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Nordeste lidera preocupações com impacto das apostas online

Estudo promovido pela Febraban destaca que 65% dos nordestinos afirmaram que o dinheiro gasto em apostas online fez falta no orçamento mensal, superando a média nacional de 56%
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Quase metade dos mordestinos ouvidos na pesquisa (49%) disseram que a qualidade de vida foi afetada diretamente por obrigações financeiras decorrentes de apostas online. Foto: rupixen/Unsplash

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) revelou que o Nordeste é uma das regiões mais afetadas pelos impactos das apostas esportivas online. O levantamento, que ouviu 2.000 entrevistados de todas as regiões do Brasil entre os dias 15 e 23 de outubro, destacou que 51% dos nordestinos consideram que as apostas esportivas online impactaram negativamente suas finanças pessoais ou familiares. Em contrapartida, apenas 18% avaliam positivamente a atividade. O estudo contou com o apoio da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

A Pesquisa Radar Febraban Especial apontou que a maioria dos brasileiros quer regulação forte das bets. De todos os entrevistados ouvidos no país, 40% dizem que familiares ou pessoas próximas fizeram dívidas por conta das apostas e, destes, 45% tiveram sua qualidade de vida ou da família afetada em função dessas dívidas.

A maior parte da população brasileira (59%) quer uma regulação e uma atuação firme do Governo frente à corrida de sites de apostas que se espalharam rapidamente pelo Brasil. É também ampla a maioria daqueles não confiam nas empresas de apostas online (85%) e que são contrários a esse tipo de jogo (59%). Ao mesmo tempo, é majoritário o volume de pessoas (60%) que defende limites para as apostas e são contrários ao uso do Bolsa Família nessa modalidade.

Impacto das bets no Nordeste

Entre os aspectos analisados, o estudo revelou que 65% dos nordestinos afirmaram que o dinheiro gasto em apostas fez falta no orçamento mensal, superando a média nacional de 56%. Além disso, 44% dos entrevistados na região relataram que familiares ou pessoas próximas já contraíram dívidas devido às apostas, e desses, 49% disseram que a qualidade de vida foi afetada diretamente por essas obrigações financeiras.

Outro dado relevante é que 80% dos apostadores nordestinos utilizam o Pix como principal meio de pagamento. Esse método de transação rápida tem facilitado a disseminação das apostas esportivas, mas também levantado preocupações em relação à regulação financeira e à prevenção de fraudes.

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Nesse sentido, 85% dos nordestinos entrevistados acreditam que há necessidade de uma regulação mais rigorosa para os sites de apostas, visando garantir a segurança dos usuários e limitar os impactos sociais, como o endividamento excessivo.

O futebol é a modalidade esportiva mais popular entre os apostadores nordestinos, representando 58% das preferências. No entanto, 78% dos entrevistados na região também apontaram que as apostas esportivas causam mais problemas financeiros do que ajudam a resolvê-los. Os riscos mais citados incluem o endividamento e a dependência psicológica, além do impacto negativo no orçamento doméstico.

Medidas de proteção contra as apostas online

Os dados reforçam a necessidade de um debate mais amplo sobre a regulação das apostas esportivas online no Brasil, com foco na prevenção de impactos financeiros e sociais negativos. No Nordeste, em especial, a urgência de medidas de proteção à população se destaca, considerando os altos índices de endividamento e insatisfação relatados.

“Temos nesse estudo um material aprofundado para que Governo e sociedade reflitam e debatam o tema, de modo a se planejar e implementar estratégias de prevenção e limitação, dentro de uma política de regulamentação que combata o vício”, diz Marcelo Garcia, especialista em Gestão de Políticas Sociais e Consultor da CNF.

“Esta pesquisa abre uma enorme lanterna sobre um problema que pode ser diminuído. É um ponto de partida fundamental para a discussão e o enfrentamento do problema, antes que haja um impacto ainda maior no endividamento e na desagregação das famílias”, afirma Garcia. A pesquisa completa está disponibilizada neste link.

Leia mais: Apostas online: outorga é liberada para 71 das bets demandantes

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