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Apicultores terão consultoria em região marcada por gargalos na cadeia do mel

Sertão do Araripe, que já teve maior polo produtor de mel do Brasil, sofre com exportação irregular e falta de certificação
Cadeia do mel
Desafio para aumentar a produtividade passa pela falta de certificação do mel em Pernambuco. Foto: José Luiz Oliveira/Arquivo/Codevasf

A cadeia do mel do Sertão de Pernambuco, que tem recebido apoio para superar entraves à chegada do produto em outros mercados, passou a contar com um novo impulso, desta vez, com possibilidade de incrementar em até 10% a produtividade dos apicultores locais. O reforço inclui consultorias presenciais, assessoria de marketing digital e imersão em experiências promissoras, como a do Ceará. As atividades são conduzidas pelo Sebrae por meio de um convênio com a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe).

A assistência está ocorrendo em Araripina, polo que, em 2012, chegou a ser considerado o maior produtor de mel do Brasil pela Pesquisa da Pecuária Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, as estiagens prolongadas e a falta de infraestrutura de escoamento do produto esfriaram os números do setor, que perdeu espaço para estados como Piauí e Ceará. Além disso, a ausência de certificação se impõe como um desafio para os produtores, que ficam impedidos de comercializar o mel no âmbito estadual e nacional e o vendem a atravessadores, que certificam o produto em postos agropecuários de estados vizinhos.

“O grande desafio é me tornar um SIE [Serviço de Inspeção Estadual] ou SISBI [Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal]. Com essa consultoria, eu espero ampliar a infraestrutura de beneficiamento, adquirindo novos equipamentos e alcançando novos mercados”, explica o apicultor Petrônio Pereira, proprietário da Fazenda Doce Mel, em Araripina.

O produtor possui 400 colmeias de abelhas apis mellifera, produz 12 toneladas de mel por ano e já lançou produtos diferenciados, como a vela aromatizante de cera de abelha e o pão de mel. Porém, devido à falta de certificação, só pode comercializar sua produção nos 13 municípios que compõem o Consórcio Intermunicipal do Sertão do Araripe Pernambucano (Cisape), que abrange os sertões Central, do Araripe e do São Francisco. Agora, espera ter assistência para superar desafios logísticos e de produção e chegar a mais mercados.

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Mel pernambucano acaba nas mãos de atravessadores, que o destinam para estados vizinhos. Foto: Codevasf/Divulgação

Apicultores terão assistência para aperfeiçoar processos produtivos

A consultoria do Sebrae começa a ser realizada, ainda este mês, junto a 30 apicultores da região. A primeira etapa será a de consultorias técnicas de campo, que envolvem apoio ao manejo dos apiários, preparo do alimento para as abelhas e gestão comercial do empreendimento rural. O passo seguinte será uma imersão em Limoeiro do Norte, no Ceará, cidade que se destaca nessa atividade. A ideia é proporcionar aos apicultores contato com tendências e cases de sucesso que são referência nacional.

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Outra fase da assistência, que tem previsão de durar um ano e meio, será a oferta de treinamento e apoio técnico para que os apicultores pernambucanos ingressem no Google Meu Negócio, plataforma que atua como uma biblioteca de empresas, facilitando a busca de empreendimentos ou serviços em uma determinada área geográfica. Mais um momento da consultoria será a participação desses produtores na Agrinordeste, a maior feira de agricultura do Norte e Nordeste, que vai ocorrer no Maranhão.

O Sebrae espera que, com essa assistência, seja possível oferecer acesso a ferramentas de inovação, melhorias de gestão e possibilidades de prospecção de mercados aos apicultores de Araripina e região. “Com ações inovadoras no modelo de gestão desses empreendimentos rurais, esperamos aumentar a produtividade em no mínimo 10%”, explica o analista do Sebrae de Pernambuco, Kerlison Pereira.

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Produtores da região do Araripe vão conhecer novas práticas de gestão e experiências de sucesso. Foto: Sebrae/Arquivo

Iniciativa se soma a outras ações de reforço à cadeia do mel

Essa iniciativa se soma a outras atividades de reforço à cadeia do mel. Como o portal Movimento Econômico mostrou em março, uma aposta para fomentar o setor tem sido a construção das casas de mel, em ações coordenadas pela Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Esses espaços funcionam como unidades de extração e beneficiamento do produto destinadas à operação de cooperativas.

A produção nesses locais é vista como um divisor de águas por permitir a concentração das atividades, de forma coletiva, em instalações onde seja possível assegurar o controle de qualidade do produto, aumentando as possibilidades de obtenção do Registro de Inspeção Estadual, a cargo da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro).

As unidades de extração e beneficiamento de mel dispõem de espaços como sala de processamento e decantação, sala de embalagem, sala de envase, sala de expedição e área de repouso, além de instalações administrativas. O investimento é considerado relativamente baixo para os padrões públicos. A Casa de Mel anunciada pela Codevasf em Dormentes, também no Sertão de Pernambuco, em março deste ano, por exemplo, está recebendo aporte de R$ 524 mil e tem previsão de viabilizar a produção anual de 70 toneladas de mel, além de possuir potencial para reduzir a clandestinidade decorrente da falta de certificação do mel.

Leia também: Mel de Pernambuco sofre com “exportação irregular” e falta de certificação

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