O que os empresários do setor esperam do mercado imobiliário 2024 no país e no Nordeste? Um ano de vendas bem melhor que 2023 – como impacto direto da trajetória consolidada da queda da taxa de juros – e um salto tecnológico com o uso da IA generativa. Mas há preocupação com os efeitos da reforma tributária no segmento. Esses temas foram debatidos nesta quinta-feira (14), no 89º Encontro da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário, que está sendo realizado no Recife, tendo o Hub Nogueira Corretores como anfitrião.
O novo presidente nacional da ABMI, Alfredo Freitas, que tomou posse durante o evento, personifica a confiança e as preocupações do setor como um todo. Para Freitas, o segmento é um dos mais sensíveis às taxas de juros e tem uma capacidade de resposta imediata – seja positiva ou negativa – às oscilações do custo do dinheiro.
“Estamos muito otimistas em todas as regiões brasileiras, não só aqui no Nordeste, que vem passando por um momento de crescimento. Em 2023, os negócios das empresas imobiliárias foram melhores do que em 2022, mostrando uma evolução proporcional ao início da redução dos juros, algo que deve se aprofundar em 2024″, analisa Alfredo Freitas.
“Estávamos e ainda estamos com taxas elevadas, mas esse processo de desaceleração tem sido um grande diferencial no estímulo ao consumo das famílias brasileiras. Comprar, alugar, movimentar o mercado de imóveis vêm muito nessa direção”, destaca.
Turismo e 2ª moradia animam Nordeste
Sobre o panorama do mercado imobiliário 2024 no Nordeste, o presidente acredita que a região deve seguir o desempenho nacional do setor, mas “com algumas particularidades, como os impactos do crescimento do turismo e a expansão da 2ª moradia“.
O aquecimento da cadeia turística – com boa participação de estrangeiros hospedados seja em resorts, seja em imóveis locados – e o movimento sustentado de fortalecimento da 2ª moradia geram um aumento de demanda que anima o segmento.
“No Nordeste, graças a esses e outros fatores, temos um cenário continuado de investimentos em imóveis, com capital vindo de outras regiões e de fora do país“, detalha.
Mercado imobiliário 2024: reforma tributária traz apreensão
Por meio de uma articulação nacional dos setores de construção civil e mercado imobiliário, o texto final da reforma tributária aprovado em 2023 no Congresso Nacional incluiu a cadeia no chamado regramento específico, que será definido este ano por meio de lei complementar.
No entanto, diante dos sinais contraditórios emitidos pelo Governo Federal – algumas vezes tentando aproveitar a reforma para um aumento de carga tributária – os empresários estão apreensivos.
“Os tributos já têm um peso elevado em nossas operações. Podem chegar a 27,5%, por exemplo, do valor de um aluguel. Não teríamos como suportar uma legislação complementar que ampliasse ainda mais o peso dos impostos”, defende.
O que dizem as empresas do Nordeste?
No Nordeste, a Hub Nogueira (PE) – plataforma de inteligência e estratégia formada por nove imobiliárias – compartilha das preocupações com a reforma tributária. A companhia também concorda com o diagnóstico da ABMI sobre o cenário promissor do mercado em 2024, particularmente na região.
“Nossos negócios cresceram 12% em 2023 e esse ano prevemos uma expansão da mesma ordem, o que representa um resultado excepcional”, afirma o presidente Armando Nogueira. Entre os fatores que animam o empresário estão os efeitos do avanço do turismo no mercado de imóveis.
“Tivemos uma ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto do Recife, concluída ano passado, e que fortalece ainda mais a cidade como hub aeroportuário internacional e nacional, o que terá reflexos no setor imobiliário”, aponta.
Inteligência artificial x mercado imobiliário 2024
Sobre o avanço da disrupção, o presidente da ABMI acredita que 2024 terá um ciclo importante de investimentos das empresas do ramo imobiliário em soluções que utilizam inteligência artificial de segunda geração. A expectativa dele é de um aprofundamento da aceleração digital, graças às novas possibilidades que a IA generativa proporciona.
“Temos diversas oportunidades de aplicação da nova geração da IA. Isso vai desde a gestão de materiais, controle de resíduos, gestão financeira de projetos, acompanhamento da obra pelo cliente e prestação de contas até a administração de alugueis, só pra citar alguns exemplos”, conclui Alfredo Freitas.
Aberto no dia 13 deste mês, o Encontro da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário segue até esta sexta-feira (15), no hotel Gran Mercure, bairro de Boa Viagem, no Recife.
Leia mais sobre mercado imobiliário 2024
Retirada de recursos da poupança pressiona mercado imobiliário
Mercado imobiliário: Ademi-PE entrega “Oscar” do setor em 4 anos
Mercado imobiliário: Recife reduz estoque, mas segue em retração até início de 2024