Há um ano, o Porto Digital (PD) desembarcava em Aveiro, região central de Portugal, com a proposta de internacionalização de suas atividades. Passado este período, além de uma nova sede com mais de mil metros quadrados – inaugurada nesta quarta-feira (02), o Porto Digital Europa está formando uma comunidade de startups brasileiras no continente, tendo como ponto de partida a cidade lusitana.
Ontem, durante a inauguração festiva do novo prédio, Pierre Lucena anunciou que mais seis empresas estão chegando ao PD Europa, além das 15 em processo de internacionalização.
“Não há nenhum ecossistema no mundo se reproduzindo fora de sua área de origem como o Porto Digital. Nisso somos pioneiros”, sustenta Pierre Lucena. “E sendo de origem brasileira, estará aberto para receber empresas de qualquer estado do Brasil, não só de Pernambuco”, completa.
Internacionalização em bando
A estratégia é de internacionalização em bando, segundo o head de inovação do Porto Digital Filipe Sabath, um dos responsáveis pelo pelo programa de internacionalização do PD Europa.
“Estamos atraindo empresas que já operam no continente, mas precisam trocar conhecimento com outras empresas locais, e empresas que querem ganhar o mercado europeu. Montamos um programa de internacionalização com o Sebraetec para habilitar essas empresas e ajudá-las a captar financiamento”, revela.
Segundo Sabath, a maioria das empresas brasileiras querem ir para a Europa, mas antes desejam captar clientes e só depois se formalizar com o NIF (Número de Identificação Fiscal). “Mas o mercado europeu não absorve isso, culturalmente só contratam quem tem regularidade”, explica.
Estar em Aveiro faz diferença
Assim, o Sebraetec entrou para financiar toda parte de legalização, captação de clientes e de recursos. Neste último caso, ajuda a submeter propostas para algum tipo de financiamento europeu. E estar em Aveiro favorece na captação de recursos.
A cidade é a terceira maior no contexto de inovação de Portugal, ficando atrás apenas de Lisboa e do Porto. O detalhe é que Aveiro é considerada cidade do interior, com acesso a linhas de financiamento e subvenções que não chegam a Lisboa e ao Porto. “A classificação de cidade do interior pode favorecer no financiamento com condições e taxas melhores”, explica Sabath.
Iniciativa do Porto Digital é inédita
Essa iniciativa inédita no mundo anima a comunidade brasileira em Aveiro, que chega a quase 10% da população local e conta com cerca de mil estudantes na Universidade de Aveiro, boa parte nos concorridos cursos voltados ao setor de tecnologia. Anima também a própria cidade portuguesa, que reforça seu polo de tecnologia e amplia suas receitas.
Pierre Lucena entende que a internacionalização do ecossistema digital vai abrir oportunidade para quem é do setor e deseja morar na Europa. Conforme o presidente do PD, Recife tem mais estudantes de tecnologia do que Aveiro e as empresas que estão migrando para lá tendem a contratar seus conterrâneos diante da escassez de mão de obra local.
No Recife, o Porto Digital estimula as empresas a venderem seus produtos e serviços para outros estados. Não será diferente na Europa. Lá o PDE vai estimular seu ecossistema a alcançar os demais países do continente.
No processo de internacionalização, o PDE ajuda com contador e advogado para destravar a burocracia e até a encontrar escolas para filhos dos trabalhadores e serviços de saúde.
A unidade avançada do Porto Digital é uma grande vitrine para o polo de tecnologia do Recife. Algo que pode beneficiar tanto as empresas que querem vender para fora o Brasil, quanto para os trabalhadores do setor. Segundo Pierre Lucena, há 11 vezes mais brasileiros desenvolvedores de software em Portugal do que nos Estados Unidos.
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