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Porto Digital Europa expande parcerias e presença no mercado europeu

O índice de fracasso no processo de internacionalização de empresas é alto e o Porto Digital Europa tenta melhoras as estatísticas
Porto Digital Europa
João Barbosa, country manager da Porto Digital Europa/Foto: Patrícia Raposo/Movimento Econômico

De Aveiro, PortugalO Porto Digital Europa, extensão internacional do parque tecnológico recifense, está firmando protocolos de cooperação com os ecossistemas de tecnologia espanhóis de Bilbao e Málaga, este último o maior da Europa. Os acordos visam facilitar a expansão das empresas de DNA brasileiro no continente europeu.

O PD Europa abriga 24 empresas internacionalizadas e cinco delas já contam com negócios em Portugal. A abertura de mercado para essas operações de origem brasileira tem sido a principal missão do gestor do ecossistema, João Barbosa. Ele está à frente da unidade avançada do PD desde outubro passado, quando a sede foi inaugurada em Aveiro, cidade localizada na região central de Portugal. O edifício histórico de 1.300 metros quadrados, que passou por retrofit, incorporou tecnologia e abriu espaço para 200 estações de trabalho.

“Estamos criando condições para que as empresas que vieram para Aveiro possam entrar na Espanha e estabelecer parcerias com as empresas dos parques lá, e da mesma forma, permitir que as empresas que estão lá e desejam entrar no Brasil possam fazer o caminho inverso”, explica Barbosa, country manager do PD Europa.

A escolha por Aveiro, que fica na região central de Portugal, a 250 km de Lisboa e 75 km do Porto, justifica-se por alguns fatores. Um deles é a proximidade com grandes cidades e com a Universidade de Aveiro, importante centro gerador de mão de obra e pesquisa na área de tecnologia, onde a presença de brasileiros já corresponde a 10% da população. Outro fator é o acesso a fundos de fomento à inovação, mais acessíveis em cidades do interior. Por fim, o custo de vida é bem mais barato do que em Lisboa.

“O índice de fracasso no processo de internacionalização de empresas é absurdamente alto, é importante que o empresário considere o custo de vida. A implantação de um negócio numa cidade cara consome recursos para residentes que poderiam estar sendo direcionados ao negócio”, orienta João Barbosa.

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Porto Digital Europa
Porto Digital Europa/ Foto: Patricia Raposo/ Movimento Econômico

Suporte do PD Europa

O PD Europa atua não apenas no apoio burocrático à internacionalização, mas também como uma ponte para empresas maduras que desejam acessar o mercado europeu. Além do suporte financeiro e institucional, o Porto Digital Europa trabalha para criar soluções estratégicas de relacionamento com o mercado europeu.

Neste sentido, além das parcerias com os parques tecnológicos de Bilbao e Málaga, o Porto Digital Europa tem acordo de colaboração com a Associação Industrial Portuguesa (AIP), a maior entidade empresarial do país. Com sede em Lisboa, a AIP oferece um espaço para que as empresas brasileiras se conectem a potenciais parceiros e investidores, aumentando sua visibilidade e capacidade de inserção no mercado. “Assim criamos um ambiente mais favorável para negócios internacionais, eliminando entraves burocráticos e aproximando empresários de diferentes setores”, ressalta Barbosa.

Projeto-piloto

As empresas que já estão internacionalizadas, ou seja, com um NIPC (Número de Identificação de Pessoa Coletiva) – o correspondente ao CNPJ brasileiro -, foram selecionadas através de uma parceria fundamental entre o Porto Digital sediado no Recife e o Sebrae Pernambuco. “Esse foi um projeto-piloto relevante, que patrocinou a internacionalização de dez empresas selecionadas para um programa de quatro meses, no qual foram preparadas para operar na Europa. A iniciativa, por parte do Sebrae Tech, combinou suporte financeiro e logístico, garantindo que as empresas cheguem já com estrutura organizada e planos de trabalho definidos”, explica João Barbosa.

Porto Digital Europa
Edifício histórico passou por retrofit e conta com 200 pontos de trabalho/Foto: Patrícia Raposo/Movimento Econômico

Outro marco relevante foi o acordo com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco, que prevê a internacionalização de pelo menos 40 empresas pernambucanas em quatro anos, com um mínimo de dez novas empresas por ano. O programa garante financiamento parcial para a entrada no mercado europeu, permitindo que as empresas complementem o investimento necessário para a sua consolidação.

Outro aspecto importante da estratégia do Porto Digital Europa é a formação de redes colaborativas entre as próprias empresas participantes. As manifestações apresentadas no programa piloto do Sebrae demonstraram que, ao se estabelecerem em Portugal, algumas empresas acabam levando outras consigo, criando uma rede de negócios interconectados. “Uma das empresas, ao conquistar um contrato, acordou a necessidade de serviços complementares e abriu espaço para outras startups brasileiras atenderem às demandas do cliente, fortalecendo assim a presença do ecossistema brasileiro no mercado europeu”, revela Barbosa.

Pioneirismo do Porto Digital

O modelo de adoção pelo Porto Digital Europa é pioneiro. Enquanto outras entidades oferecem suporte pontual, o hub atua como uma verdadeira embaixada da tecnologia brasileira, com presença física e institucional consolidada. Neste sentido, a parceria com consulados de diversos países sediados em Lisboa também é estratégica.

O modelo do PD Europa vem sendo reconhecido por entidades como a Apex Brasil, que já apoia a iniciativa e deve ampliar sua colaboração nos próximos anos. Um dos planos em andamento é a integração do Porto Digital Europa à Casa do Brasil em Lisboa, um espaço institucional que servirá como ponto de apoio para empresas brasileiras na capital portuguesa.

As parcerias com parques tecnológicos brasileiros também são importantes, pois o PD Europa está aberto a empresas de todos os estados, além de Pernambuco. Desta forma, já foram firmados acordos com o TecnoPuc (Porto Alegre), Parque Tecnológico de São José dos Campos (São Paulo) e hubs de inovação no Rio de Janeiro e Salvador. O objetivo é atrair empresas desses ecossistemas digitais para dar escala e visibilidade ao PD Europa, evitando abordagens isoladas que diluem o impacto e dificultam a inserção no mercado europeu.

A escolha de Aveiro como base para o Porto Digital Europa também se mostrou estratégica. Diferentemente de cidades maiores, como Lisboa ou Porto, Aveiro oferece um custo de operação mais acessível e um ambiente mais propício à construção de comunidades empresariais. O tamanho compacto da cidade facilita a interação entre empreendedores, criando um ecossistema de inovação mais colaborativo. Além disso, a proximidade geográfica com grandes centros europeus permite um acesso ágil a mercados estratégicos sem os desafios logísticos e financeiros de cidades maiores.

“Entendemos que o sucesso da internacionalização é atuar em comunidade. Veja como os chineses fazem. Eles sempre chegam juntos aos mercados que querem desbravar. Concorrem entre si, mas também se ajudam. É esse espírito que queremos estimular aqui”, explica Barbosa. Para ele, cidades menores, como Aveiro, estimulam o trabalho presencial porque não impõem os desafios da mobilidade dos grandes centros urbanos. “Aqui, o trabalho presencial, que é fundamental, funciona bem”, garante João Barbosa.

Paulo Tadeu
Paulo Tadeu, CEO da D12win: “Somos parecidos, mas não somos iguais”/foto: divulgação

A Di2win foi uma das empresas nascidas no Recife que foi internacionalizada através do Porto Digital Europa. Num curto espaço de tempo, a empresa captou dois clientes portugueses. O CEO Paulo Tadeu explica que antes de tirar o Número de Identificação de Pessoa Coletiva já vinha em tratativas com uma das empresas. Mas o encurtamento burocrático e cultural promovido pela ação do PD Europa foram fundamentais para dar agilidade no processo.

O empresário aposta num crescimento rápido em terras lusitanas. Hoje conta com dois funcionários para prospectar clientes. Mas é a unidade de Recife que presta o atendimento e desenvolve as soluções. “Acredito que em breve teremos uma estrutura mais robusta em Portugal”, disse Paulo Tadeu. “Entender a diferença da cultural é muito importante e o Porto Digital nos ajudou a fazer soft land em território português de forma rápida e efetiva. Somos parecidos, mas não somos iguais”, sustenta.

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