Embora ainda não sejam muitos populares, os derivativos podem ser um instrumento de proteção para os produtores rurais, principalmente para os que produzem commodities, como é o caso das usinas de açúcar. As commodities geralmente são comercializadas em contratos de vendas futuras e podem apresentar grandes variações de preço influenciadas por fatores que fogem do controle da empresa como uma guerra, pandemia, quebra de safra em um grande país produtor, entre outras. “O derivativo é um instrumento financeiro para proteger da variação de preço. O seguro é para a proteção do patrimônio. O derivativo não vai substituir o seguro. Eles são complementares”, resume o líder regional da XP em Pernambuco, Paulo Pereira Filho.
É muito comum os produtores se planejarem para vender um determinado produto por um preço Y e quando chega a safra, o mesmo estar com o preço acima ou abaixo do planejado. Geralmente, quando ocorre uma quebra de safra da cana-de-açúcar no Brasil ou na Índia, o preço do açúcar no mercado internacional sobe, porque diminui a oferta deste produto. Quando o preço fica acima do esperado, o produtor lucra mais. No entanto, quando o produto fica abaixo do preço esperado, a lucratividade diminui, podendo comprometer a liquidez e continuidade do negócio.
Como o nome diz, derivativos são instrumentos financeiros que têm seus preços ligados a outros ativos, por exemplo, uma commodity. Um dos principais usos dos derivativos é garantir maior previsibilidade ao cliente. Segundo Paulo Pereira Filho, o ideal seriam os produtores terem um seguro e um derivativo, que protegesse a empresa das variações de preço nas vendas futuras. Ele cita um produtor de café que fez a opção no derivativo de vender o preço da saca a R$ 60 em seis meses. “Este produtor vai ter o direito de vender por R$ 60 no prazo estabelecido, mesmo que o preço, no mercado internacional, esteja a R$ 40”, conta.
O derivativo é um contrato entre as partes realizado por um determinado período e tem a garantia do risco de contrato concedido pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Todas as corretoras oferecem derivativos. “O nosso diferencial é que nós temos uma mesa dedicada a olhar oportunidades via derivativos para investidores, especuladores e produtores rurais”, explica Paulo.
Segundo ele, o derivativo pode ajudar a manter o lucro da empresa e contribuir para uma gestão melhor. “O derivativo tem o valor mais baixo do que o outro mecanismo que garanta o preço”, argumenta Paulo. E a lógica do derivativo é a mesma do seguro do carro, quanto mais itens estão “cobertos”, maior fica o valor a ser pago pelo cliente. Paulo argumenta fazendo um paralelo: “quem já bateu com o carro, nunca deixa de fazer o seguro”.
Produção de commodities no Estado
Em Pernambuco, os produtores de commodities agrícolas que mais têm peso são produzidas pelo setor sucroalcooleiro (cana-de-açúcar, açúcar e álcool) e pelos produtores do Vale do São Francisco, que cultivam frutas e fabricam bebidas, como sucos. “Pernambuco tem no agronegócio um grande potencial, que já é explorado pelo agricultor, mas certamente poderia ser otimizado com a utilização dos derivativos. Aqui, somente nos quatro primeiros meses deste ano, exportamos mais de U$ 116 milhões, fazendo com que nos tornemos um importante Estado no cenário do agronegócio brasileiro. É válido ressaltar a importância da desmistificação do uso dos derivativos para que produtores e investidores ganhem autonomia na construção de suas estratégias”, afirma Paulo.
A XP tem metas ambiciosas e deseja ser a “maior instituição financeira da América Latina”. O escritório regional da empresa começou com três pessoas no Nordeste e hoje tem 80. No Brasil, são mais de 6 mil funcionários, sendo que metade deste pessoal atua na área de tecnologia.