O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou, na terça-feira (20), que devido às chuvas abaixo do esperado, tem sido observada uma redução na disponibilidade de recursos hídricos, principalmente no Norte do país. A região é essencial para suprir a demanda de energia nos momentos de pico de consumo, principalmente à noite, nos meses de outubro e novembro.
Embora descarte “qualquer problema de atendimento energético” e assegure que o Sistema Interligado Nacional (SIN) dispõe de recursos suficientes para atender a demanda por energia, o ONS vem reportando queda no volume de água já há alguns meses e entre as medidas preventivas apresentadas ao Comitê de Monitoramento do Setor elétrico (CMSE) está a antecipação do acionamento da Usina Termopernambuco já a partir de outubro próximo. A unidade é controlada pela Neoenergia.
Isso implicaria em antecipar em 15 meses a operação da termelétrica, que fica localizada no Complexo Industrial e Portuário de Suape (PE). A unidade já se encontra operacional, contudo a previsão original era de que fosse ativada em 2026. A entrada em operação das termelétricas tende a aumentar a tarifa de energia, com o acionamento da bandeira vermelha.
Ao Movimento Econômico, a Neonergia informou que caso seja necessário, a Termopernambuco “está pronta para atender ao pedido do Ministério das Minas e Energia e do Operador Nacional do Sistema (ONS)”.
Estiagem
A situação de escassez de água preocupa as autoridades do setor porque a seca que afeta, dentre outras usinas, a geração de energia em Jirau (RO), Santo Antônio (RO) e Belo Monte (PA) coincide com o período do ano em que o maior consumo de energia elétrica do país se dá entre 18h e 19h — exatamente o horário em que a curva da geração de energia solar entra em queda.
A situação teria sido reportada numa troca de ofícios entre o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conforme noticiou o jornal Valor.
Segundo a correspondência, nos próximos meses de novembro e dezembro, poderá ser necessário utilizar a reserva operativa, o que indica um cenário de maior gravidade na gestão e fornecimento de energia elétrica. A situação poderia causar problemas como interrupções no fornecimento de energia ou a necessidade de implementar medidas de racionamento de energia para evitar tais interrupções.
ONS
Em nota, a NOS explica que “o volume de água que chega ao reservatório de uma usina hidrelétrica e que pode ser transformada em energia está abaixo da Média de Longo Termo (MLT), que é a média verificada para um histórico de 94 anos de medições”.
Além de acionar a termelétrica, para enfrentar o cenário, o ONS vai implementar outras medidas adicionais e preventivas, propostas no início de agosto ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
As ações contemplam minimizar o despacho das usinas hidrelétricas do subsistema Norte, para preservação dos recursos hídricos da região, já com vistas ao atendimento à ponta de carga nos meses de outubro e novembro, e maximizar a disponibilidade de potência ao final do período seco, o que considera o adiamento de manutenções, quando possível, e a antecipação do retorno de ativos indisponíveis.
Termopernambuco
A Termopernambuco teve sua construção iniciada em 2001 e entrou em operação comercial em maio de 2004, com capacidade de gerar até 533 MW, sendo composta por três turbinas em sistema de ciclo combinado. Esse sistema combina a operação de duas turbinas a gás, movida pela queima de gás natural, junto com a de uma turbina a vapor.
No primeiro trimestre de 2024, a Termopernambuco gerou 61 GWh e teve lucro líquido de R$ 117 milhões, montante 9% superior ao mesmo período de 2023. A usina foi contratada até 14 de maio deste ano por meio do Programa Prioritário de Termelétricas.
O próximo contrato só entraria em vigor em 2026, no contexto do leilão de reserva de capacidade de dezembro de 2021, o primeiro do país. Na época, a Termopernambuco vendeu toda a sua capacidade de produção, disponibilizando 498,17 MW para o sistema elétrico. O início do fornecimento de energia seria a partir de 1º de julho de 2026, com vigência de 15 anos, para garantir o fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN)
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