Suspensão do gás da Bolívia não vai impactar o fornecimento em Pernambuco

Mesmo com a Bolívia diminuindo em 30% o fornecimento de gás natural à Petrobras, ainda não há risco de desabastecimento, segundo dois executivos do setor.

O corte de 30% no fornecimento do gás boliviano à Petrobras não vai trazer consequências de imediato aos consumidores do gás natural no Estado, segundo o diretor técnico e comercial da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), Fabrício Bomtempo. “Isso não vai trazer efeito no preço, porque o contrato de fornecimento do gás com a Petrobras tem o preço fixo”, comenta. Ele explica que o impacto na correção deste preço ao consumidor final – que geralmente ocorre a cada três meses –  é puxado pelo preço do barril do petróleo no mercado internacional. Não há risco de desabastecimento, segundo dois executivos do setor.

Não há risco de desabastecimento de gás mesmo com o corte de 30% de fornecimento do gás boliviano à Petrobras
Os preços do gás natural em Pernambuco não devem subir com a diminuição de 30% do gás fornecido pela Bolívia à Petrobras /Foto: Cegás/Divulgação

“A Copergás está com os contratos de fornecimento assegurados até o final de 2023. E, as condições de preço que podem surgir por causa desse recuo, não afetam o suprimento de Pernambuco”, resume Fabrício. A Copergás tem três fornecedores de gás natural: a Petrobras, a Shell – em parceria com a On Corp -, e a New Fortress. E aí o preço praticado pela estatal pernambucana depende do quanto é cobrado pelos três parceiros.

- Publicidade -

Por exemplo, no último reajuste em 1º de maio, enquanto o aumento repassado pela Petrobras ficou em 19,22% para as distribuidoras; os pernambucanos tiveram um efeito médio de aumento de 14,92% de reajuste, variando de acordo com o tipo de cliente. Em fevereiro último, os preços da Copergás não foram reajustados por que o aumento de 15,92% cobrado pela Petrobras foi anulado pela redução do preço do produto fornecido pelos outros fornecedores da distribuidora pernambucana.  

Neste momento, a diminuição de 30% no fornecimento do gás boliviano pela estatal YPFB deve trazer um aumento do custo nas operações com gás na Petrobras que terá que importar mais gás. Tanto o gás natural como o barril de petróleo têm registrado altas nos seus preços por causa da guerra entre a Ucrânia e Rússia, tradicional produtora dos dois produtos. E isso pode influenciar no preço das distribuidoras estaduais de gás que estão, neste momento, fazendo novos contratos, de longo prazo, com a Petrobras. Geralmente, as distribuidoras estaduais têm um contrato de longo prazo que estabelece o fornecimento por alguns anos, fixando também uma correção periódica, de acordo com os valores do barril de petróleo e ou do gás natural no mercado internacional. As datas fixadas para estas correções são 1º de fevereiro, 1º de maio, 1º de agosto e 1º de novembro.

A estatal boliviana suspendeu o fornecimento de 30% do gás que entregaria a Petrobras, porque preferiu vender a Argentina que está pagando mais pelo produto. A Argentina gasta mais gás durante o inverno e a previsão é de que este fornecimento aos argentinos ocorra entre maio e setembro. Atualmente, o preço do GNL,no mercado internacional, está em alta por causa do conflito com a Ucrânia.

- Publicidade -

Ainda de acordo com executivos do setor, a estatal boliviana só pode cortar o que está previsto no contrato com a Petrobras. Pelo que se divulgou até esta segunda-feira (23), vão deixar de ser fornecidos a Petrobras cerca de 6 milhões de metros cúbicos diários que serão vendidos à Argentina.

A médio e longo prazos

O aumento de custos que a Petrobras terá por causa da diminuição do fornecimento do gás boliviano deve ser repassado para os clientes da Petrobras na equação do reajuste previsto para o dia 1º de agosto, segundo o diretor da On Corp, João Mattos. A On Corp e a Shell têm uma parceria para instalar um terminal de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Porto de Suape. “Isso é positivo para o futuro do terminal de regaseificação porque mostra que é importante ter várias fontes de fornecimento sem depender somente do pré-Sal, do gás da Bolívia etc”, explica. 

João argumenta também que a “molécula do gás natural ficou com o preço alto este ano por causa da guerra da Rússia com Ucrânia, mas estava com o preço baixo no ano passado e o anterior”.  Em 2021, o Brasil teve que comprar mais gás natural para ser usado nas termelétricas por causa da crise hídrica.

E, ainda bem que os reservatórios das principais hidrelétricas estão com um bom armazenamento de água este ano. Caso contrário, todos os brasileiros iriam pagar indiretamente pela alta do gás no preço da conta de luz para bancar o funcionamento das térmicas que produzem energia (quando há pouca água disponível nos reservatórios das hidrelétricas).

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -