sexta-feira, 29/03/2024

Valdeci Monteiro: ESG e Mudanças Climáticas na realidade das empresas e do Mercado Financeiro

*Valdeci Monteiro dos Santos Em todo o mundo, iniciativas que geram impacto social e propostas de mitigação ou adaptação aos riscos associados às mudanças climáticas vêm cada vez mais ganhando espaço no ambiente corporativo e peso na escolha de empresas para investir. Por outro lado, a responsabilidade socioambiental passou a ter, também, maior dimensão na […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

*Valdeci Monteiro dos Santos

Em todo o mundo, iniciativas que geram impacto social e propostas de mitigação ou adaptação aos riscos associados às mudanças climáticas vêm cada vez mais ganhando espaço no ambiente corporativo e peso na escolha de empresas para investir.

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Valdeci Monteiro dos Santos, economista

Por outro lado, a responsabilidade socioambiental passou a ter, também, maior dimensão na agenda de governos, sobretudo a questão dos efeitos das mudanças climáticas, como pôde ser observado recentemente com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26). No evento, realizado em novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia, foram firmados acordos de comprometimento de metas de redução dos efeitos climáticos.

Neste contexto, ganha destaque o conceito ESG (sigla do inglês Environmental, Social and Governance), que tem a ver com uma gestão empresarial mais sustentável, em que o negócio leve em conta indicadores e resultados ligados ao ambiental, ao social e à governança. O termo ESG, surgido em 2005, remete a ideia de lucro com “propósito” de gerar resultados financeiros; mas também, impactos socioambientais positivos e compromisso geracional. Refere-se, portanto, às melhores práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio.

Em tempos de pandemia, o foco em ESG ganhou força e deve se tornar doravante parâmetro fundamental na decisão de investimentos nos próximos anos, com os fundos ESG apontando para uma grande tendência do mercado financeiro.

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Neste sentido, segundo aponta Marcus Nakagawa, professor do ESPM, no artigo “O ESG já é uma realidade no Brasil?”,  em 2020 o número de fundos ESG disponíveis para investidores americanos cresceu para quase 400, um aumento de mais de 30% em relação a 2019 e quase quatro vezes em uma década. No Brasil, segundo a pesquisa “A evolução do ESG no Brasil”, da Rede Brasil pelo Pacto Global e da Stilingue, de abril de 2021, 78% da geração dos Millennials e 84% da geração Z indicaram preferência por estes fundos.

O maior foco sobre os ESGs estão associados: (i) a própria urgência da questão das mudanças climáticas, que está fazendo emergir uma crescente preocupação com a  sustentabilidade, levando empresas a repensarem seus modelos de negócio; (II) fatores associados ao ESG tem impactado nos resultados das empresas, onde aquelas que aderiram a fundos ESG acabaram lidando com a crise de forma melhor; (iii) empresas que não aderem à iniciativas e a fundos ESG acabam se tornando mais arriscadas para investidores; (iv) iniciativas concretas, como a  redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera – estratégias de descarbonização -, vêm gerando bons resultados financeiros e de imagem para empresas.

A perspectiva de que investidores tendem cada vez mais a apostar em empresas ou iniciativas que ensejem uma maior valorização da sustentabilidade e do impacto social positivo nos negócios, pode ser reforçada pelas conclusões do Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial (2021). O documento apontou que, nos últimos anos, segundo grandes executivos, os principais fatores de risco dos seus negócios são cada vez mais de cunho ambiental e social, tais como: eventos climáticos extremos, desastres naturais, escassez de água, aumento de desigualdade de renda e pobreza.

Não obstante, a tendência de crescimento do ESG, ainda tem um caminho grande a percorrer, em especial quando olhamos para o Brasil, onde se vê um interesse crescente das empresas em seguir as práticas de ESG. No entanto, isto se verifica com maior frequência em setores mais sensíveis, sobretudo, à cobrança dos seus acionistas ou que são mais expostos ao mercado internacional.

No Nordeste brasileiro ainda são poucas as iniciativas empresariais de adesão a fundos de ESG, esbarrando muitas vezes na própria desinformação. Vale lembrar que se pode contar com o suporte de bancos privados de investimento. No caso da região, o Banco do Nordeste (BNB) dispõe de linhas de financiamento que podem dar suporte às iniciativas de ESG como o FNE Verde, FNE Sol e as linhas ambientais do Pronaf (Agroecologia, Floresta, Semiárido e Bioeconomia), voltadas sobretudo para auxiliar produtores e empresas rurais.

Fica a reflexão para as empresas estarem atentas à mudança de mindset, buscando criar modelos que conciliem a rentabilidade dos negócios, com resultados que gerem impactos positivos para as pessoas e para o planeta.

*Valdeci Monteiro é sócio-diretor da Ceplan Consultoria, professor de Economia e assessor de planejamento da  Universidade Católica de Pernambuco (Unicap)

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