Se tem festa, tem público. Nesta época do ano, começa a crescer a movimentação de pessoas para o interior do Nordeste. Em busca de frio, festas, espetáculos, férias e ecoturismo, polos como Garanhuns, Triunfo e Gravatá (PE) ou Campina Grande (PB) atraem milhares de pessoas ao longo dos meses de abril a julho.
Em Pernambuco, a aproximação da Semana Santa serve de termômetro para a movimentação que pode acontecer também no São João. O estado tem o mais famoso espetáculo da Paixão de Cristo, que acontece em Fazenda Nova com uma megaprodução artística. A expectativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PE) é que a ocupação hoteleira chegue a 90% no período.
“Gravatá e Caruaru já estão com 90% dos quartos reservados para a Semana Santa e tende a aumentar”, revela o presidente da ABIH-PE, Eduardo Cavalcanti, destacando que não haverá reajuste dos valores das diárias para compensar o tempo de baixa procura.
Ele acha que a Semana Santa e o São João vão trazer aos hotéis do interior um resultado superior ao que o período de Carnaval promoveu nos hotéis do litoral, que, mesmo com as restrições, teve uma ocupação em torno de 90% .
Litoral na Semana Santa
Ainda segundo Cavalcanti, embora as cidades do Agreste e Sertão pernambucano sejam os destinos mais procurados tanto na Semana Santa, quanto no São João, a expectativa dos hotéis localizados no litoral pernambucano também é bem positiva.
Segundo o presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, há uma demanda represada, em especial nas cidades com grandes atrativos para o período, como Caruaru, Gravatá, Triunfo e Garanhuns. “Esse movimento não fomenta apenas o turismo na parte da hotelaria, mas todas as 57 cadeias produtivas que o setor agrega”, ressalta o presidente da Fecomércio-PE.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurante em Pernambuco (Abrasel-PE), Antônio Sousa, tem a mesma percepção. Para ele, o impacto para o setor de alimentação fora do lar deverá ser intenso, seja no interior ou na capital.
“O turismo será fortemente alavancado pelas festividades e isto reflete em todo o trade, com destaque para as cidades do interior que chegam a ter diversas operações de alimentação temporárias, que são exclusivas deste período de São João e Semana Santana”, diz Sousa.
Para Tatiana Marques, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos de Pernambuco (Abeoc-PE), a retomada das festas juninas, que no Nordeste se estendem por cerca de 30 dias, traz oportunidade de recuperação econômica.
“É uma oportunidade muito importante que abrange do mais famoso artista ao pequeno. Porque a festa junina não se restringe apenas aos grandes parques de eventos, mas aos pequenos condomínios – que realizam suas próprias festas e contratam pequenos artistas locais, como sanfoneiros, técnico de som. Enfim, é uma oportunidade de trabalho para esses artistas que ficaram por mais de dois anos sem ter como trabalhar e sobrevivendo de ajuda”, comenta Marques.
No estado do Ceará, o vice-presidente da Abeoc-CE, Rafael Bezerra, diz que a realização das festas juninas se soma à retomada dos carnavais fora de época, programados para ocorrer no estado como forma de dar fôlego à economia local.
“Além dos eventos festivos, percebo um aumento muito grande nos eventos sociais, como casamentos, festas de aniversário e corporativos. Já não estamos encontrando datas disponíveis para eventos corporativos no Ceará, inclusive nos hotéis; o que mostra que os clientes estão procurando compensar o tempo perdido”, analisa Bezerra.
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