuldade financeira. No entanto, eles apresentam as taxas mais elevadas no crédito livre, ultrapassando 300% ao ano no caso do rotativo do cartão e 100%, anualmente, no cheque especial. A tendência de queda em ambas as modalidades ocorre em um momento de aceleração da taxa básica de juros, que é uma referência para os ajustes do risco do crédito às pessoas físicas calculado pelas instituições financeiras. O perigo é a dívida se transformar em uma bola de neve e o consumidor continuar na inadimplência.

A pesquisa também mostra que modalidades como crédito pessoal e carnês ganham mais participação entre famílias, que buscam saldar os débitos de juros mais elevados, escapando desse modo do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial.

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