O polo de H2V no Ceará avança numa área estratégica para a viabilização do cluster: o licenciamento na área de sustentabilidade. A AES Brasil acaba de apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do seu projeto. A subsidiária é a terceira empresa interessada em investir na produção de hidrogênio verde no estado a contar com esses documentos e realizar audiência pública para escuta da sociedade.
A australiana Fortescue foi a primeira e promoveu a audiência pública para o EIA RIMA do seu projeto de H2V em agosto do ano passado. Em dezembro de 2023, foi a vez da Casa dos Ventos Energias Renováveis submeter o seu empreendimento de hidrogênio verde ao crivo das organizações sociais e poderes públicos.
A velocidade nesses processos reforça o posicionamento do Ceará como o mais agressivo entre os estados nordestinos que brigam para liderar a futura cadeia do “combustível do futuro” no Brasil.
No mercado cearense, a ideia de criar um centro de negócios do hidrogênio verdes virou política de estado. Trata-se do Hub de H2V do Pecém, parceria entre governo cearense, federação estadual das indústrias (Fiec), empresas privadas internacionais e nacionais, entidades brasileiras da cadeia de combustíveis de baixo carbono e energias renováveis, Complexo do Pecém, Porto de Roterdã e universidades.
O hub tem um acordo de cooperação com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica).
Atualmente, o número de empresas interessadas em ter operações no cluster se aproxima de 40, com sinalização de investimentos da ordem de US$ 30 bilhões de dólares (R$ 145,7 bilhões de reais).
A AES Brasil faz parte desse grupo de players. Nesse rol, a subsidiária do grupo norte-americano se destaca como uma das seis companhias que superaram a fase de memorando de entendimento (MoU) e já possuem pré-contrato para a produção e distribuição de hidrogênio e amônia verde no Complexo do Pecém (CIPP S/A).
H2V no Ceará: AES Brasil realiza audiência pública
A audiência pública para discussão do EIA RIMA para o empreendimento da AES Brasil foi realizada nesta quarta-feira (5), no auditório do Porto do Pecém.
Conforme detalhado na documentação divulgada, a planta da AES Brasil tem previsão de construção numa área de 80 hectares, localizada no Setor 2 da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará).
Segundo o EIA RIMA, a fábrica de H2V que a multinacional pretende instalar tem capacidade prevista de 800 mil toneladas de amônia verde por ano e potencial para criação de 2 mil empregos na fase de implantação.
O consumo de energia é estimado em 2,5 gigawats (GW). Atendendo às exigências para a classificação do hidrogênio como “verde”, essa eletricidade deverá ser gerada 100% a partir de fontes renováveis.
O prazo de obras programado é de até 48 meses. Na operação, o número de postos de trabalho não foi revelado, mas será bem menor, considerando o nível de automação no setor de combustíveis, que exige mão-de-obra altamente especializada.
“Essa planta foi projetada para funcionar por, no mínimo, 30 anos, então estamos falando de emprego e benefícios econômicos de longo prazo”, afirma o gerente de Hidrogênio Verde da AES Brasil, Alisson Camargo.
Governo destaca transparência no licenciamento do H2V no Ceará
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Salmito Filho, destaca a transparência no processo de licenciamento dos empreendimentos de H2V no Ceará.
“Esse audiência, que integra as exigências legais do processo, é um momento de grande importância, para dialogar e ouvir as comunidades, os povos indígenas da região e todos que serão diretamente beneficiados com esse projeto”, defende.
“Para além da contribuição ambiental, de partirmos para uma matriz energética verde e sustentável, o projeto visa trazer mais oportunidades de emprego e renda para o povo cearense”, frisa. Ele ressalta ainda a expertise da AES no setor, pois a companhia já tem investimentos em H2V nos Estados Unidos, onde está sediada.
H2V no Ceará: o que é EIA Rima?
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) são documentos que apresentam potenciais efeitos positivos e negativos de um empreendimento na sustentabilidade e detalha como possíveis problemas serão mitigados.
Na apresentação, a empresa interessada publiciza essas informações, tira eventuais dúvidas dos participantes e submete o projeto à análise da autoridade ambiental responsável pelo processo e da comunidade.
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