Ocorreu um crescimento astronômico do Pix desde sua criação em 2020. O mês de setembro de 2022 registrou 430 milhões de transações, sendo 225% a mais que no mesmo período de 2021, segundo dados do Banco Central (BC). Todo esse sucesso traz um questionamento: outras formas de pagamento mais tradicionais, como os cartões de débito estão com os dias contados?
Para começar a análise sobre o futuro – ou falta dele – das outras formas de pagamento, é preciso, primeiramente, entender se o crescimento do Pix seguirá batendo recordes ou não. O valor das transações via Pix cresce menos que o número total de transferências, indicando seu uso em compras de menor valor.
No acumulado do ano até setembro, o valor pago por Pix entre pessoas e empresas chegou a R$ 680 bilhões, com expectativa de bater a casa de R$ 1 trilhão até dezembro. Ou seja, os pagamentos instantâneos têm conquistado cada vez mais brasileiros, fazendo-se presentes até nas compras mais cotidianas.
…Queda do débito
Paralelamente, vemos os números de outras transações caindo. Uma das razões é a mudança na aceitação de pagamentos em débito por parte dos varejistas: o BC aponta uma redução de 42% para 30% no volume de pagamentos com débito no comércio varejista do país, de março/2021 até setembro de 2022.
O economista e sócio-diretor da PPK Consultoria, João Rogério Filho, explica que já é possível encontrar empresas de grande porte deixando de lado os pagamentos em débito enquanto abraçam o Pix e o motivo principal é o custo da transação em débito ser muito mais alto para quem vende.
“Para você que paga é mais fácil aproximar o cartão da maquininha, mas para quem recebe, é mais caro. O varejo vem diminuindo a aceitação do débito por isso. É uma demanda de quem recebe, não necessariamente de quem paga”, explicou João Rogério.
O economista destaca ainda outra grande vantagem do Pix tanto para transferências entre pessoas, quanto de pessoas para empresas, especialmente no e-commerce: a possibilidade de receber valores a qualquer hora do dia ou da noite, de forma instantânea.
“O débito demanda uma conta-corrente, e passa necessariamente por uma administradora. Um aspecto muito importante do pix, seu diferencial, é a possibilidade de contato em tempo real entre recebedor e pagador 24 horas por dia, 7 dias por semana. É muito mais próximo do que entendíamos de pagar em dinheiro que o débito, porque ele não acusa imediatamente o recebimento na hora e tem mais burocracia”, argumentou o sócio da PPK.
Essa facilitação, segundo João Rogério, permite que até pequenos comerciantes, vendedores ambulantes e prestadores de serviços que trabalham de forma autônoma e informal possam usar o Pix.
Pagamento do futuro
Questionado sobre a possibilidade do Pix se sobrepor e até mesmo levar à extinção de outras formas de pagamento à vista que conhecemos – não somente o débito, mas também os famosos boletos – o economista afirma que esse processo já está acontecendo.
“O futuro é o Pix. Empresas de maquininhas de cartões tentam se adaptar criando aplicativos de celular, mas é um movimento sem efeito, o Pix dominará as transações. O aluguel da maquininha tem um preço, tem percentual de cobrança sobre cada transação também, e num mercado cada vez mais competitivo, qualquer diferença de centavos pode representar 40% da margem de lucro”, argumentou João.