Por Gilberto Freyre Neto*
Há um fato relevante para a diplomacia econômica brasileira. O NDB – New Development Bank – ou em bom português Novo Banco de Desenvolvimento, tem uma nova presidente: a senhora Dilma Roussef tem seu nome aprovado para a presidência rotativa do Banco na posição do também brasileiro Senhor Marcos Troyjo.
Pouco ou nenhum impacto teria nas nossas vidas essa mudança, não fosse esse banco o mais novo e estruturado player global de investimento em infraestrutura. Posição consolidada através da competência técnico-gerencial do presidente e sua equipe, que desde julho de 2020 realiza e conduz ações de investimentos nos BRICS, países-membros-fundadores, que contam com mais de 100 projetos aprovados com montantes superiores a 32 bilhões de dólares.
Com sede em Xangai, já conta com protocolos claros de governança sócio-ambiental – ESG, escritório de avaliação independente de projetos e amplia a cada dia a participação de países associados, consolidando um novo modelo de investimento em setores como energias limpas, infraestrutura de transporte, irrigação, gestão de recursos hídricos e saneamento, desenvolvimento urbano, infraestrutura social e eficiência ambiental.
O diplomata Marcos Troyjo, instrumento do sucesso desta fase estruturadora do banco, aprimora a organização voltando o olhar para operações mais complexas e especializadas junto ao setor privado e seu portfólio de projetos. Aprofunda suas credenciais ecológicas, emitindo o primeiro título na China associado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ainda em 2021, em plena pandemia.
O processo de transição de liderança já se inicia e o presidente Troyjo deve deixar o banco no dia 24 de março de 2023. O processo ocorre de forma mutuamente acordada e em observância à governança institucional. O próximo presidente, a ser escolhido pelo colegiado de governadores, toma posse na sequência e ficará no cargo até julho de 2025.
Nascido e criado na cooperação internacional, Marcos Troyjo deixa um legado importante, acrescentando uma contribuição significativa à jornada do NDB para tornar-se referência como banco de desenvolvimento voltado a economias emergentes. Principalmente quando o mundo muda o seu eixo de desenvolvimento para a região da Ásia-Pacífico, mudando também a linguagem econômica-cultural do centrismo euro-americano para um novo modelo pan-asiático, no qual precisamos ser protagonistas nesse mundo globalizado.
*Gilberto Freyre Neto é Ex-secretário de Cultura do Estado de Pernambuco no Governo Paulo Câmara e Membro do Comitê de Internacionalização do LIDE-PE