O Brasil é um dos países em que as pessoas mais se preocupam com a estética no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão. De acordo como Euromonitor – empresa de inteligência de negócios, análise de mercado e insights do consumidor – o faturamento do setor no Brasil atingiu quase 30 bilhões de dólares em 2018, enquanto os EUA foi de 89,5 bilhões de dólares, mostrando que o mercado brasileiro é grande, mas ainda tem muito a crescer.
Segundo o Banco do Nordeste, R$ 360 milhões foram contratados por empreendedores do ramo da beleza em 2021. A cifra é maior que a soma de todos os empréstimos realizados nos dois anos anteriores – R$ 182 milhões em 2020 e R$ 169 milhões em 2019, mostrando o enorme potencial do setor na região.
O mercado da estética no país se manteve forte mesmo em períodos de crise, situação refletida por dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abhipec), o setor registrou crescimento anual de 8,2% na última década, movimentando cerca de R$ 100 bilhões por ano.
Com grande potencial de clientela, lucratividade e baixo custo de investimento inicial, o ambiente para novos empreendimentos é altamente fértil. Dados do Cadastro Nacional de Atividades Econômicas, coletados pelo Sebrae, mostram crescimento no número de microempreendedores individuais (MEI) no segmento de estética e beleza, com o primeiro semestre deste ano superando em 8% o mesmo período de 2021, no maior patamar em três anos.
Desafios do setor
A tributação dos produtos cosméticos é muito alta e complexa, trazendo dificuldades para controle de preços e venda ao consumidor final. Além disso, grande parte dos empreendedores têm dificuldades para administrar seu negócio de maneira automatizada.
O Sebrae aponta que 70,2% dos Microempreendedores Individuais entrevistados pelo Sebrae realiza o controle do fluxo de caixa de forma manual, e não consegue precisar quanto deve produzir e vender para cobrir os custos.
A dificuldade de acesso ao crédito também é um entrave, visto que 60% dos empreendedores do setor de beleza em Pernambuco não toma empréstimos para movimentar a empresa, segundo o Sebrae. Parte disso se deve à informalidade, muito presente no setor.
Para a analista do Sebrae, Izabel Francisca, “a concorrência com o mercado e a informalidade ainda são os maiores vilões do setor, a competição é acirrada, o que significa que é preciso fazer o máximo possível para se destacar da concorrência” são os maiores desafios do setor.
Perfil do empreendedor
Atualmente, em Pernambuco, há 28.787 pequenos negócios voltados à estética em funcionamento, sendo 21.727 ativos e 7.060 negócios inaptos, segundo dados levantados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo Izabel Francisca, analista do Sebrae-PE, o setor é formado, em maioria, por “pessoas jovens que buscam ascensão profissional com características comuns que procuram empreender por oportunidade”. Ela explica também que não há um gênero que predomina, e sim “pessoas que emergem, em busca de um modelo próprio de negócio, independente do ramo da beleza”.
O Sebrae também realizou um levantamento da evolução das empresas desde 2011, e aponta para um cenário de aumento da abertura de empresas no ramo da estética e beleza entre 2020 e 2021, passando de 3.979 para 9.724. O número de empresas baixadas se manteve 778 no mesmo período. Já o ano de 2022 registrou, até 8 de novembro, 6.057 aberturas e 888 baixas.
A maioria dos negócios, contudo, segue a tendência nacional e não têm vida longa. Cerca de 67% sobrevivem até 3 anos, enquanto 24,8% seguem de pé por 3 a 10 anos. Na faixa de 10 a 20 anos de existência da empresa, o índice cai a 1,4%.
Segundo Izabel, o “carro chefe” do mercado de beleza em Pernambuco está nos serviços de terapia capilar, fabricação de produtos veganos, estética facial e corporal, micropigmentação e extensão de cílios.
Além disso, ela destaca o setor de esmaltaria, um dos principais nichos de atuação para profissionais da área, que segue crescendo, principalmente entre os MEIs.
Digitalização dos negócios
Lidar com a digitalização nos negócios é, simultaneamente, um desafio e um ambiente de oportunidade. O Sebrae aponta que aproximadamente 44% dos MEIs entrevistados pelo Sebrae acham que não conseguem acompanhar totalmente seus clientes no uso de ferramentas digitais, sendo maior o acompanhamento conforme cresce o porte da empresa.
Outro dado preocupante diz respeito ao e-commerce. Cerca de 80% dos empreendedores não apresenta delivery em seu modelo de negócio e 38% dos MEIs não monitoram os resultados das ações nas redes sociais.
Apesar disso, a maioria dos MEIs (55%), das microempresas (65%) e das empresas de pequeno porte (85%) usam a internet para fazer a cotação de preços de insumos e fornecedores. O Whatsapp figura como a principal ferramenta para relacionamento com o cliente para 68% dos MEIs, 55% das microempresas e 66% das empresas de pequeno porte.