O mercado automotivo brasileiro encerrou 2024 com crescimento de 14,02% no total de emplacamentos, marcando o maior avanço percentual desde 2007, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgados nesta quinta-feira (8). No período, foram vendidas 2.993.190 unidades de automóveis e comerciais leves, confirmando a recuperação do setor após anos de instabilidade.
O resultado positivo pode ser explicado principalmente pela oferta de crédito, que se expandiu com a aprovação do Marco Legal das Garantias. A afirmação foi feita pelo novo presidente da Fenabrave, Arcelio Alves dos Santos Júnior.
“Com certeza, a aprovação do Marco Legal das Garantias foi um fator super importante porque volta na questão do crédito, que é fundamental para o nosso setor”, disse, após entrevista coletiva concedida na sede da Fenabrave para apresentação do balanço do setor. Além disso, destacou, o resultado do setor também sofreu influência do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do agronegócio.
A Fenabrave representa mais de 7,8 mil concessionárias de veículos no Brasil, o desempenho do mercado reflete não apenas a estabilização econômica, mas também um ambiente mais favorável ao consumo. “Acreditamos que as festas de fim de ano, que aconteceram no meio das duas últimas semanas de dezembro, embora os dias 24 e 31 tenham sido considerados úteis, acabaram impactando nas vendas, pois muitas pessoas e empresas estavam em período de recesso, reduzindo, principalmente, as vendas corporativas”, ressaltou Arcelio Alves dos Santos Júnior.
O segmento de automóveis liderou as vendas, representando 85% do total, enquanto os comerciais leves responderam por 15%. No mercado de SUVs, a demanda continuou a crescer, reforçando a preferência por modelos com maior espaço e tecnologia embarcada.
Segmentos diversificados impulsionam resultados
Além dos automóveis e comerciais leves, outros segmentos contribuíram para o desempenho expressivo do setor em 2024:
- Motos: apresentaram crescimento de 22,43%, com 1.735.776 unidades emplacadas, refletindo a demanda por alternativas de transporte econômico e ágil.
- Caminhões: somaram 130.142 unidades vendidas, mantendo sua importância na cadeia logística nacional.
- Ônibus: registraram a venda de 30.040 veículos, evidenciando a retomada do transporte coletivo em algumas regiões.
Mesmo diante do crescimento nos emplacamentos gerais, o mercado de caminhões apresentou retração de 8,06%, impactado pela redução na demanda por renovação de frotas.
Mercado de veículos usados em alta
O mercado de veículos seminovos e usados também apresentou desempenho notável em 2024. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), foram comercializadas 15.777.594 unidades, o maior número desde 2011, representando um crescimento de 9,2% em relação a 2023.
Os modelos com 13 anos ou mais de fabricação lideraram as vendas, totalizando 5.721.760 unidades, seguidos por veículos com 4 a 8 anos (3.982.867 unidades) e 9 a 12 anos (3.531.095 unidades). Os seminovos, com até 3 anos de uso, somaram 2.541.872 unidades vendidas.
Destaque regional e fatores de crescimento
Embora os dados regionais ainda não tenham sido amplamente divulgados, estados do Sudeste e do Nordeste desempenharam papel relevante no volume total de vendas. A retomada econômica em cidades nordestinas, especialmente nas capitais, favoreceu o mercado de motocicletas e utilitários leves, fundamentais para a mobilidade urbana.
Outro fator que impulsionou o setor foi o aumento da oferta de crédito e programas de incentivo para renovação de frotas, promovidos pelo governo federal e bancos privados. Além disso, o avanço na produção de veículos híbridos e elétricos começa a atrair novos consumidores, ampliando o perfil de compra no Brasil.
Perspectivas para 2025
As projeções para 2025 são otimistas. A Fenabrave estima um crescimento entre 5% e 8% nas vendas de veículos novos, impulsionado pela continuidade da recuperação econômica e pela introdução de novos modelos, incluindo opções híbridas e elétricas. No mercado de usados, a Fenauto também prevê resultados positivos, desde que a economia mantenha estabilidade.
“Esperamos que, apesar do nosso conservadorismo, possamos revisar os números”, disse o presidente da entidade. “Acreditamos que, se as condições econômicas melhorarem, especialmente vinculadas a juros e taxa cambial, possamos rever o número até para cima”, destacou Arcelio Alves dos Santos Júnior.
“Nosso segmento está cada vez mais forte e profissional, crescendo a olhos vistos. Se a economia não tiver nenhum sobressalto neste ano, deveremos registrar novos resultados muito bons”, afirmou Enilson Sales, presidente da Fenauto.
*Com informações da Agência Brasil, Fenabrave e Fenauto
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