O Complexo Industrial Portuário de Suape e a Universidade de Pernambuco (UPE), por meio do Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco (IAUPE), vão fazer um projeto de realocação e preservação cultural dos remanescentes do Quilombo Ilha de Mercês. Para isso, foi firmado um contrato entre as duas instituições que terá validade de dois anos. A iniciativa inclui também a preservação cultural desta comunidade.
Com a intermediação da IUAPE, a gestão de Suape quer garantir a participação ativa da comunidade em todas as fases do projeto, desde o planejamento até a implementação. O objetivo principal da iniciativa é permitir que a realocação seja realizada de maneira respeitosa, inclusiva, sustentável, promovendo o bem-estar e a continuidade cultural do Quilombo Ilha de Mercês.
“Estamos comprometidos em garantir uma transição sustentável e inclusiva, preservando a cultura, a ancestralidade e os modos de vida tradicionais da comunidade. O projeto tem como base equilibrar o desenvolvimento econômico da região com o respeito aos direitos humanos, sociais e ambientais, assegurando que todos tenham acesso a habitações adequadas, serviços essenciais e oportunidades de emprego e renda, promovendo, assim, um futuro mais justo e equilibrado para todos”, comentou o presidente de Suape, Marcio Guiot.
Segundo o professor José Roberto Cavalcanti e vice-reitor da UPE, a instituição vai “colaborar com a promoção de uma relação colaborativa e sustentável na comunidade quilombola da Ilha de Mercês e no Complexo Industrial Portuário de Suape”.
O projeto foi dividido em cinco fases a serem implantadas num período de dois anos: a preparação e diagnóstico inicial; análise do contexto socioeconômico, ambiental, antropológico, histórico e cultural; planejamento estratégico e negociações de indenização e realocação; implementação e monitoramento; e, na última etapa, a publicação de um livro memorial sobre o Quilombo Ilha de Mercês, além da organização de eventos e exposições para celebrar a história, a cultura e as contribuições da comunidade quilombola. “Buscaremos desenvolver ações que priorizem a população, as questões sociais, os direitos dos cidadãos, com atuação direta da universidade na mudança da vida das pessoas”, afirmou o diretor do IAUPE, professor Pedro Falcão.
Ilha de Mercês e Suape
A realocação dos remanescentes do Quilombo Ilha de Mercês é uma antiga reivindicação desta comunidade que, no passado, teve muitos conflitos com a estatal. A área, onde a comunidade está localizada, foi desapropriada pelo Governo de Pernambuco em 1992 para a empresa pública Suape, que a definiu como zona industrial. Em 2016, o Quilombo Ilha de Mercês foi certificado pela Fundação Palmares e está em processo de titulação pelo Incra desde 2017. A comunidade tem raízes nas grandes áreas de canaviais existentes em todo o litoral Sul de Pernambuco antes de Suape ser definido como área industrial e portuária.
O quilombo preserva uma rica cultura, com danças tradicionais, antigas tradições e a relação com a natureza. Apesar das transformações, locais simbólicos foram mantidos, como a antiga senzala, uma igreja e o baobá. A realocação é vista como uma forma de garantir os direitos quilombolas e possibilitar um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Leia também
Chinesa Goldwind faz operação de desembarque inédita no Porto de Suape
Porto de Suape vai investir R$ 160 mi em infraestrutura: saiba qual o projeto