Faleceu ontem (06) o economista, sociólogo e professor Leonardo Guimarães Neto. Doutor em Economia pelo IE-Unicamp, foi economista da Sudene, Condepe e Fundaj; assessor do Governo do Estado de Pernambuco e Professor Adjunto aposentado do Mestrado em Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e ex-professor do Departamento de Economia da UFPE.
Ele foi um dos fundadores da Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, tendo como sócio entre outros economistas Jorge Jatobá, Tania Bacelar e o filho, Paulo Guimarães.
A Ceplan comunicou o falecimento de seu sócio-fundador, aos 84 anos, com uma nota de pesar.
Doutor Leonardo, como era mais conhecido, ou simplesmente Léo para os amigos, nasceu na cidade de Arcoverde (PE), e ao longo de sua vida dedicou-se aos estudos e à profissão de economista e professor.
Leonardo Guimarães Neto fez Economia na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Sociologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Doutorado em Economia pelo Instituto de Economia da Universidade de Campinas (IE-UNICAMP). Em sua atuação profissional passou pela Sudene, Condepe e Fundaj, e também atuou como assessor do Governo do Estado de Pernambuco.
Também foi Professor da UFPB e da UFPE e consultor econômico durante longos anos desde a fundação da Ceplan. Escolheu Recife – capital do seu Estado – como morada, sempre estudando sobre o Nordeste e o Brasil e seus caminhos de melhoria.
Leonardo Guimarães deixa esposa, Dona Socorro, e seus três filhos, Paulo, Juliana e Marta.
“Grande ser humano e profissional, com quem aprendíamos sempre, e referência de caráter e sabedoria, permanece em nossa empresa a sua esperança de um país e de um Nordeste menos fragmentado e mais igualitário”, diz a nota da Ceplan.
O velório será realizado na Capela Velório número 01 do Cemitério Morada da Paz, na cidade do Paulista, nesta terça-feira (6), com início às 09h00 e sepultamento às 14h00.
DEPOIMENTOS:
“Como profissional, Leonardo Guimarães deixa o legado de uma pessoa de um intelecto privilegiado, uma cultura privilegiada mas, principalmente, de muita humildade e simplicidade. Um profissional que construiu uma carreira de muito estudo, muita dedicação e simplicidade. Era um humanista. Uma pessoa que sempre teve a preocupação no social, numa vida mais igual e de menores diferenças sociais e regionais, no nosso Brasil – era o foco de estudo dele, a região Nordeste e as questões regionais. Foi um profissional que sempre teve o cuidado de olhar o próximo, a questão das diferenças que marcam tanto o nosso país, não apenas com a visão de dados socioeconômicos mas também de humanidade e civilidade – era essa, talvez, a parte mais importante que Leonardo deixa como economista e cientista social. Como pai, fundamental para toda a família o seu legado de transmitir esse jeito de ser de muito respeito, e que fez com que ele tivesse grandes amizades e reconhecimentos por toda a vida. É isso que fica do nosso pai, uma pessoa que nunca viu diferenças em quem quer que seja, fosse socialmente ou em termos culturais, sempre tratou todos de forma muito igual. Deixa para os filhos essa lição, do tratamento com o próximo, e de um comportamento que só fez unir e trazer muita amizade e muitos relacionamentos ricos e produtivos. Era realmente uma pessoa especial”.
“Fui colega de Leo nos bancos da graduação em Economia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Ele já sociólogo e da Sudene, onde entrei mais tarde! Fizemos juntos especialização pelo Ilpes Cepal. Trabalhamos juntos no Governo de Pernambuco e na Fundaj. Fundamos a Ceplan com Aldemir e Paulo. Como economista tinha sólida formação teórica e uma enorme capacidade de compreender a realidade! Sua tese de doutorado é um marco na interpretação da dinâmica regional do Brasil industrial! Com o conceito de “integração produtiva“, explicou porque o Nordeste deixava de ir mal quando o Sudeste ia bem e passava a acompanhar a dinâmica nacional! Como ser humano é uma referência de dignidade, sensibilidade, companheirismo! Nossa referência! Para sempre!”
“Conheci Leonardo quando éramos professores do Departamento de Economia da UFPE e da UFPB. Ele era também um consultor, muito atuante, mas, principalmente muito generoso, dessas pessoas que encontramos uma entre milhares na face da terra. Sempre com aquela doçura, mas muito reto, franco, sempre procurando ajudar como pudesse. Para trabalhar em equipe não tinha ninguém melhor, era sempre uma liderança, sem constrangimentos. Ele teve um papel muito importante nas discussões sobre a economia regional, com foco no Nordeste. Não tinha alguém que se ombreasse a ele, sobre os problemas do Nordeste, sempre uma referência a Celso Furtado, com quem trabalhou. Tinha uma grande admiração por Leonardo e o que devo a ele como economista”.
“Leonardo Guimarães Neto fez parte de uma geração de economistas que deram grande contribuição para o desenvolvimento do conhecimento sobre a economia regional e estadual. Teve experiências na Sudene, na Fundaj, como assessor acadêmico sokida com doutorado na univesidade de campinas. Além de se dinstiguir profissionalmente, Leonardo foi um professor dotado de muita simplicidade. Não tinha nenhuma vaidade. Era um professor que dava uma aula que você nem percebia que estava recebendo uma aula. Era uma pessoa do diálogo, da boa conversa, do estímulo. Teve dezenas de orientandos ele conseguiu definir um rumo na vida profissional de alguns deles, que reconheceram muito isso. Nestes dois dias, isso foi reconhecido, inclusive, aqui na Ceplan. Foram dias de muita tristeza para nós. Mas ele deu uma contribuição significativa, porque tinha uma formação ampla e raízes cepalinas e desenvolvimentistas. Era muito rigoroso na descrição e análise dos fatos econômicos, fazia amplo uso dos dados disponíveis, conseguia articular e sugerir sempre boas recomendações de políticas de desenvolvimento. Ele faz parte, na verdade, de um conjunto de economistas que chamamos de desenvolvimentistas, que tinham em mente uma boa capacidade analítica mas também uma visão estruturada e integrada dos processos de desenvolvimento econômico e social. Léo, como o chamávamos, tinha essa capacidade de contribuir e agregar valor e conhecimento ao que já tinha na região. Não era apenas uma pessoa que escrevia, sem responsabilidade, inclusive boa parte das ações dele vinham seguidas de propostas de políticas. E é para isso que serve o conhecimento: para transformar. Quando se usa esse conhecimento para definir diretrizes de política, você dá um passo além do exercício analítico. Um passo para transformar o mundo que está estudando”.