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José Gomes da Costa: BNB terá papel ativo na recuperação da economia em 2022

Funcionário de carreira do Banco do Nordeste (BNB), o economista pernambucano José Gomes da Costa assumiu a presidência no início de 2022, ano em que espera uma aceleração na retomada da economia
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

Presidente do BNB diz que a prioridade é a agricultura familiar e as micro e pequenas empresas – FOTO: Fernando Cavalcante

Funcionário de carreira do Banco do Nordeste (BNB), o economista pernambucano José Gomes da Costa assumiu a presidência no início de 2022, ano em que espera uma aceleração na retomada da economia. Com uma carteira de 5 milhões de clientes, o BNB conta com o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), administrado pela Sudene, para manter juros baixos para micro e pequenos empreendedores, da cidade e do campo. Pelo programa Crediamigo, em 2021, o banco aplicou R$12,7 bilhões em financiamentos no Nordeste e parte de Minas Gerais e do Espírito Santo, suas áreas de atuação. Nesta entrevista a Etiene Ramos, José Gomes se revela resiliente com a inflação e os juros altos, adotando a interpretação do mercado financeiro para o momento: ele é passageiro, é circunstancial.

Estamos em mais um ano desafiador, 2022 começa com aceleração da pandemia e crise econômica. Qual sua expectativa e planos para o BNB neste ano?

O Brasil, em especial o Nordeste, deve ter uma aceleração na retomada das atividades econômicas em 2022. Os setores que sofreram com os efeitos da pandemia da covid-19 e começaram a se reerguer devem, este ano, registrar ainda mais atividades. Um exemplo é o agronegócio, que no ano passado apresentou queda e este ano deve ajudar a puxar o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) com crescimento de até 5%, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O BNB terá papel ativo nessa recuperação com suporte de crédito, como fez em 2021 aplicando R$41,9 bilhões. Queremos avançar esse ano oferecendo suporte à economia para que ela melhore a vida da população.

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A alta da Selic está elevando o custo da dívida nas empresas. Como o BNB observa este cenário?

Por conta da pandemia, a gente chegou a ter uma taxa Selic muito baixa – inclusive menor que a inflação. Então estava com juro negativo. Era esperado um aumento da Selic. Esse aumento, por sua vez, tem sido maior porque a inflação aumentou. Em 2021 foi de 10%. Esse ano se fala em 5% ou 5,5%. Metade do ano passado. Mas esses dois aspectos encarecem as dívidas das empresas. Tanto o juro maior quanto a inflação maior. Isso acaba sendo uma dificuldade para quem está procurando crédito. Contudo, o BNB está seguindo o que o mercado está interpretando desse momento: ele é passageiro, é circunstancial. Friso que nossas taxas de juros, especialmente em operações do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), nosso principal funding, se mantêm como as mais baixas do mercado.

Sabemos da importância do BNB para o Nordeste. Com seus 38 anos de instituição e conhecimento da região, quais setores e segmentos merecem atenção especial do banco em virtude do seu potencial?

Por sermos um banco de desenvolvimento, o BNB tem uma preocupação que outros bancos, principalmente do setor privado, não têm. Temos alguns segmentos que são estratégicos, inclusive para a política regional. Primeiro é o setor rural, principalmente a agricultura familiar e o pequeno produtor rural – um segmento historicamente importante para o banco e que continua sendo. Outro são as micro e pequenas empresas e os empreendedores individuais, que têm grande dificuldade de captar recursos no mercado. Muitas vezes quando há recursos, a taxa de juros cara inviabiliza a captação. Esses são segmentos prioritários do Banco do Nordeste para atender sua vocação de trazer crédito para, principalmente, os que mais necessitam. É uma questão mesmo de endereçar para uma falha de mercado. Algum segmento que não tem acesso ao crédito.

José Gomes da Costa, o BNB vem acompanhando áreas carentes ou que despontam diante das mudanças na economia?

O banco também exerce uma função indutora, com alguns pontos que são fundamentais. Um é a infraestrutura. Principalmente aquela alinhada à agenda dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Na carteira do banco temos grandes investimentos na área de energias renováveis. A mudança regulatória do marco do saneamento, um tema fundamental para o Nordeste, permite uma participação cada vez maior na infraestrutura sustentável. Ainda há setores que são muito importantes para a região e tiveram maior exposição aos riscos da pandemia, como o turismo, que emprega muita gente. Toda a cadeia do turismo é bastante importante para o banco. Temos olhado, principalmente, estudos do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), com o maior cuidado.

O microcrédito tem sido fundamental para a economia nordestina, especialmente em momentos de crise como a provocada pela pandemia. Como está a atuação do banco nesta modalidade de crédito?

O Banco do Nordeste opera o maior programa de microcrédito da América Latina. Em 2021, o Crediamigo aplicou R$ 12,7 bilhões na área de atuação do BNB, que são os estados do Nordeste e parte dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo. Atualmente, o programa possui carteira com mais de 2,4 milhões de clientes ativos. Durante a pandemia, o Crediamigo teve um papel importante, atuando fortemente na manutenção de pequenos negócios da região. No ano passado, o microcrédito urbano do BNB cresceu 7,6% em relação a 2021 e conseguiu incluir 475 mil novos clientes.

Em sua avaliação, qual é o diferencial do Crediamigo?

O diferencial do Crediamigo é o atendimento personalizado. Isso quer dizer que o Banco libera o recurso e orienta os empreendedores em seus negócios para que cresçam de forma sustentável. Além disso, o trabalho dos agentes Crediamigo, as novas ferramentas de contato e a presença do programa em todos os municípios em que o Banco atua aumentam a qualidade da experiência do cliente

A pandemia nos levou a um rápido e intenso mergulho no universo digital. O que o BNB está preparando para este novo momento de relacionamento com seus clientes?

A pandemia acelerou a mudança estrutural do setor bancário, do setor financeiro. O BNB acompanhou esse movimento, especialmente no que diz respeito ao atendimento online, o que inclui uso de novas tecnologias, aprimoramento em nossos aplicativos e avanços em soluções de internet banking.

O banco poderá fazer parcerias com instituições representativas dos pequenos empreendedores para fomentar o desenvolvimento e a formalização dos pequenos negócios?

O Banco do Nordeste é um grande parceiro de diversas instituições dentro e fora do país. Acreditamos na troca de experiênciaS e no trabalho conjunto para transformar a realidade econômica e social da região. As nossas ações são orientadas por análises técnicas e, portanto, sempre buscamos firmar parcerias para termos maior assertividade. Para cada área de atuação, buscamos as melhores referências. É possível citar o exemplo dos micro e pequenos empresários, um dos segmentos apoiadoS pelo BNB. Como oferecemos crédito orientado já assinamos acordo de cooperação técnica com o Sebrae com o objetivo de fortalecer esses empreendimentos no Nordeste e norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Assim como sempre estamos disponíveis para firmar parcerias com instituições que tenham os mesmos objetivos do banco, que é desenvolver e apoiar a economia da região.


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