O preço do gás pode ficar mais barato por causa da resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que vai permitir a Pré-Sal Petróleo (PPSA) contratar (comercializar) o escoamento e o processamento do volume do gás natural que cabe à União, o que aumentaria a oferta deste combustível no País. A argumentação é do diretor e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, um dos maiores especialistas do setor.
E, como em todo mercado, o aumento da oferta geralmente contribui para baixar o preço deste combustível, que deveria ser o da transição energética no Brasil. “Me parece que a ideia de usar a PPSA como política pública é louvável”, afirmou Pires.
Ainda de acordo com Pires, o preço do gás poderia cair pela metade. “Esses leiloes de gás podem funcionar na tentativa de aumentar a oferta. O Brasil não consegue usar a oferta de gás porque tem infraestrutura muito precária. Esse decreto, do Programa Gás Para Empregar tenta abrir a caixa preta”, afirmou o especialista, acrescentando que é necessário a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ter celeridade para cumprir a agenda regulatória aberta com essa iniciativa.
O especialista defendeu que o Brasil tem o desafio de transformar o gás natural no combustível da transição energética. O gás natural pode substituir a energia elétrica – e outros combustíveis fóssseis mais poluentes, como por exemplo o carvão – em muitas indústrias que precisam começar o seu processo de descarbonização.
O especialista também explicou que o uso do gás natural pode ocorrer de uma forma integrada com outras fontes. Adriano Pires foi o primeiro palestrante do seminário “Gás Natural para uma Transição Energética Sustentável e Igualitária”, que ocorreu na sexta-feira (08), no Recife Expo Center, no Bairro de São José. A abertura também contou com a presença da governadora Raquel Lyra (PSDB), líderes do setor de gás, secretários de Estado, políticos, entre outros. O evento foi realizado pela Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) em parceria com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
Os desafios do gás natural
“A demanda está reprimida porque não tem gás na quantidade e no preço adequado”, disse o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e diretor-presidente da Bahiagás, Luiz Gavazza, que também apresentou uma palestra no seminário.
Como forma de aumentar o mercado para o gás natural, Gavazza defendeu que é necessário uma política pública para interiorizar o consumo deste combustível. “Cada elo da nossa cadeia tem dever a cumprir. Precisamos trabalhar em harmonia para ajudar o governo a criar políticas publicas”, afirmou.
Com relação ao preço do gás natural, o monopólio da Petrobras também foi discutido durante o evento. O ex-senador por Pernambuco e conselheiro emérito da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Armando Monteiro Neto, disse haver um problema de origem que é posição tão dominante da Petrobras no mercado. “Quando não tem oferta, resulta em preços elevadíssimos. Temos preço três vezes maior que nos Estados Unidos e preço superior ao que se pratica na Europa”, citou Monteiro.
“Precisamos ampliar a oferta e introduzir concorrência para conseguir redução do custo”, sugeriu Monteiro, acrescentando que foi lançada uma nova política industrial para o País. Ele lembrou que um dos elementos que contribuíram para a perda de posição relativa da indústria foi o alto custo da energia elétrica. Com o preço competitivo, o gás natural poderia substituir a a energia elétrica em alguns processos fabris, deixar os custos de produção da indústria mais baratos.
O diretor-presidente da Copergás, Felipe Valença, contou que o gás natural tem um papel de indutor da atração de novos negócios e impulsionador da ampliação do setor industrial. “Nossa indústria precisa de uma resposta rápida para que volte a crescer. Isso pode acontecer em outras regiões e estamos reunidos aqui para trazer novas perspectivas”, explicou. O objetivo do evento foi discutir fatores que resultem numa maior competitividade do setor, como melhoria da infraestrutura, a prospecção de novos mercados para o biometano e o gás natural, entre outros assuntos.
*Com informações da Copergás
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