O agronegócio deve se tornar, em breve, um novo caminho para expansão de cargas no Porto de Suape, ajudando o atracadouro a dobrar sua movimentação atual, na casa dos 25 milhões de toneladas, para 50 milhões até 2030.
O interesse de Suape, joia da coroa da infraestrutura de Pernambuco, se concentra nos grãos do Matopiba, região de confluência de quatro estados – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – uma fronteira agrícola em expansão. Esses grãos, que hoje escoam largamente pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, tendem a se tornar uma oportunidade para Pernambuco porque no atracadouro maranhense os produtores já enfrentam gargalos. Os atrasos para os embarques já chegam a 10 dias.
Trazer grãos de uma região mais ao Norte do Brasil depende de muitas variáveis, como infraestrutura, mas também de planejamento. A direção de Suape acredita que os grãos podem encontrar no porto pernambucano um canal de escoamento – mesmo sem contar com uma ferrovia para trazê-los – porque dez dias de espera por um embarque pode gerar mais prejuízos aos agricultores do que enfrentar as estradas brasileiras.
Para esse receber essa nova carga, Suape pode contar com o terminal de grãos arrendado em 2022 ou utilizar outras áreas. O que não falta é espaço em Suape, ao contrário de Itaqui. E tudo está mapeado.
Esse avanço estratégico em direção ao interior do país foi apresentado pelo presidente de Suape, Márcio Guiot, durante o Seminário Construindo Caminhos para o Desenvolvimento. O evento foi realizado, ontem, no Recife, por iniciativa do Movimento Atitude Pernambuco e Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) justamente para tratar dos gargalos no setor.
Ver Suape com planos para sua expansão agradou aos empresários da plateia, que se queixam da falta de planejamento por parte do estado. A economista Tânia Bacelar e o senador Fernando Dueire (MDB) externaram o mesmo sentimento em suas palestras.
A própria governadora Raquel Lyra, no encerramento do evento, trouxe uma preocupação da Pepsico com os mananciais dos quais faz uso em Pernambuco. Uma cobrança sutil da empresa aos gestores públicos, já que água é uma das principais matérias primas da empresa.
Infraestrutura mapeada
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, destacou durante o seminário que o estado possui a segunda maior malha viária do Nordeste, com 800 quilômetros construídos ou restaurados pela atual gestão. Ele também pontuou que o governo, assim como fez com as oportunidades econômicas de Suape, está realizando o primeiro mapeamento das possíveis cargas que podem circular na ferrovia Transnordestina.
Ressaltando duas tendências globais – a transição digital e a transição climática – a economista Tânia Bacelar disse durante o seminário que existem dois assuntos que não se discutem em Pernambuco: infraestrutura digital e um novo modelo produtivo alinhados com as mudanças do clima. “Temos que virar a chave”, disse a economista de 80 anos, que surpreende por sua jovialidade intelectual.
Já o senador Fernando Dueire (MDB) externou sua preocupação com a mobilidade. Ressaltando que o Recife, com 200 km² e cortado por 99 canais, recebeu 13 mil novos veículos, demonstrou preocupação com os entraves urbanos. “Precisamos de transportes com perfis diferentes”, disse, relembrando sua atuação para viabilizar o metrô, décadas atrás. “É triste ver a degradação do metro”, pontuou.
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