Endividamento em Pernambuco atinge 83% em março

Esse é o 3º maior percentual registrado na série histórica da PEIC, atrás apenas dos 92,5% e dos 87% observados em setembro e agosto de 2010. No Brasil, endividamento foi de 77,7% em março

Por Juliana Albuquerque

O percentual de endividamento da família pernambucana segue em ritmo acelerado e com percentuais acima do nacional, que em março chegou a 77,7%, o maior patamar da história da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada desde 2010 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No estado, 83% das famílias estão endividadas, o terceiro maior percentual registrado na série histórica da PEIC, ficando atrás apenas dos 92,5% e dos 87% observados em setembro e agosto de 2010, respectivamente.

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Economista fecomércio-PE
Economista da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva. Foto: Maker Mídia

“Atualmente, os dois principais fatores para esse quadro de endividamento no estado são a taxa de desemprego elevada e a queda no rendimento médio do trabalho, ao longo de 2021, que reduziu 12% entre o primeiro e o último trimestre, segundo o IBGE. Existiu, sim, uma retomada do mercado de trabalho formal em 2021, mas com uma recolocação profissional ocorrendo no setor de serviços (maior empregador), com níveis salariais mais baixos e afetados por uma inflação elevada”, explica o economista da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva.

Nessa conjuntura, de acordo com o economista, as famílias tendem a recorrer ao crédito livre, especialmente os cartões de crédito, citado por 94,4% dos pernambucanos como principal fonte da dívida no mês, proporção muito acima dos 26,8% que lembram a presença dos carnês e dos 11,2% que mencionam o cheque especial.

“Chegamos ao mês de abril e, além dos aumentos que já viemos acompanhando nos últimos dois trimestres, em alimentação, energia e combustíveis, teremos agora o reajuste no preço de medicamentos. Alimentos e, em alguns casos, os medicamentos, são itens indispensáveis e de necessidade contínua. Como a elevação contínua e forte dos preços tem ocorrido acima de meio ponto percentual, para permanecer consumindo algumas famílias chegam parcelar as compras, mas já no mês seguinte isso pode virar uma bola de neve, caso a situação financeira doméstica não se equilibre”, avalia o economista.

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cartões de crédito
Cartão de Crédito é vetor de 94,4% do endividamento dos pernambucanos em março. Foto: Marcello Casal Jr – Agência Brasil

Incapacidade de pagamento e inadimplência dos pernambucanos

O percentual de famílias com contas em atraso também é o maior para o mês de março na série histórica em Pernambuco, tendo alcançado 33,3% em março. Anteriormente, a marca histórica para o mês havia ocorrido em 2020, com 31,0%.

Já o percentual de famílias sem condições de pagar as contas em atraso ficou estagnado em 17,3% em março. Desde dezembro o indicador se encontra nesse patamar, que também é o maior já registrado para o mês atual.

“Embora o percentual de famílias sem condições de pagar as contas em atraso se mantenha instável nos últimos quatro meses, o percentual total de famílias com contas atrasadas ainda está em elevação. Considerando que o cartão de crédito é o principal vetor do endividamento (citado por 94%) e que os juros sobre o saldo rotativo chegam a 346% ao ano, é possível que esses indicadores permaneçam altos nos próximos meses”, prevê o economista da Fecomércio.


Leia também: Endividamento de famílias atinge nível recorde em março, diz CNC

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