Por Thatiana Soto Riva*
Muitos desconhecem, mas no mês de agosto comemoramos uma data que nos impulsiona a refletir sobre a luta das mulheres pela equidade de gênero. É quando celebramos o Dia Internacional da Igualdade Feminina, data que reforça as conquistas obtidas pelas mulheres ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, alerta as desigualdades que ainda estão presentes em nossa sociedade. A origem dessa celebração relembra ao dia 26 de agosto de 1920, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou a 19ª emenda que deu direito ao voto às mulheres norte-americanas. Essa conquista influenciou o movimento pelo voto feminino em todo o mundo e aconteceu no Brasil somente em 1932.
O direito de votar das mulheres é um símbolo de avanço na equidade de gênero porque ele marca a conquista pela representatividade feminina, que significa estar presente em espaços de decisão. Além da participação política, as mulheres têm conquistado importantes avanços no mercado de trabalho, mas com volume ainda pequeno, comparado ao tamanho da sua população. Somente no Brasil, estima-se que as mulheres sejam mais que 50% do número total dos seus 203 milhões de habitantes.
Um exemplo é defasagem da representatividade feminina em órgãos de alta gestão das empresas. Segundo levantamento da BMA Advogados, atualmente, as mulheres ocupam apenas 1% dos 396 assentos de cargos de CEOs e presidentes de conselho de administração das empresas do Novo Mercado da B3. A conclusão é que há apenas 16 mulheres no topo das companhias abertas que seguem os mais altos padrões de governança no país.
A importância da representatividade das mulheres nesses órgãos de alta gestão apresenta dois motivos indiscutíveis. Primeiro, é comprovado que a diversidade de pessoas melhora a governança, o desempenho do negócio das empresas em si e inovação. Segundo motivo é que a representatividade funciona como inspiração para outras mulheres buscarem ocupar cargos de liderança. Vendo exemplos de executivas em funções de alta gestão, o recado para as profissionais femininas é que é possível chegar lá.
A partir dessa visão, nós, como indústria de materiais de construção e soluções sustentáveis buscamos a representatividade feminina em posições administrativas e operacionais. Desde 2020, temos a presença mulheres na alta gestão da companhia – no Conselho de Administração, Comitê de Finanças e Comitê de Remuneração e Pessoas representando, em 2022, 37,5% das pessoas conselheiras da companhia. Essa iniciativa faz parte de um movimento em que temos como meta atingir globalmente 25% de mulheres em cargo de liderança. Em 2022, já chegamos ao percentual de 21%. Entre os membros da alta liderança na nossa companhia, as mulheres representaram, em 2022, 11,11% dos membros da diretoria, 25,99% das pessoas gerentes-gerais e gerentes, e 26% das pessoas coordenadoras.
A busca pela representatividade feminina exige uma mudança de cultura organizacional, principalmente em setores tradicionais como da construção civil. O nosso jeito de ser nos guia a construir um ambiente de trabalho cada vez mais diverso, ético e inclusivo, respeitando as pessoas como elas são, valorizando e aprendendo com as diferenças. Compreendemos que quanto mais diverso for nosso time, maior a chance de um conhecimento amplo e maior a criatividade e o potencial de inovar.
Entendemos que temos um papel fundamental na promoção da diversidade e da inclusão na sociedade e nos avanços pela igualdade de oportunidades. O caminho em defesa da representatividade feminina é uma forma de conquistarmos um mundo do trabalho mais igualitário, na busca pela garantia de direitos e na criação de modelos femininos diversificados que possam servir de inspiração para outras meninas e mulheres.
*Thatiana Soto Riva é gerente de Desenvolvimento Organizacional Global da Votorantim Cimentos
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