A instalação do frigorífico da Masterboi, no município de Canhotinho, Agreste de Pernambuco, está repercutindo nos bancos, onde a procura por crédito para a bovinocultura cresce vertiginosamente. Os mais interessados são pecuaristas de gado de corte que querem investir na qualidade genética dos animais a fim de formar rebanhos comerciais, que eram escassos na região.
No Banco do Nordeste, o incremento na tomada de crédito nos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, área de influência do frigorífico, foi de 252% na quantidade de operações e de 286% nos valores financiados. No Banco do Brasil a bovinocultura é a maior fatia da carteira de crédito rural, e cresceu cerca de 25% na última safra – entre julho de 2021 e junho de 2022.
Neste período, em Pernambuco, de acordo com o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), do Banco Central, foram aplicados R$ 734 milhões em desembolsos para o agronegócio. Do total, em torno de R$ 270 milhões foram para a bovinocultura.
Neste cenário, os agentes financeiros, também se preparam para a expansão das carteiras e mostram mais disposição para oferecer crédito. “A tendência é que aumente ainda mais a procura. Boa parte dos programas do plano safra já foram empregados, mas termos mais recursos”, prevê o gerente Mercado de Agronegócio do Banco do Brasil em Pernambuco, Milton Júnior.
A busca por crédito se dá porque os produtores precisam investir na compra de animais e na estrutura para aumentar a produção. “Isso demanda mais alimento para o animal, mais contratação de mão de obra e mais giro”, acrescenta o gerente.
Os criadores de gado de leite também estão se movimentando em direção ao gado de corte e buscam alimentar melhor seu plantel a fim de ter bezerros mais pesados e mais aptos à essa pecuária. “Os produtores querem gerar lotes de animais mais jovens, padronizados, para atender à cadeia comercial que ficou completa com a planta industrial da Masterboi”, afirma Milton Júnior.
O gerente observa que até empresários que nunca trabalharam com pecuária estão buscando consultorias e assistência técnica para investir na criação de gado.
Fertilização
Camila Ramalho, veterinária e sócia da Poligen, clínica de fertilização in vitro, com sede em Canhotinho, está otimista com a chegada da Masterboi à cidade. “Acredito que o nosso mercado tende a crescer, porque a carne de melhor qualidade, melhor procedência genética, será mais valorizada”, afirma.
A movimentação em torno do crédito, segundo o gerente, começou na fase de pré-implantação do matadouro e se intensificou depois da inauguração. “Muita gente estava aguardando para ver o que ia acontecer e com o início dos abates o negócio mostrou que tem grande potencial”, acrescenta Milton Jr., apontando o aumento de feiras e leilões de gado de corte na região de Canhotinho, a partir do segundo semestre deste ano.
Essas feiras têm funcionado como indutoras do negócio. No Banco do Nordeste, os empréstimos para bovinocultura de corte no estado de Pernambuco saltaram de R$ 55,8 milhões em dezembro de 2021, R$ 154,4 milhões em outubro deste ano. Em Alagoas, no mesmo período, o salto foi R$ 49,5 milhões para R$ 130,4 milhões. Na Paraíba, foi onde a busca por crédito mais cresceu, saindo de R$ 42,4 milhões para R$ 137,3 milhões, um incremento de 292%.
Masterboi
O frigorífico industrial da Masterboi é o maior do Nordeste e opera com o Serviço de Inspeção Federal (SIF) o que garante o acesso aos mercados nacional e internacional. Instalado numa área de 111 hectares, com 21 mil metros quadrados de área construída, a Masterboi Canhotinho tem capacidade de abater 700 cabeças de gado por dia, além de ovinos, caprinos e suínos. A planta foi inaugurada em agosto passado.
“Os produtores já estão ganhando, porque o preço da terra hoje é outro. E todos vão ganhar ainda mais”, diz Nelson Bezerra, fundador da Masterboi. O empresário aposta no crescimento das vendas para grandes redes de varejo: “O supermercado quer comprar da indústria frigorífica, porque tem certeza da procedência”, atesta.
Leia também: