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Itaueira retoma produção de melão no Ceará com investimento de R$ 80 milhões

Investimento de R$ 80 milhões e geração de mais de mil empregos marca o início da retomada da produção de melão em terras cearenses
Bruno Brandão
Bruno Brandão
De Fortaleza

Após quase 15 anos de ausência, a Itaueira Agropecuária, uma das maiores exportadoras brasileiras de melão, marca seu retorno ao Ceará com um investimento robusto. A empresa iniciou nesta semana o plantio de melões no distrito de São João do Aruaru, no município de Morada Nova, no Vale do Jaguaribe, e pretende expandir significativamente sua atuação na região até 2030.

O novo projeto, que conta com aporte de aproximadamente R$ 80 milhões por parte da empresa, ocupará inicialmente 1.250 hectares e poderá atingir até 3.000 hectares nos próximos anos, a depender da demanda dos mercados interno e externo. A produção local deve alcançar 34 mil toneladas já em 2025, sendo 85% composta por melões de alta qualidade voltados à exportação para mercados como Europa, Canadá e região do Golfo Pérsico.

O retorno da Itaueira ao Ceará, após mais de uma década de operação concentrada em outros estados, foi impulsionado por uma combinação de fatores estratégicos: o avanço da infraestrutura energética e hídrica promovida pelo Governo do Estado, a maturidade logística da empresa e o crescimento da demanda internacional por frutas produzidas no semiárido nordestino. O principal produto da marca é o Melão Amarelo Premium, mas também produz Cantaloupe, Galia, Pele de Sapo, Matisse e melancias, todos in natura.

O Melão Rei é o carro-chefe da empresa -  Foto: Divulgação
O Melão Rei é o carro-chefe da empresa – Foto: Divulgação

“A presença do Estado foi decisiva. Quando vimos o investimento no linhão de energia e as obras hídricas como a duplicação do Eixão das Águas e o ramal do Salgado, percebemos que agora havia segurança para voltar a produzir no Ceará com estabilidade”, afirmou Tom Prado, CEO da Itaueira.

A principal razão para a saída da Itaueira do Ceará entre os anos de 2012 e 2016 foi a seca severa que comprometeu o abastecimento de água para irrigação. O período crítico levou a empresa a transferir sua produção gradualmente para outros estados, como Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte. “O desafio da transição foi enorme. Tivemos que encontrar novas áreas com clima e solo compatíveis, montar infraestrutura do zero e treinar novos times locais. Isso demandou logística, tempo e investimentos pesados”, relembra Tom Prado.

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Durante esse tempo fora do Ceará, a Itaueira desenvolveu e refinou técnicas de irrigação mais eficientes, diversificou sua matriz de produção e adotou práticas sustentáveis mais robustas. Essa experiência agora se traduz em uma operação mais resiliente, preparada para lidar com os desafios climáticos do semiárido.

“A retomada das atividades em solo cearense é uma “volta pra casa” e é motivo de muita alegria para nós. A área plantada no município de Morada Nova será responsável por um incremento de até 20% do volume anual produzido pela empresa”, pontua Aryan Schut, gerente de vendas da empresa. 

Encontro reuniu representantes da Itaueira com o governador do Ceará, Elmano de Freitas - Foto: Governo do Ceará
Encontro reuniu representantes da Itaueira com o governador do Ceará, Elmano de Freitas – Foto: Governo do Ceará

Investimentos impulsionou

O retorno da empresa chega com o investimento de R$ 33 milhões do Governo do Estado, por meio do Programa de Investimentos Especiais (PIE), na implantação de 62 km de linhas de alta tensão e outras melhorias que beneficiam diretamente Morada Nova e municípios vizinhos. Essa infraestrutura energética viabiliza o uso pleno dos sistemas de irrigação por parte da Itaueira, além de atrair outras empresas da cadeia da fruticultura. “Nós criamos uma oportunidade para toda aquela região se desenvolver”, destacou Carlos Prado, fundador da empresa. “É o início de uma nova fase para o agronegócio cearense.”

A produção da Itaueira continuará ativa nos outros estados onde já opera, especialmente no Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte. O retorno ao Ceará representa uma expansão da capacidade da empresa, e não uma substituição. “Não vamos desativar nenhuma unidade. O Ceará entra como peça-chave na nossa estratégia de crescimento e diversificação de risco climático”, explicou o CEO. A empresa não descarta, no entanto, concentrar maior parte da produção no Ceará a longo prazo, caso as condições continuem favoráveis.

Projeção é atingir até 3.000 hectares, somente no Ceará - Foto: Divulgação
Projeção é atingir até 3.000 hectares, somente no Ceará – Foto: Divulgação

Empregabilidade e exportações

Com mais de 350 pessoas já empregadas na fase inicial da implantação, o projeto prevê a geração de 1.250 empregos diretos até o pico da colheita em 2025, podendo chegar a 3.000 empregos com a expansão da área plantada. Além de impactar diretamente a economia de Morada Nova e do Vale do Jaguaribe, o empreendimento deve fortalecer ainda mais o Ceará como um dos principais polos da fruticultura nacional. Atualmente, o estado é o 5º maior exportador de frutas do Brasil e o maior exportador de sucos naturais e água de coco.

Para Amílcar Silveira, presidente da Faec, a chegada da Itaueira sinaliza um novo momento para o setor, de olho nos números das exportações de frutas: “Temos o plano de dobrar nossas exportações, de US$ 500 milhões para US$ 1 bilhão. E isso passa pela atração de grandes empresas como a Itaueira”, prevê. 

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