40 anos após a praga do bicudo, Pernambuco pretende se colocar novamente no mapa de produção algodoeira. A iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) visa reinserir a produção do algodão em terras pernambucanas, iniciando pela produção do algodão branco e o colorido. Como parte da campanha, ocorrerá nesta quarta-feira (9) o Dia de Campo sobre a Cultura do Algodão, na Estação Experimental do IPA de Caruaru. O evento será aberto a todo o público que compõe a cadeia produtiva do algodão, do fornecedor de insumos à indústria têxtil, e acontecerá das 8h às 12h.
Com a colheita de mais de 3,7 milhões de toneladas na safra 2023/2024, o Brasil alcançou o posto de maior produtor do mundo de algodão. O país também se tornou, oficialmente, e pela primeira vez na história, o maior exportador deste commodity do mundo, superando os Estados Unidos.
Na década de 1970, o algodão era muito cultivado em Pernambuco – chegando a ser chamado de “ouro branco pernambucano” -, tendo mais de 300 mil hectares cultivando o produto. Entretanto após a praga do bicudo, que ocorreu a partir da safra 1983/1984, o cultivo foi totalmente afetado não só em Pernambuco, mas no país inteiro.
O Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) foi o inseto causador da praga e que tem maior incidência e maior potencial para causar danos à cultura do algodão. Essa praga pode chegar a destruir até 70% da lavoura em uma única safra, se não for controlado adequadamente. A primeira dificuldade na implantação do programa é fazer com que os produtores voltem a acreditar que o algodão é uma cultura rentável.
“A volta da cultura passa necessariamente pela adoção de práticas e tecnologias modernas e sustentáveis de cultivo que favoreçam melhores índices de rentabilidade. Ação que pode gerar um impacto significativo nas esferas social e econômica para os agricultores familiares do estado”, afirma Jaime Cavalcanti, pesquisador da área de melhoramento genético de algodoeiro da Embrapa Algodão.
A união da ciência com o setor produtivo já fez renascer a cultura do algodão no Ceará. Em 2020, o estado colheu dois mil hectares de algodão, o dobro da safra anterior, e se programou para chegar aos 30 mil hectares no fim da década, com uma variedade que resiste bem ao semiárido.
Algodão agroecológico em Pernambuco
A ideia da Embrapa e do IPA é reintroduzir a plantação do algodão em etapas no território pernambucano. O projeto surgiu após pesquisas feitas em Unidades de Referência Tecnológica (URT) em Caruaru, Araripina e Serra Talhada, e planeja na primeira etapa cultivar o algodão branco e o colorido, e posteriormente algodão agroecológico.
Essa reconquista do algodão em Pernambuco deve ajudar não só os agricultores, mas também as indústrias do polo têxtil pernambucano. A presidente do IPA, Ellen Viegas, diz que as pesquisas do IPA abrem uma nova perspectiva para a agricultura, envolvendo vários elos da cadeia produtiva. “Queremos, enquanto Governo de Pernambuco, trazer essa opção aos nossos agricultores familiares para que eles possam diversificar suas lavouras e sua cadeia produtiva”, afirma a presidente.
Já o objetivo da Embrapa é, e junto com seus parceiros licenciados, oferecer sementes com tecnologia para atender a todos os produtores da região, desde aqueles que fazem o cultivo orgânico, convencional, em pequenas propriedades familiares, até os mais tecnificados, com materiais transgênicos de alta tecnologia, com resistência a lagartas e herbicidas, e alta qualidade de fibras, inclusive com materiais indicados para o plantio de áreas de refúgio.
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