A Prefeitura de Água Preta, na Mata Sul de Pernambuco, voltou a ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (26). A Delegacia de Repressão a Crimes de Corrupção e Desvio de Recursos Públicos da corporação deflagrou uma ofensiva com o objetivo de apurar o recebimento de vantagens indevidas pelo prefeito Noé Magalhães (PSB), que chegou a ser preso em setembro do ano passado, foi solto no mês seguinte e retornou ao comando do município na semana passada.
A Operação Tork cumpriu dez mandados de busca e apreensão em endereços de pessoas físicas e jurídicas que tinham bens em uso pelos investigados em outra operação – a Dilúvio, que resultou na prisão do prefeito, no ano passado. De acordo com a PF, esses endereços estão localizados na Região Metropolitana do Recife. Os crimes que estão sendo investigados são o de corrupção ativa e passiva, com penas que podem chegar a 32 anos de reclusão.
Já a Operação Dilúvio apurou a prática de crimes de corrupção, desvio de recursos públicos, fraudes em licitação, lavagem de dinheiro, agiotagem, entre outros, atribuídos a agentes públicos, servidores, empresários e particulares.
Corrupção: ofensiva em município castigado por sobressaltos políticos
A operação desta sexta-feira adiciona mais um capítulo prejudicial à trajetória de um município marcado pela pobreza e pelas tragédias. De acordo com dados do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Água Preta tem 26 mil habitantes, 56% deles com rendimento mensal per capita de meio salário mínimo. Em 2010, a cidade foi praticamente destruída pelas enchentes que castigaram a Mata Sul de Pernambuco.
Recentemente, as más notícias envolvendo Água Preta tiveram conotação política, com a prisão do prefeito Noé Magalhães, em 2023. Após o caso, a cidade foi assumida pelo vice, Neto Cavalcanti, na época, também no PSB. Enquanto isso, a defesa de Noé Magalhães tentou obter a liberdade do gestor, que só veio em outubro, após a concessão de um habeas corpus pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mesmo assim, o prefeito não foi autorizado a voltar ao comando do município.
Nesse período, Noé Magalhães e Neto Cavalcanti romperam politicamente, o que culminou na decisão do prefeito interino de se lançar ao Executivo municipal nas eleições de outubro deste ano pelo partido que é arquirrival do PSB em Pernambuco, o PSDB da governadora Raquel Lyra. Na semana passada, porém, Noé conseguiu retornar à prefeitura após a Justiça suspender as medidas cautelares que o impediam de exercer o cargo. Com a reviravolta, o prefeito já é tratado como pré-candidato à reeleição.
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