Enquanto a pobreza cresceu em 24, das 27 unidades da federação, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 0,4 ponto de julho para agosto
Da Redação com agências
Num cenário de aumento da pobreza de forma generalizada no país por causa da pandemia, principalmente no Nordeste e nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 0,4 ponto de julho para agosto deste ano. Esta foi a primeira queda, depois de quatro altas consecutivas do indicador, que atingiu 81,8 pontos, em uma escala de zero a 200.
O recuo foi puxado por subindicadores, como o índice da Situação Atual, que mede a confiança do consumidor brasileiro no presente. Ele cedeu 1,1 ponto. A satisfação com a situação atual das finanças familiares também caiu 2,8 pontos. Já o subindicador que mede a confiança no futuro, ficou praticamente estável, ao variar 0,1 ponto.
A pesquisadora da FGV Viviane Seda Bittencourt disse que “há maior dificuldade entre os consumidores de menor poder aquisitivo, que enfrentam uma combinação de desemprego e inflação elevados e de crescimento do endividamento nos últimos meses”.
Mas, os consumidores de maior poder aquisitivo também estão com a confiança abalada. Ela tem oscilado e registrou recuo em agosto, possivelmente em função do aumento da incerteza em relação à pandemia com o avanço da variante Delta no país.
Pobreza
Esse pessimismo ganha destaque em meio a divulgação de um outro estudo do economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), que mostrou que o percentual da população pobre aumentou em 24 das 27 unidades da federação brasileira entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro de 2021.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o pesquisador disse que ainda que tenha havido alguma expectativa de melhora mais recente, por causa da retomada do pagamento do auxílio emergencial a partir de abril e do início de reação do mercado de trabalho informal, a expectativa entre economistas é que os níveis de pobreza se mantenham acima do verificado antes da covid-19.
Segundo o estudo, atualmente, todos os estados do Nordeste têm índice de pobreza acima de 40%, com destaque para o Maranhão, onde o índice atinge 54,9% da população. E mesmo o Rio Grande do Norte, que tinha índice de pobreza de 37,2%, hoje detém 40,7% de sua população nessa situação.
Depois do Maranhã, Alagoas é o estado com maior percentual de pobres, saltou de 46,6% para 47,5% no período pesquisado. Sergipe e Piauí vêm sem seguida com taxas na casa dos 46%. Pernambuco e Paraíba têm índices em torno de 45%, e, por fim, Ceará e Bahia empatados com 44,3% de sua população em situação de pobreza.
Em São Paulo, por exemplo, a parcela de população pobre subiu de 13,8% em 2019 para 19,7% em 2021. No Rio de Janeiro, ultrapassou um quinto da população, passando de 16,9% para 23,8%