Um dos 37 acordos firmados esta semana entre os presidentes Lula e Xi Jinping em Brasília tem um significado especial para o Vale do São Francisco: é a abertura do mercado da uva brasileira para os chineses. O acerto vem sendo comemorado por produtores e gestores públicos, que exaltam a qualidade da produção local e já fazem as contas sobre os impactos na geração de renda em regiões de Pernambuco e da Bahia, que agora se abrem para um contingente de 1,4 bilhão de potenciais consumidores.
O presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Guilherme Coelho, que acompanhou os anúncios feitos pelos presidentes brasileiro e chinês, afirmou que a notícia foi recebida como em “um dia de festa”. “Foram quatro anos de muito trabalho para fechar esse acordo. Essa é uma grande notícia, especialmente, para o Vale do São Francisco, principal produtor de uvas do Brasil. Nossos produtores terão acesso a um mercado de mais de 1 bilhão e 400 milhões pessoas. Isso trará reflexos para a economia local, com geração de mais emprego e renda para a nossa gente”, declarou o dirigente.
A Abrafrutas também se pronunciou em nota, avaliando a abertura do mercado de uvas para a China como um avanço proveniente do “fortalecimento das relações bilaterais” e que, “graças ao trabalho dedicado dos nossos produtores, que cultivam frutas de altíssima qualidade, estamos conquistando mercados cada vez mais relevantes”. “A China agora é o mais novo destino para a nossa uva, consolidando a excelência da fruticultura brasileira no cenário global. Esse resultado reflete o trabalho consistente que a Abrafrutas vem realizando ao longo dos anos, sempre buscando fortalecer a posição do Brasil no mercado internacional”, disse.
Brasil movimentou US$ 179,8 mi em exportações de uvas em 2023
Conforme dados disponibilizados pela Abrafrutas, as exportações de uvas corresponderam ao terceiro maior volume de negócios do setor em 2023, com US$ 179,8 milhões comercializados, atrás apenas da manga (US$ 312 mi) e do melão (US$ 189,1 mi). Ao todo, 73,5 mil toneladas da fruta foram exportadas no ano passado. O ranking do volume de exportações em toneladas foi liderado por manga (266 mil), melão (228,1 mil), limão e lima (166,6 mil) e melancia (114,2 mil).
Já em 2024, os números mais atualizados indicam que 26,6 mil toneladas de uva foram enviadas para fora do Brasil, o que representa US$ 69,8 milhões em negócios. Este ano, lideram o ranking em valores comercializados as mangas (US$ 277,5 milhões), os limões e limas (US$ 167,6 milhões), os melões (125,6 mi) e as conservas e preparados de frutas (US$ 125,6 mi).
Bahia está de olho em US$ 480 mi gastos pela China para importar frutas
Na Bahia, que só fica atrás de Pernambuco na exportação de uvas, a notícia foi avaliada como “um novo capítulo para a fruticultura”, que tende a consolidar a posição do estado “como um dos principais produtores e exportadores da fruta no país”. Em 2023, a Bahia exportou 22 mil toneladas de uvas para a Europa e os Estados Unidos, movimentando mais de US$ 54 milhões.
Com a abertura do mercado chinês, um dos maiores consumidores de uvas premium do mundo, a expectativa é de aumento nesses números, já que, somente no ano passado, a China desembolsou US$ 480 milhões para comprar frutas de outros países.
“A China é um mercado estratégico para a agricultura baiana e vamos acrescentar a esse rol a nossa uva. Essa conquista é resultado de um trabalho conjunto”, avaliou o secretário estadual da Agricultura, Wallison Tum, acrescentando que a Bahia está preparada para corresponder ao novo mercado que se abre. “Com o apoio de políticas públicas e investimentos em tecnologia, estamos preparados para atender à demanda chinesa e fortalecer ainda mais o nosso agronegócio”, declarou.
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