Dona de ativos eólicos na Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, a AES Brasil fechou o primeiro trimestre de 2024 com um prejuízo líquido ajustado de R$ 84,3 milhões. O resultado representa uma queda de 224% em relação ao lucro registrado de outubro a dezembro de 2023 (R$ 67,7 milhões).
Segundo o CEO Rogério Pereira Jorge, o desempenho no início deste ano reflete condições climáticas que afetaram a velocidade dos ventos e a produção da empresa.
“Foi um trimestre atípico em todo o país. Sentimos isso especialmente no Nordeste – principalmente pelo alto volume de chuvas da região – o que teve como consequência uma geração muito abaixo da média histórica”, afirma.
Nos estados nordestinos onde a AES Brasil tem quase 100% de suas usinas, a incidência de ventos ficou 15% abaixo da média do período. Essa redução afetou diretamente o Fator de Capacidade Médio de Geração Eólica (volume de energia gerada dividido pela potência total instalada).
Na região, esse índice ficou em 28% no período analisado. Foi a pior performance dos últimos quatro anos, relata a AES Brasil.
AES Brasil investiu em eficiência e disciplina financeira
Nem tudo foi resultado no vermelho para a AES Brasil de janeiro a março de 2024. Rogério Pereira defende que a empresa, diante da atividade menor, investiu em disciplina financeira e melhorias operacionais, a exemplo de otimizações e manutenções períodicas de equipamentos, visando ganhos de eficiência.
“Essa atenção é um pilar de nossa gestão”, destaca. Sem essas medidas, acrescenta, o prejuízo teria sido ainda maior.
“A baixa incidência de ventos criou um cenário propício para uma alteração em aspectos como o cronograma de manutenção, o que fez com que a AES Brasil antecipasse iniciativas de rotina a fim de ampliar posteriormente a disponibilidade dos ativos”, detalha.
Endividamento da AES Brasil cai 2,2% no trimestre
Na gestão financeira, um dos destaques do período, afirma o CEO, foi a redução do endividamento,em 2,2% em relação ao trimestre anterior.
“O período foi importante para substituição de financiamentos de curto prazo que haviam sido captados para a construção do Complexo Eólico Cajuína [Rio Grande do Norte]. Alongamos o prazo médio”, explica.
Outro fator que contribuiu para a queda no endividamento foi a liberação do desembolso integral do financiamento do Banco do Nordeste para o Complexo Eólico Tucano (BA).
Quais são os parques da AES no Nordeste?
Na região, a companhia tem complexos eólicos na Bahia (Tucano, com 365 MW), Ceará (Mandacaru, com 108 MW), Rio Grande do Norte (Salinas/50MW, Ventus /187MW e Cajuína /314 MW), Piauí (Ventos do Araripe/210 MW) e Pernambuco (Caetés/182 MW).
A única planta eólica da AES Brasil fora dos estados nordestinos fica no Rio Grande do Sul, em Cassino (64 MW). Ao todo, a empresa tem uma capacidade instalada de 5,2 GW no mercado brasileiro, 100% dela a partir de geração solar, eólica e hidráulica.
Os investimentos da empresa no Nordeste acontecem num ciclo em que a região atrai projetos de geração limpa de players multinacionais e nacionais, se firmando como a nova fronteira energética do país.
Quem é a AES Brasil?
Subsidiária da AES Corporation (EUA), o Grupo AES Brasil atua nas áreas de geração de energia limpa, distribuição e comercialização de eletricidade, infraestrutura de telecomunicações e redução de emissões de gases de efeito estufa. Esse mix de negócios deverá ser ampliado com a estreia nacional da empresa na indústria do H2V.
A sede da companhia, que se define como uma “plataforma de energia integrada, adaptada às demandas dos clientes”, fica em São Paulo (SP).
A historia do grupo no Brasil começa em 1999 com a aquisição da Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê ao Governo de São Paulo.
Já a matriz, a AES Corporation, é uma das maiores companhias do setor no mundo, com atuação em 26 países, onde gera 30 mil empregos. A sede da companhia fica em Arlington, Virginia.
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