quinta-feira, 18/04/2024

Revisão do PIB para 2022 reflete insegurança do mercado

Etiene Ramos A onda de revisões do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país para menos de 1% em 2022, que circula desde ontem, dá sinais do nível de insegurança dos agentes econômicos e financeiros com a inflação e a instabilidade política. A previsão do Itaú-Unibanco caiu de 1,5% para 0,5%, mesma projeção que […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

Etiene Ramos

A onda de revisões do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país para menos de 1% em 2022, que circula desde ontem, dá sinais do nível de insegurança dos agentes econômicos e financeiros com a inflação e a instabilidade política. A previsão do Itaú-Unibanco caiu de 1,5% para 0,5%, mesma projeção que o Banco Fator fez no início do mês. Já a MB Associados alterou sua previsão de aumento de 1,4% no PIB do ano que vem para 0,4%, enquanto a do J.P. Morgan saiu de 1,5% para 0,9%.

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Valdeci Monteiro aponta inflação entre as causas da insegurança/Foto: cortesia

Para o economista Valdeci Monteiro, da Ceplan Consultoria, a sinalização de baixa em 2022 vinha acontecendo e foi acelerada esta semana como rescaldo das manifestações políticas promovidas pelo presidente Bolsonaro no último 7 de setembro. Mesmo com o seu recuo político  a fim de equilibrar a tensão entre os poderes da República, a economia, que é movida por previsões, confiança e incertezas, segundo Monteiro, está reticente. 

A inflação que vem se afastando da meta do Banco Central para este ano e está prestes a chegar aos dois dígitos em setembro, no acumulado de 12 meses, obriga o mercado a rever as expectativas. “Nas últimas semanas, o que vem mais pesando é a inflação e as contas públicas. O governo sinalizava que iria conter os gastos, mas eles já estão quase batendo no teto”, justifica o economista, lembrando que as previsões para o próximo ano vêm caindo apesar da melhora do PIB no primeiro semestre de 2021. Isso porque o crescimento de 6,4% entre janeiro e junho foi em cima da baixa base de 2020, e perdeu o embalo caindo -0,1% no segundo trimestre deste ano – a primeira baixa depois de três trimestres seguidos de alta.

Para Valdeci Monteiro, a recuperação da economia brasileira, que vinha em crise desde 2015, ficou ainda mais difícil depois da pandemia da covid-19. Do lado do consumo, enfrenta queda ou falta de renda dos 14,4 milhões de desempregados; do lado da oferta, o aumento dos combustíveis que tem um efeito multiplicador, ampliando os custos de frete das empresas e encarecendo ainda mais os produtos. 

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O aumento da taxa Selic pelo Banco Central e a alta do dólar, que deve se manter no mesmo patamar em 2021, conforme as previsões, complicam ainda mais o cenário. “Não estourou a bolha, mas o sinal amarelo está aceso. Ter Inflação é normal no mercado, mas quando ela passa a ser persistente pode descontrolar. Temos um descompasso de oferta e demanda, existe o produto mas não se tem renda para comprar. Há indícios fortes de tendência de elevação da inflação”, analisa Valdeci Monteiro.

O momento, segundo ele, requer, mais do que nunca, uma iniciativa de suporte às empresas por parte do governo federal, garantindo uma política de compras junto aos pequenos e fortalecendo cadeias econômicas onde atuam as grandes corporações. “Estamos vendo muitas empresas fechando porque não aguentaram a crise. Essa é a hora do governo vir com uma política estruturada”, sugere.

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