Por Juliana Albuquerque
Os baixos índices de chuvas registrados na Paraíba e Rio Grande do Norte ao longo do primeiro semestre deste ano podem impactar diretamente os resultados da safra 2021/22 da cana-de-açúcar no Nordeste. Apesar dos estados que lideram a produção na região, como Alagoas e Pernambuco, apresentarem uma previsão de aumento em relação a temporada passada, o segundo levantamento de safra da Conab, divulgado na última quinta (19), prevê aumento de apenas 2,2% no volume produzido na região em relação à safra anterior, resultando numa estimativa de 49,5 milhões de toneladas.
De acordo com a Conab, no Rio Grande do Norte, devido aos efeitos climáticos, a safra 21/22 da cana-de-açúcar é estimada em 2.673 milhões toneladas de canas, produção 12,9% inferior ao resultado obtido na safra 2020/21. Na Paraíba, embora a Conab aponte uma produção na ordem de 6.206,8 milhões toneladas de cana-de-açúcar, a queda no volume produzido deve ser maior. Segundo Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), o decréscimo de produção pode oscilar entre 25% a 30%, o que dá uma estimativa de cinco milhões de toneladas nesta safra.
“Historicamente, nos meses de junho e julho chove até cerca de 600 milímetros e, neste ano, a região que mais choveu no estado atingiu cerca de 200 milímetros”, afirma o diretor da Asplan, Pedro Neto. Ele lembra que a baixa precipitação pluviométrica nos meses que, tradicionalmente, são mais favoráveis, é a principal razão da queda na produção canavieira paraibana. Pedro Neto destaca que para agravar ainda mais a situação, apenas 30% dos produtores canavieiros locais dispõem de irrigação. “Esse percentual de produtores com irrigação de salvação tem que aumentar para se prevenir, justamente, uma situação como essa e para que não tenhamos uma oscilação tão grande de safra por causa da escassez de chuvas”, reitera Pedro Neto.
Já para Pernambuco, o segundo maior produtor do Nordeste, nos primeiros meses de 2021 as precipitações ficaram dentro da faixa normal para a Zona da Mata pernambucana, a região da cana-de-açúcar no Estado. Julho passado também apresentou bons índices pluviométricos e melhor distribuição das chuvas, se comparado a junho. Segundo o Sindaçúcar-PE, esse volume de chuvas e as deste mês de agosto minimizou os impactos do estresse hídrico visualizados sobre as lavouras no Estado. Com isso, a estimativa da entidade é uma safra com um total de 11,983 milhões de toneladas de cana, incremento discreto de 2,15% em relação as 11,731 milhões de toneladas da safra passada. “Em uma visão mais otimista, devido a uma melhora na distribuição de chuvas neste mês de agosto no Estado, podemos chegar a uma produção máxima de até 12,2 milhões de toneladas”, afirma o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha.
Em Timbaúba, as últimas chuvas fizeram a usina Coaf ampliar a projeção da próxima safra de 600 mil para 700 mil toneladas de cana-de-açúcar, com início da moagem na próxima segunda (30). “A previsão é fabricar 37,2 milhões de litros de etanol, 291 mil sacos de açúcar (de 50 quilos) e mais 20 milhões de litros de cachaça”, conta Alexandre Andrade Lima, presidente da Coaf e da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco.
Em Alagoas, que lidera o ranking de maior produtor de canas do Nordeste, apesar do aumento da precipitação pluviométrica na região canavieira do Estado, a safra 21/22, de acordo com levantamento de produção, realizado este mês e divulgado pelo Sindaçúcar-AL, deverão ser processadas mais de 18,8 milhões de toneladas de cana, crescimento de 10,9% em relação à safra passada. O levantamento aponta ainda que das 15 unidades industriais, que participarão do novo ciclo da cana em Alagoas, apenas sete devem ter uma safra inferior a um milhão de toneladas de canas processadas.