As vendas de cotas de consórcio aumentaram, em média, 8,7% no Brasil nos primeiros cinco meses deste ano, período em que muitas vendas andaram devagar. O maior crescimento ocorreu nas vendas de cotas de imóveis com um incremento de 17,3%; mas também foram positivos os de veículos leves (8,4%); 15,3% a mais nos cotas de veículos pesados e 11,9% de motocicletas. Os consórcios não cobram juros e os consumidores que desejam participar dos grupos fazem um contrato de adesão, pagando uma taxa às administradoras, que varia dependendo de cada empresa.
“Não há uma relação forte entre o aumento das vendas dos consórcios e a alta dos juros. Recentemente, na pandemia, os juros estavam baixos e o setor apresentou crescimento nas vendas”, resume o economista da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (Abac), Luiz Antonio Barbagallo. No entanto, o próprio economista admite que quem “compra um carro com um financiamento de longo prazo chega a pagar até duas ou três vezes o valor do bem por causa dos juros.
Os objetos do desejo que ocupam o primeiro lugar na venda de consórcios são os veículos leves, depois vem as motocicletas e em terceiro lugar, os imóveis. “Muitas pessoas estão adquirindo um consórcio para adquirir um segundo imóvel, pensando em ter um bem que possa usar para complementar a renda da aposentadoria”, explica Luiz.
Segundo Luiz Antonio, os fatores preponderantes que fazem muitos consumidores optarem pelos consórcios são: uma cultura de educação financeira que os brasileiros estão começando a ter junto com a necessidade de se planejar para ter um bem sem comprometer o orçamento, porque como, geralmente, o prazo é longo, as parcelas são menores. “O consórcio é uma ferramenta que ajuda a comprar um bem para quem não tem pressa”, comenta.
O setor vem batendo recorde consecutivos de vendas de cotas desde 2022, com exceção de abril deste ano, quando houve um recuo. Luiz Antonio argumenta que contribui para este cenário de alta das vendas as compras feitas por empresas ou empresários. A alta das vendas de cotas para veículos pesados aumentou 15,3% nos primeiros cinco meses deste ano. “Muitos desses veículos são comprados pelo pessoal do agronegócio que também se planeja”. Segundo ele, o mesmo ocorre com empresas que têm várias motos e passam a fazer a renovação das frotas com a aquisição pelos consórcios.
Em maio, o setor passou a ter 9,6 milhões de pessoas pagando cotas de consórcios, o que representou um aumento de 10,9% sobre os 8,62 milhões de consorciados em maio de 2022. Do total de consorciados, cerca de 20% estão no Nordeste, o que corresponde a 2,2 milhões de pessoas.
Buscas também aumentaram
Dados do Google coletados e analisados pela fintech de empréstimos FinanZero mostram que as buscas online pela palavra-chave “consórcio casa” aumentaram cerca de 100% entre junho de 2022 e o mesmo mês deste ano. As buscas por automóvel na mesma modalidade cresceram 36,2% no período.
Nos cinco primeiros meses destes ano, 54% das pessoas que pediram informações sobre um consórcio à FinanZero não tinham emprego de carteira assinada, mas negócios próprios ou vínculos trabalhistas mais flexíveis. E 75% delas eram solteiras. “São pessoas que estão planejando o casamento ou saindo da casa dos pais e, para isso, querem avançar na direção da aquisição de uma casa ou de um apartamento”, diz o diretor de Operações da FinanZero, Rodrigo Cezaretto. A fintech é um correspondente bancário online.
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