Nova fronteira vitivinícola surge em Pernambuco

Depois de consolidar a produção de vinhos e espumantes no Vale do São Francisco, no Sertão, estado agora vê os investimentos chegarem ao município de Garanhuns, no Agreste Por Patrícia Raposo A região do Vale do São Francisco deve receber nos próximos meses  a primeira indicação de procedência de vinhos tropicais do mundo. O pedido, […]

Depois de consolidar a produção de vinhos e espumantes no Vale do São Francisco, no Sertão, estado agora vê os investimentos chegarem ao município de Garanhuns, no Agreste

Por Patrícia Raposo

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A região do Vale do São Francisco deve receber nos próximos meses  a primeira indicação de procedência de vinhos tropicais do mundo. O pedido, feito pelo Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (VINHOVASF) aguarda apenas publicação pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A certificação elevará substancialmente o patamar do vinho produzido às margens do rio homônimo, tanto em Pernambuco, quanto na Bahia.

Vinícola Vale das Colinas: a pioneira em Garanhuns/Foto: divulgação

Mas, é o estado pernambucano que tem se destacado mais no cenário do vinho nordestino. Não só porque a maioria das vinícolas do vale está em seu território, mas porque Pernambuco vem ampliando sua área de cultivo para outras regiões. De dois anos para cá vem se consolidando uma nova fronteira vitivinícola, desta vez, no Agreste.

Assim como o Vale do São Francisco, o município de Garanhuns, onde se concentram os novos investimentos, está situado no Paralelo 8. Mas suas as características geológicas e climáticas são bem diferentes. Se às margens do Rio São Francisco, graça à baixa frequência de chuvas, é possível colher duas safras por ano com ajuda da irrigação, no Agreste, a mais de 800 metros de altitude, as condições estão mais próximas da região Sul do Brasil.

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Vinho Dona Elisa, uma dos três rótulos è venda na vinícola Vale das Colinas/foto: Divulgação

Quem desbravou esta região foi a vinícola Vale das Colinas, implantada em 2017. Após vários anos de pesquisa sobre varietais feitas em parceria com Embrapa e Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE), seus gestores chegaram às uvas ideias. Uma segunda vinícola veio mais recentemente, a Vinícola Mello.

A Vale das Colinas já está na terceira colheita, mas sua produção ainda é pequena, cerca de 4 mil garrafas, e por isso, o vinho, atualmente, só é vendido na fazenda. “Somos uma vinícola butique e nosso vinho integra um projeto maior, que é o do enoturismo”, explica o fundador Michel Moreira.

Hoje, a Vale das Colinas tem 5,5 hectares cultivados e até o fim do ano expande para 15, com meta de alcançar os 25 hectares totais quando o projeto estiver completamente implantado.

Na fazenda, Michel e a esposa Micheline Cavalcanti, cultivam uvas de variedades como Merlot, Chardonnay, Malbec, Cabernet Sauvignon, Riesling, Lurvedri, entre outras.

Já na Vinícola Mello, o processo ainda está na fase inicial de plantio. Ali, várias uvas também estão sendo testadas: Malbec, Alvarinho, Pinot Noir, Syrah, Malvasia di Cândia, Marselan, entrou outras.

Vinícola Mello testa cepas de Malbec/Foto: Divulgação

Paralelo 8

“Estamos abrindo caminho para um novo tipo de vinho, bem diferente do que é feito no Vale do São Francisco. Também nos encontramos no Paralelo 8, como o Vale, mas a altitude nos traz amplitude térmica. Temos dias quentes e noites frias e esse processo retarda o amadurecimento da uva, que ganha características de regiões de clima temperado”, explica Michel.

A sua meta é produzir sete toneladas de uvas por hectares e gerar um vinho tinto de ponta. As primeiras safras foram pequenas, mas a partir de junho, começa a terceira colheita com expectativa de maior produção, o que pode possibilitar as vendas em lojas especializadas.

Atualmente, a fazenda Vale das Colinas produz dois rótulos tintos o Dona Elisa (Malbec) e Cabana do Vale (Cabernet Sauvignon), e um branco, o Dona Cecília (Muscat Petit Grain).

Opinião da ABS-PE

“Garanhuns tem grande potencial para o vinho e tende a se consolidar como região produtora”, opina Agostinho Lopes, diretor da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-PE), para quem a fase do preconceito com o vinho nordestino já foi superada.

Ele recorda grandes investimentos na região do São Francisco atestam isso. Ali empresas como a paranaense Campo Largo e a gaúcha Hugo Pietro, maiores empresas produtoras de suco de uva e vinho de mesa do país, estão fazendo investimentos. A Miolo é outra que está na região já há um bom tempo, só que na margem baiana do rio.

“Além disso, o Brasil hoje diversificou sua área de cultivo e encontramos fazendas produtoras não só aqui, mas na serra paranaense, no interior de São Paulo e em Minas Gerais”, recorda o diretor da ABS.

Vinho sertanejo da Miolo: premiação internacional

Ele cita alguns vinhos de destaque, produzidos no Vale, como Testardi, da Miolo, que é 100% Syrah e foi premiado internacionalmente. A Syrah, aliás, é uma uva que se deu muito bem no Vale do São Francisco. “Testardi é um grande vinho de guarda”, destaca. Outro rótulo que Agostinho ressalta é o espumante Tradition, da vinícola Rio Sol, produzido pelo método tradicional com as castas Bical, Maria Gomes (também conhecida como Fernão Pires) e Arinto.

O Vale aliás, é grande produtor de espumante. Cerca de 70% do que é engarrafado ali tem borbulhas. E agora, é a região do Agreste que começa a explorar essa variedade de bebida.

“Um de nossos projetos de pesquisa em curso no Vale das Colinas envolve o cultivo de chardonnay e de sauvignon blanc. “Em dois anos vamos lançar nosso espumante, que será produzido pelo método champenoise”, promete Michel.

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