Depois de dois anos de pandemia e sem a realização de festas juninas promovidas pelos municípios , a Fecomércio-PE informou que a suspensão do São João no Recife e em outras cidades da Região Metropolitana vai prejudicar o comércio, principalmente o setor de vestuário e calçados, e também os profissionais serviços, que incluem desde os profissionais da cultura, bares, restaurantes e até a pessoa que vende bebidas ou alimentos durante o evento. A festa pública do São João de algumas cidades do Grande Recife foi suspenso devido as chuvas – da última semana de maio – que contribuíram para os deslizamentos de barreiras, deixando 126 pessoas mortas e uma ainda desaparecida. Além da capital pernambucana, estão suspensas as festas públicas de São João nas cidades de Paulista, Igarassu, Araçoiaba, Paudalho, Vicência e Glória de Goitá. As quatro primeiras estão na Região Metropolitana do Recife.
“A função do gestor público é cuidar das pessoas, mas a geração de receita é importante. A nossa sugestão é compensar depois que melhorar a situação de calamidade pública. Desse modo, as prefeituras conseguiriam dar um amparo as famílias atingidas e, posteriormente, fazer uma festa para as pessoas que queriam curtir e as que estavam precisando da festa pra gerar receita”, comenta o assessor de Economia da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva.
A principal argumentação da entidade é de que a festa de São João é uma oportunidade relevante para o setor terciário, principalmente depois de dois anos impactado pela pandemia do novo coronavírus. “O São João é quase um meio Natal. Muitas vezes com as pessoas comprando roupas e sapatos”, afirma Ademilson, acrescentando também que as festas públicas também geram receita para muitas pessoas que trabalham informalmente, vendendo bebidas ou alimentos.
Principal festa pública de São João é a de Caruaru
Ademilson também argumenta que as festas públicas de São João do interior estão mantidas, como por exemplo a de Caruaru. “Os setores de vestuário e calçados podem se beneficiar com esta demanda. E talvez ocorra até um aumento da demanda no interior”, comenta Ademilson.
Outro fator que faz a suspensão da festa impactar os setores produtivos é a extensão da festa, que embora tenham mais tradição no interior, é comemorada nas regiões litorâneas do Estado num período que se estende de 12 de junho, véspera de Santo Antônio, a 29 de junho, dia de São Pedro. E nisso, são mobilizadas diversas atividades de serviços na realização de arraias públicos, competição de quadrilhas e eventos privados embalados pelo ritmo do forró. Elas incluem desde a montagem de estruturas, produção audiovisual e serviços de manutenção, até produção de alimentos típicos e confecção de vestuários e adereços.
De acordo com a Fecomércio-PE, Em termos de fluxo turístico há também a perspectiva sobre as atividades receptivas no interior do estado, especialmente no Agreste e Sertão. Municípios como Caruaru, Gravatá, Arcoverde e Petrolina concentram um grande fluxo de visitantes, de diversas regiões do Estado e também de fora de Pernambuco, chegando a registrar elevadas taxas de ocupação hoteleira nos períodos juninos pré-pandemia. “Talvez, o cancelamento até contribua para aumentar esta demanda no interior”, afirma Ademilson.
Alagamentos também prejudicaram o comércio
A Fecomércio também chamou a atenção para o fato de que a mobilidade de pessoas foi reduzida nos últimos dias. “Em divesos pontos, estabelecimentos também se viram obrigados a não abrir suas portas, seja por falta de demanda, seja por falta condições de enfrentar as chuvas torrenciais, transbordamento dos cursos de água e alagamento dos principais corredores comerciais. Mesmo centros de compras modernos e shopping centers sofreram com os transtornos do acúmulo de águas”, informou a entidade Isso também trouxe prejuízos ao comércio.
Para colaborar com os atingidos pelas chuvas, a entidade está fornecendo refeições nas cidades do Recife, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe e arrecadando donativos em todo o Estado de Pernambuco.
Via asssessoria de imprensa, a Federação informou que está disposta a buscar o diálogo com os governos municipais e estadual de forma a encontrar alternativas e oferecer oportunidades aos segmentos do varejo e serviços das cidades fortemente atingidas e que não realizarão eventos públicos de São João – eventos esses que movimentam atividades formais e também atividades informais, que contribuiriam gerando renda para uma população bastante afetada pelo elevado desemprego.