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Sérgio Ferreira: “O empresário do NE ainda olha pouco para o mercado internacional”

A opinião é de Sérgio Ferreira, responsável pelo escritório da ApexBrasil no Nordeste. Confira a entrevista dele sobre o tema.

Há muito o que fazer para convencer os empresários nordestinos de que exportar a produção pode ser um grande negócio. Em Sergipe, o trabalho de convencimento está sob a responsabilidade do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES) que, esta semana, iniciou um novo ciclo do PEIEX, o Programa de Qualificação para Exportação da ApexBrasil, que é a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. 

O responsável pelo escritório da ApexBrasil no Nordeste, que fica em Recife, Sérgio Ferreira, disse que “o empresário nordestino ainda olha pouco para o mercado internacional, aquém do que nós achamos que poderia”. Segundo ele, é por isso que o PEIEX existe na região, “de forma bastante robusta, para que possamos disseminar a cultura exportadora cada vez mais”.

Sérgio Ferreira/Foto: Só Sergipe

Esse olhar desinteressado para o mercado internacional, na concepção de Sérgio Ferreira, é uma questão de cultural. Embora o Nordeste seja a terceira região que mais contribui com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, está em último lugar quando o assunto é exportação, o que torna o desafio do PEIEX ainda maior.

Confira a íntegra da entrevista concedido ao jornalista Antônio Carlos Garcia, do site Só Sergipe. 

SÓ SERGIPE – Como está a atuação da ApexBrasil no Nordeste?

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SÉRGIO FERREIRA – A ApexBrasil atua na região Nordeste de maneira bastante similar às demais regiões. Os nossos produtos e serviços são nacionais, então não há produtos específicos por regiões. Porém, nós tentamos adaptar, na medida do possível, os produtos e serviços nacionais às demandas de cada região, pois possuem particularidades diferentes entre elas. Nós já temos hoje, no Nordeste, um número significativo de empresas sendo apoiadas pela Agência. Eu destacaria, dentre elas, os setores de fruticultura, têxtil, calçadista, moveleiro, tecnologia com os polos de inovação como softwares, games, audiovisual. Há uma atuação extremamente robusta e próxima aos parceiros em cada Estado.

Nós voltamos aqui a Aracaju para lançar um novo ciclo do PEIEX que, como foi dito, já existiu aqui no Estado. A última instituição que o executou foi a Universidade Tiradentes (Unit), e o próprio IEL executou também. Já tivemos um número significativo de empresas apoiadas em Sergipe para ingressarem da maneira mais preparada possível no mercado internacional.

SÓ SERGIPE – O Nordeste tem uma estrutura boa para exportação, a exemplo de portos? Ou falta mais estrutura?

SÉRGIO FERREIRA – Existe, sim. Temos portos de destaque na região e eu citaria os portos do Pecém, no Ceará, o de Suape, em Pernambuco, Porto de Salvador, na Bahia. Então, já existem portos com infraestrutura de ponta. Existe, ainda, pouca dificuldade de oferta de linhas de navegação nos principais corredores e eu diria que o principal obstáculo é muito referente à cultura exportadora no empresário nordestino de maneira geral. O empresário nordestino ainda olha pouco para o mercado internacional, aquém do que nós achamos que poderia. Por essa razão que existe o PEIEX na região, de forma bastante robusta, para que possam disseminar a cultura exportadora cada vez mais.

SÓ SERGIPE – O que falta ao empresário nordestino para lançar seus produtos no mercado internacional? 

SÉRGIO FERREIRA – Esse talvez seja o ônus de ter um mercado interno muito grande. Como o Brasil já é mercado, por si só, demasiado grande, acaba consumindo boa parte do potencial produtivo, do tempo e da dedicação dos empresários. E aí eles acabam não tendo muito tempo para olhar para o mercado internacional. Isso é uma questão de cultura, prioridades que nós tentamos aos poucos mudar.

SÓ SERGIPE – E como é esse trabalho de conscientização?

SÉRGIO FERREIRA – Através de programas de capacitação, como o PEIEX, que é de maior capilaridade, varejo e mais disseminado no país. E uma das melhores formas de fazer com que o empresário se conscientize é através de ‘cases’, testemunhos de outras empresas no seu próprio Estado, na sua própria cidade que já fizeram o percurso com sucesso. Essa talvez, seja uma das melhores forma de conscientização.

SÓ SERGIPE – Em todos os nove estados nordestinos existe o PEIEX?

SÉRGIO FERREIRA – Sim.  Hoje o PEIEX está presente em todos os Estados, em alguns deles em fase de renovação, com lançamento de novo ciclo. Mas é uma estratégia da ApexBrasil ter o PEIEX presente em todos os Estados.

SÓ SERGIPE – No Nordeste, dos nove Estados, em qual a cultura de exportação está mais avançada?

SÉRGIO FERREIRA – A Bahia é o que mais representa nas exportações da região, está em primeiro lugar. Em segundo, o Maranhão, um estado que tem uma pauta exportadora bastante concentrada em minérios, devido à presença de grandes empresas como a Vale. O Ceará, em terceiro lugar, tem crescido significativamente nos últimos anos.

SÓ SERGIPE – Como está Pernambuco, onde o senhor está sediado?

SÉRGIO FERREIRA – Pernambuco é o quarto hoje. Historicamente ocupava o terceiro lugar e há alguns poucos anos foi ultrapassado pelo Ceará.

SÓ SERGIPE – Quais os produtos que mais chamam a atenção na pauta de exportações?

SÉRGIO FERREIRA – Todos os Estados nordestinos têm uma pauta concentrada em poucos produtos, poucos destinos e poucas empresas. É um trabalho realmente árduo de tentar ampliar o número de empresas exportadoras na região. A Bahia tem uma exportação muito forte em celulose; no caso do Ceará, há exportação de placas de aço, por conta da siderúrgica do Pecém; no Maranhão, como já citei, minérios. Pernambuco tem hoje, na ponta de sua pauta, veículos. Um Estado que sempre teve açúcar, historicamente, liderando sua pauta de exportações, tem hoje um produto de extremo valor agregado, que são veículos, e óleo combustível por conta da refinaria e da fábrica da Stellantis. Então é uma pauta bastante dinâmica que varia de Estado para Estado..”

SÓ SERGIPE – No caso de Sergipe, a pauta tem sempre o suco concentrado de laranja. Com esse novo ciclo do PEIEX, outros produtos poderão compor essa pauta?

SÉRGIO FERREIRA – Esperamos que sim. Obviamente que não vai mudar drasticamente os números da balança comercial. É um trabalho lento, de convencimento, e que as empresas começam exportando pequenos volumes e não imagino que mudará rapidamente os itens que lideram a pauta, tampouco a balança. Mas a concentração deve diminuir.

SÓ SERGIPE – Se nós estabelecermos um ranking entre as regiões brasileiras, como se posiciona o Nordeste?

SÉRGIO FERREIRA – Aí varia bastante de Estado para Estado. A Bahia estaria muito bem posicionada, enquanto Sergipe já estaria mais ao fim por não ter uma exportação tão volumosa. Mas o Nordeste é a terceira região que mais contribui para o PIB brasileiro. Porém para as exportações, está em último lugar, o que torna nosso desafio ainda maior. Sabemos que há peculiaridades em outras regiões com pautas muito concentradas, a exemplo de minério de ferro na região Norte; soja, no Centro-Oeste. A pauta nordestina é mais diversificada, mas ainda é a quinta região que mais contribui para as exportações brasileiras.

SÓ SERGIPE – O PEIEX está aberto tanto para grandes empresas como para MEIs?

SÉRGIO FERREIRA – Sim. O PEIEX não tem restrição de porte da empresa, não tem custo para o empresário. Basta que a empresa tenha interesse e potencial exportador e que haja uma decisão da diretoria da empresa de tornar a exportação uma pauta estratégica dentro do seu negócio.

SÓ SERGIPE – Exportar é um grande negócio?

SÉRGIO FERREIRA – Pode ser. É uma forma de se expor menos às ciclicidades domésticas, uma forma de se tornar mais competitivo no mercado nacional. Torna a empresa mais inovadora e mais preparada para os desafios do dia a dia.

SÓ SERGIPE – Para se exportar qualquer produto deve ter uma série de regras a serem seguidas pelo empresário, e uma delas é obedecer às leis daquele país onde ele pretende vender seus produtos…

SÉRGIO FERREIRA – Existem várias regras de país para país; varia de acordo com o tipo de produto. Alimentos, bebidas, produtos de saúde têm regras mais rígidas que de outros tipos. Existem regras de embalagens que cada empresa se adequa de acordo com seu produto e mercado alvo.

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