Da redação
Num cenário marcado por três elevações consecutivas da taxa de juros pelo Banco Central e tendência de alta até o final do ano, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco – um dos pais do Plano Real – saiu em defesa da política monetária do BC para conter o repique inflacionário gerado pela pandemia da covid-19.
“[A elevação] é a única solução. Não tem outra. Precisa ser vista no contexto do regime de metas inflacionárias que já estabeleceu uma mecânica de consenso, de formação de expectativas, que se alimenta de uma fórmula mais ou menos conhecida e esperada de política monetária”, afirmou o economista, durante evento digital promovido pelo escritório Recife do Instituto de Formação de Líderes (IFL Brasil), com apoio do grupo Atitude Pernambuco.
Gustavo Franco, hoje à frente da gestora de investimentos Rio Bravo, fala com a autoridade de quem participou diretamente da estabilização da economia brasileira em 1994 e como autor de um livro recém-lançado – “A Moeda e a Lei” – sobre a história da moeda e da inflação no Brasil, no período que vai de 1935 a 2013.
Para ele, “a pior coisa que o Banco Central poderia fazer a essa altura é sair dessa fórmula bem-sucedida [da atual política monetária] por qualquer teoria de que dá para fazer diferente”. “Quem diz que dá pra fazer diferente está mentindo. [Sobre] essa história de que tem inflação do tipo A, B ou C, eu acho que só tem inflação de um tipo: ruim. E a solução é essa [aumento de juros]. É isso que está funcionando no Brasil”, sustentou.
Franco ressaltou a necessidade de se respeitar a autoridade monetária e seus mecanismos para conter a alta inflacionária e também alertou para os erros que foram cometidos no passado com planos econômicos equivocados como Cruzado (1986), Bresser (1987), Verão (1989), Collor 1 (1990) e Collor 2 (1991).
“O segredo pra terminar com a doença [inflação] é o fortalecimento da instituição responsável por evitar os excessos do passado. Tem uma instituição cuja função hoje é tomar conta, evitar que ocorra algo parecido com todas as trampolinagens que houve no passado: é o Banco Central. Enquanto o Banco Central estiver ali, fazendo o seu dever estou tranquilo”, afirmou.