Apesar desse recuo, Pernambuco é, pelo segundo ano consecutivo, o terceiro estado brasileiro com maior percentual de pessoas vivendo em pobreza extrema, empatado com Alagoas e atrás apenas do Maranhão e do Amazonas
Mesmo com a pandemia de Covid-19, Pernambuco registrou queda no nível de extrema pobreza em 2020. Os números são da Síntese de Indicadores Sociais 2021 (SIS), divulgada nesta sexta-feira (3) pelo IBGE. No ano passado, o estado tinha pouco mais de 1,1 milhão de pessoas, ou 11,8% da população, com renda mensal domiciliar per capita inferior a R$ 155 (US$ 1,9 por dia), critério adotado pelo Banco Mundial para identificar a condição de extrema pobreza. Este percentual é 1,8 ponto percentual inferior ao apresentado em 2019, quando os extremamente pobres eram 13,6% da população, ou mais de 1,2 milhão de pessoas.
Apesar desse recuo, Pernambuco é, pelo segundo ano consecutivo, o terceiro estado brasileiro com maior percentual de pessoas vivendo em pobreza extrema, empatado com Alagoas e atrás apenas do Maranhão e do Amazonas. O índice pernambucano é mais que o dobro da média nacional, de 5,7%. O Recife, por sua vez, também apresentou redução: cerca de 91 mil pessoas, ou 5,5% da população da capital, viviam abaixo da linha de extrema pobreza em 2020, contra 7% em 2019, ou aproximadamente 115 mil habitantes.
Pela primeira vez, o IBGE avaliou o impacto dos programas sociais na incidência de pobreza e extrema pobreza. Se esses mecanismos não existissem, 25,4% da população pernambucana estaria abaixo da linha de extrema pobreza em 2020, praticamente o dobro em relação aos resultados alcançados no ano. O resultado mostra o impacto de benefícios como o auxílio emergencial no rendimento dos pernambucanos, reduzindo o número de pessoas extremamente pobres em 2020.
A SIS demonstra ainda que o índice de pessoas pobres em Pernambuco também caiu, passando de 43,5% em 2019 para 42,2% em 2020. Isso significa que pouco mais de quatro em cada dez pernambucanos vive com menos de R$ 450 por mês, ou US$ 5,5 por dia, de acordo com o mesmo critério do Banco Mundial. Ainda assim, o resultado supera por larga margem a média nacional, de 24,1% da população abaixo da linha de pobreza. Se não houvesse programas sociais, o estado teria 52,4% de pessoas pobres.
Desigualidade na distribuição de renda diminui tanto em Pernambuco quanto no Recife
Em 2020, o rendimento médio domiciliar per capita da população pernambucana foi de R$ 882, menos do que os R$ 953 de 2019. O valor também está abaixo da média nordestina (R$ 891) e da média nacional (R$ 1349). Os homens pernambucanos têm um rendimento de R$ 899, ligeiramente superior ao das mulheres, que foi de R$ 866. Já a população branca recebe um montante de R$ 1.265, contra R$ 747 dos pretos e R$ 723 dos pardos. Além disso, no ano passado, 78,1% da população pernambucana, mais de três quartos do total, tinha rendimento médio domiciliar per capita de até um salário mínimo.
A desigualdade na distribuição de renda é medida pelo índice de Gini, dado que também faz parte da Síntese de Indicadores Sociais. Em 2020, Pernambuco passou do terceiro para o sexto estado com maior concentração de renda do Brasil, com 0,536, atrás do Distrito Federal (0,548), Rio de Janeiro (0,548), Ceará (0,544), Roraima (0,540) e Bahia (0,537).
O Recife, por sua vez, deixou de ser a capital mais desigual do país em 2020 ao registrar 0,574 no índice de Gini, sendo superada por Salvador (0,590), São Paulo (0,588), Cuiabá (0,587) e João Pessoa (0,578). Quanto mais perto de 1, mais a renda é concentrada nas mãos de poucas pessoas. O índice de Gini do Brasil é de 0,524, inferior aos índices tanto de Pernambuco quanto do Recife.
Pretos e pardos, jovens e mulheres foram os que mais sofreram com o desemprego em 2020
De acordo com a pesquisa, a taxa de desocupação em Pernambuco aumentou em 2020, chegando a 17,1% frente a 15,2% em 2019. Em números absolutos, 649 mil pessoas procuraram emprego em algum momento do ano passado e não encontraram. No recorte por sexo, a desocupação entre as mulheres foi ainda maior, alcançando 19,9% no período, enquanto, para os homens, o índice era de 15%. Por cor ou raça, a taxa de desocupação entre os brancos foi de 12,4%. Entre os pretos e pardos, o percentual aumenta para 17,2%.
A SIS também mostra o quanto os jovens sofreram com o desemprego no estado em 2020: a taxa de desocupação foi de 28,9% entre a população de 14 a 29 anos, contra 13,3% para a faixa de 30 a 49 anos e 8,7% para os trabalhadores de 50 anos ou mais.
O tempo de procura de trabalho para a população desocupada foi outro fator mensurado no levantamento. Em 2020, 56,4% desses trabalhadores procuravam ocupação há menos de um ano, 13,7% entre um ano e dois anos e a maior parte, 29,8%, há dois anos ou mais. O percentual de pessoas que procuravam se recolocar no mercado de trabalho há menos de um ano era menor em 2019: 46%. Isso mostra a aceleração na perda de postos de trabalho causada desde o início da pandemia.
Entre os 3 milhões e 154 mil trabalhadores que conseguiram se manter ocupados, a taxa de informalidade foi de 48,6%. Não houve diferença significativa entre homens (49%) e mulheres (48%) que trabalham sem carteira assinada, mas a situação muda no recorte por cor ou raça: enquanto 43% dos trabalhadores brancos estão na informalidade, o percentual sobe para 50,9% entre pretos e pardos.
Fonte: IBGE