Por Kleber Nunes
Pernambuco iniciou o segundo semestre deste ano com queda de 37,12% nas exportações em comparação com julho do ano passado. Em movimentação financeira o resultado para o estado foi de US$ 1,5 bilhão em vendas, enquanto as importações cresceram 85,5%, considerando o mesmo período, e bateram o recorde de pouco mais de US$1 bilhão.
Ao olhar para o acumulado de 2022, a balança comercial de Pernambuco mostra dados mais positivos. Em sete meses, as exportações cresceram 17,2% ante o mesmo intervalo em 2021. A corrente de comércio – soma das exportações com as importações – ultrapassou os US$6 bilhões, 30% superior ao registrado de janeiro a julho do ano passado. Por outro lado, o déficit da balança cresceu 47% e chegou aos US$3 bilhões, solidificando a vocação de estado importador.
Os dados extraídos do portal Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, com apoio da Ray Consulting, também mostram que o óleo combustível continua sendo o principal produto exportado por Pernambuco, seguido do poli (tereftalato de etileno), automóveis, açúcar e manga. Já os países compradores são Singapura, Argentina, Estados Unidos, México e Chile que estão no topo do ranking de mais de 40 nações.
De maneira geral, especialistas apontam que Pernambuco está respondendo bem a uma tendência de crescimento das exportações de forma global devido ao aumento da produção de diversos setores econômicos. O aumento da inflação no mundo e a desvalorização do câmbio também estão entre as causas do crescimento das exportações, ainda que em ritmo menor se comparado com as importações.
O consultor empresarial e embaixador para o tema comércio exterior no Sistema LIDE PE, Maurício Laranjeira, contudo, chama a atenção para a falta de diversidade na pauta de exportação. Para ele, esse é “um calo de Pernambuco” que precisa ser enfrentado, pois pode fazer o estado cair do quarto lugar entre os exportadores do Nordeste.
“Eu costumo dividir a pauta em duas: a clássica formada por açúcar, bateria e frutas; e a nova com automóveis, resina PET, combustíveis e produtos químicos. Realmente elas estão estáveis há cinco anos, Pernambuco não tem novos entrantes significativos nessas pautas de exportação e isso é preocupante, principalmente, porque a gente tem um parque industrial muito diversificado e poderíamos aproveitar melhor e exportar mais e para mais destinos”, afirmou Laranjeira.
O setor industrial é o que majoritariamente movimenta o comércio exterior, por isso, a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) defende o estímulo público para que mais empresas do segmento busquem o mercado internacional. A entidade destaca que as ações vão desde o diálogo do estado com as representações dos países à desoneração de impostos.
O coordenador do Centro Internacional de Negócios da Fiepe, Carlos Fontes, a solução também passa por uma maior participação das médias e pequenas empresas na balança comercial. “É preciso um estímulo dos governos para criar um ambiente econômico favorável, pois quanto maior a participação de Pernambuco no cenário internacional maiores serão os ganhos para a economia local. Isso é factual, as empresas que estão no mercado externo são muito mais competitivas”, explica.
Com ou sem políticas públicas de curto prazo que estimulem o comércio exterior, as expectativas até o fim do ano são de crescimento das exportações e importações. A médio prazo, a instalação de um novo terminal de contêineres no Porto de Suape, após venda da área do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) para a APM Terminals, – subsidiária da Maersk – também anima o setor.
“O Porto de Suape é um dos mais caros da América Latina para a exportação. Com a chegada de outra empresa, a concorrência naturalmente tende a deixar o terminal mais competitivo e a expectativa é que as empresas que já exportam, mas utilizam outros portos, venham para Suape, e as que não estão no mercado global se sintam estimuladas com o novo terminal de contêineres”, avalia Fontes.