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Brilhos, fantasias e adereços fazem parte da identidade vibrante do carnaval pernambucano. No entanto, muitos desses itens resultam em toneladas de resíduos antes mesmo da chegada da Quarta-Feira de Cinzas. Para minimizar esse impacto ambiental e promover a sustentabilidade, empreendedoras locais apoiadas pelo Sebrae-PE estão inovando ao oferecer produtos sustentáveis sem abrir mão da beleza e do encanto da festa.
Naiara Cândido, fundadora da Contém Glitter, é pioneira na comercialização de glitter biodegradável no Recife. O desafio central de sua marca é substituir um produto tradicionalmente feito de microplásticos por uma alternativa ecologicamente correta, alinhada com os princípios da sustentabilidade. No entanto, essa opção pode custar até 22 vezes mais do que o glitter convencional.
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“Em abril de 2017, estive na China para conhecer as indústrias que produziam glitter e já viajei com o intuito de confirmar se existiria ou não a versão biodegradável do item. Para os fabricantes, isso era uma grande maluquice, mas para mim era algo necessário ter para iniciar o processo de levar as pessoas a migrar de um tipo para o outro. Acredito que essa transição vai acontecer ainda que, no momento, seja empresarialmente inviável”, explica Naiara.
Mesmo com o custo elevado, a empresária observa uma crescente demanda pelo bioglitter. Enquanto o glitter convencional é vendido por R$ 18, a versão sustentável sai por R$ 29. Apesar da margem de lucro reduzida, a Contém Glitter mantém o compromisso com a sustentabilidade. “É parte do posicionamento da nossa marca”, enfatiza.
Acessórios sustentáveis para um carnaval consciente
A Acessórios Ramifica, liderada por Patrícia Emília de Freitas, também aposta na sustentabilidade. A marca desenvolve peças autorais e atemporais, reutilizando materiais e evitando desperdícios, reforçando a importância da sustentabilidade na moda carnavalesca. Para o Carnaval, a coleção inclui brincos, ombreiras, golas e adereços de cabeça inspirados em figuras icônicas da festa, como o Homem da Meia-Noite e os blocos Amantes de Glória e Eu Acho é Pouco.
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“O carnaval tem uns pecados. Usamos muita matéria da indústria convencional, que ainda polui, mas reaproveitamos bastante coisa na empresa, não existe descarte do que é comprado. Em um modelo de brinco, uso o rolo que vem na embalagem de papel-laminado, por exemplo. Também temos peças feitas a partir de sobras de tecido e diversos outros materiais”, detalha Patrícia.
O diferencial da marca é o uso do rami, uma fibra vegetal resistente e produzida no Brasil, sendo uma alternativa sustentável e alinhada com a preservação ambiental. “O rami deu origem ao nome da empresa. A partir dele, consegui desenvolver uma identidade para minha marca e para mim como criativa de moda. Ele é o protagonista da nossa história e tem desperdício zero, porque uso qualquer pedacinho de fio”, destaca a artesã.
Mais do que uma tendência, Patrícia vê a sustentabilidade como uma necessidade. “Entendo a sustentabilidade não só como o legado de trabalhar com matéria-prima sustentável, mas o fato de a empresa ser autossustentável. Minha maior honra, hoje, é trabalhar com produtos através do upcycling e do sustentável e gerar um resultado muito significativo, com beleza, modernidade e autoralidade”, conclui.
O futuro da sustentabilidade no carnaval
Com iniciativas como essas, o Carnaval pernambucano caminha para um futuro mais consciente, onde a sustentabilidade ganha cada vez mais espaço. O desafio é grande, mas a criatividade e a responsabilidade ambiental dessas empreendedoras mostram que é possível celebrar a cultura sem comprometer o meio ambiente. A tendência é que cada vez mais foliões se conscientizem e optem por produtos sustentáveis, tornando a festa ainda mais inclusiva e ecologicamente responsável.
Os empreendimentos foram apoiados pelo Sebrae-PE, através do programa Sebrae Delas – Desenvolvendo Empreendedoras & Líderes Apaixonadas pelo Sucesso -, que tem como objetivo tornar o desempenho feminino nos negócios mais competitivo. A iniciativa contempla diversas ações para incentivar, apoiar e fortalecer a cultura empreendedora entre as mulheres. Somente em 2024, o programa atendeu 4.395 mulheres.
Com informações da Agência Sebrae de Notícias
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