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Medidas anunciadas por Trump podem impactar COP30, açúcar e portos do NE

Qualquer medida restritiva americana direcionada ao açúcar impactará negativamente as economia e portos dos estados exportadores
 André Corrêa do Lago
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago/Foto: José Cruz/Agência Brasil

A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar o país do Acordo de Paris terá um “impacto significativo” na organização da COP30, que será realizada em Belém. A afirmação foi feita pelo embaixador André Corrêa do Lago, nomeado nesta terça-feira presidente do evento. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Corrêa do Lago destacou que os EUA, como maior emissor de gases de efeito estufa e líder em tecnologias climáticas, são um “ator essencial” nas negociações.

Apesar disso, o embaixador acredita que a saída americana não deve atrasar as discussões ou incentivar outros países a abandonar o tratado. “Os países que estão na COP já defenderam seus interesses e entendem a importância de trabalhar juntos para controlar as mudanças climáticas”, afirmou. Ele também enfatizou que, mesmo fora do Acordo de Paris, os EUA continuam integrantes da Convenção do Clima, mantendo abertos canais de diálogo.

O presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Anísio Coelho, disse que os Estados americanos têm independência para legislar na área ambiental, o que deve abrandar algumas medidas anunciadas por Trump. Ao assumir, o presidente dos EUA citou que vai estimular o aumento do consumo de combustíveis fósseis, suspender temporariamente licenças para a instalação de eólicas e retirar os subsídios para carros elétricos.

ESG segue firme nas empresas?

“Nos Estados Unidos, as grandes corporações já adotaram práticas dentro do conceito ESG e vão continuar com essas iniciativas nas áreas de eficiência energética e redução das emissões, o que contribuirá para abrandar algumas das medidas anunciadas”, afirmou Coelho. Ele também destacou que “a mudança climática é uma realidade evidenciada pelos fatos observados em vários pontos do mundo. Não vejo por que não pensar em uma mobilidade elétrica”.

Coelho ainda argumentou que é cedo para avaliar os impactos no Brasil e no mundo, mas classificou a decisão americana como irracional. “Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, só perdendo para a China, que também aumenta as emissões. O que a gente espera é que, com base em dados, informações e na ciência, algumas dessas posturas mudem”, concluiu.

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Paradiplomacia e diálogo com Estados

Diante da postura adversa dos EUA, especialistas entendem que o Brasil pode buscar alternativas por meio da paradiplomacia, dialogando diretamente com estados americanos que desejam cumprir as metas climáticas. Isso pode abrir novas oportunidades para colaborações regionais, mas também destaca uma possível fragmentação da agenda ambiental global.

Embora a saída dos EUA não deva prejudicar diretamente as metas climáticas globais, ela representa um retrocesso na ambição coletiva necessária para enfrentar a crise climática. Para Raul Manso, assessor especial do governador Paulo Dantas, as medidas protecionistas têm um grande peso para afetar os principais indicadores de sustentabilidade do mundo como um todo. “É uma perda para todo o planeta”, disse.

Manso destacou ainda que uma possível taxação sobre importações americanas deve diminuir o comércio bilateral, especialmente no contexto em que Alagoas alcançou superávit na balança comercial pelo segundo ano consecutivo. “Os efeitos indiretos estão atrelados à reserva de valor do dólar. Se a moeda se tornar mais escassa, seu preço deve subir, tornando o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, mas também elevando a inflação no médio prazo devido ao impacto nos insumos importados, como trigo e fertilizantes.”

Impacto nas exportações de açúcar

Dielze Mello, gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias de Alagoas (FIEA), reforçou o impacto sobre o açúcar, principal produto exportado por Alagoas – e muito presente na balança comercial de outros estados do Nordeste. “Alagoas, no ano passado, exportou quase 9% para os EUA, sendo o açúcar responsável por 97% dessa pauta. Qualquer medida restritiva americana direcionada a essa commodity impactará negativamente as exportações alagoanas”, disse.

Tiago Carneiro é presidente da Associação Comercial de Pernambuco (ACP) e advogado especializado na área tributária
Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Impactos no Porto de Suape

o contexto pernambucano, Tiago Carneiro, presidente da Associação Comercial de Pernambuco, apontou os riscos para as exportações realizadas via Porto de Suape. Produtos como açúcar, frutas e derivados de petróleo podem se tornar menos competitivos, gerando impactos significativos na economia local. Por outro lado, Carneiro destacou possíveis oportunidades no mercado asiático, caso a guerra comercial entre EUA e China se intensifique. “Se a China precisar de alternativas para suprir suas demandas de importação, o Brasil, incluindo Pernambuco, pode expandir suas exportações para o mercado asiático. As empresas devem acompanhar de perto as políticas comerciais americanas para planejar e tomar decisões estratégicas”, alertou.

Porto de Suape
Porto de Suape: expectativa com medidas de Trump/Foto: Porto de Suape/Divulgação

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