Pacote de R$ 160 bi é paliativo, dizem economistas

O pacote de bondades assinado pelo presidente Jair Bolsonaro tem como objetivo dinamizar o consumo, um dos principais pilares da economia nacional

O pacote de pouco mais de R$ 160 bilhões anunciado ontem pelo governo federal para dar fôlego ao bolso dos brasileiros e reaquecer a economia foi interpretado como uma medida anticíclica, de caráter eleitoral e paliativa, e que tende a gerar pressão inflacionária.

Para os economistas da Ceplan Consultoria ouvidos pelo Movimento Econômico, medida é exclusiva para estimular consumo e pega muita gente endividada.

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“Não há dinheiro novo, só o credito. E deve servir para trocar dívida”, diz Paulo Guimarães, economista e sócio na Ceplan e colunista da Análise Ceplan.

O pacote, batizado de “Programa Renda e Oportunidade” inclui a autorização para que beneficiários do Auxílio-Brasil e do BPC , o Benefício de Prestação Continuada, contraiam crédito consignado junto às financeiras, com desconto em folha. Prevê ainda a liberação do 13º salário para aposentados e pensionistas, saque do FGTS e facilidade no acesso ao crédito para micro e pequenas empresas instaladas no país.

O pacote de bondades assinado pelo presidente Jair Bolsonaro tem como objetivo dinamizar o consumo, um dos principais pilares da economia nacional. Um exemplo é a liberação de saque de até R$1 mil do saldo do FGTS, medida semelhante a tomada durante o governo do presidente Michel Temer e que dessa vez deve atingir 40 milhões de pessoas e injetar R$ 30 bilhões na economia.

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“Obviamente que todas essas ações têm caráter é eleitoral, mas há também a intenção de estimular a economia, sobretudo pelo aumento do consumo das famílias, que representa 62%do PIB. É uma medida que vai ter um impacto na soma do PIB, mas nada muito expressivo”, avalia Jorge Jatobá, sócio-diretor da Ceplan Consultoria e colunista do Movimento Econômico.

Ele entende que a liberação de recursos deve gerar um efeito positivo, mas não resolver os gargalos atuais. “Essa é uma tática muito usada por governos para impulsionar a renda, principalmente para a população que não tem emprego formal. É, de fato, um estímulo econômico, mas uma medida anticíclica, que vai gerar um efeito positivo e uma pressão inflacionária, sobretudo em alimentos, já que a procura por insumos básicos deve aumentar consideravelmente”, explica Jatobá.

“O valor do crédito por pessoa, que varia no Auxilio Brasil e BCP, não deve superar R$ 500,00 por pessoa, e obviamente vai levar essa pessoa a pagar dívida e consumir alimentos”, analisa Jatobá.

Pacote e desaceleração

Para Paulo Guimaraes, as medidas chegam em um momento de desaceleração da atividade econômica e não vão na raiz do problema. “É um pacote que não impacta nos investimentos, que também são essenciais para a recuperação da economia. Obviamente que terá um impacto a curto prazo, visto que é uma injeção de recursos razoável, mas não apostaria em algo tão grande”, destaca.

As ações de estímulo à economia passam a valer por meio de três medidas provisórias e um decreto assinados pelo presidente. Apesar da empolgação do governo, o próprio Ministério da Economia reduziu a previsão do crescimento do PIB para 1,5% neste ano. Mesmo assim, o valor ainda está acima do que esperava o mercado.

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