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Energia solar se destaca na matriz energética da Região Nordeste

Brasil tem potencial de se tornar uma referência no campo das energias renováveis, mas ainda precisa se conscientizar desse potencial

Por Juliana Cavalcanti

O aquecimento global e a crise climática e energética apontam para a necessidade urgente de acelerar a transição das principais matrizes de energia para fontes sustentáveis e renováveis em todo o mundo. O Brasil, onde as fontes renováveis representam cerca de 80% na matriz energética, tem potencial para se tornar uma liderança mundial neste sentido, mas ainda segue atrasado quando se fala em volume de investimentos. Os esforços, entretanto, têm surtido alguns efeitos e o país tem registrado, por exemplo, recordes na geração de energia solar neste ano de 2022 – a quarta colocada em importância na matriz energética do país.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o volume de energia solar captado no último dia 24 de fevereiro, de 1.061 MW médios, representou 8,9% da demanda do subsistema Nordeste no mesmo dia. Esse foi o sexto recorde que a geração solar alcançou em fevereiro. Na mesma semana, no dia 21, ocorreu recorde de geração solar instantânea (pico) de 2.857 MW. A captação de energia solar representa cerca de 2,6% da matriz energética do país, enquanto a captação da energia eólica (dos ventos) alcança 11,8% do total.

energia solar
Planta de energia solar da Qair no Brasil/Foto: Qair/Divulgação

A meta é que até dezembro de 2026 o percentual de geração de energia gerada no país através da luz solar represente 4,9% do total; um aumento de 88%. Já a energia dos ventos, mais consolidada no Brasil, deverá chegar a 13,7%, para o mesmo período.

Para ter uma ideia de como o mundo tem investido em energias renováveis e do potencial que esse investimento pode alcançar, é possível citar um estudo do Departamento de Energia dos Estados Unidos, o Solar Future Study (Futuro da Energia Solar, em tradução livre), que aponta que, se forem feitos os investimentos adequados, esse tipo de energia pode abastecer todas as residências norte-americanas até o ano de 2035 – com potencial de empregar 1,5 milhão de pessoas.

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Brasil ainda precisa se conscientizar do potencial energético

O Brasil tem potencial de se tornar uma referência no campo das energias renováveis e liderar o processo de mudança das matrizes energéticas, mas ainda precisa se conscientizar desse potencial. É a avaliação de Gustavo Silva, diretor de Operações da Qair no Brasil – uma das empresas que mais investem em energias renováveis atualmente no mundo.

“O Brasil ainda não tem uma plena consciência da capacidade e do papel que tem para se tornar um dos principais protagonistas nesse processo. Mas temos uma excelente oportunidade de dar uma contribuição muito significativa a isso, através do hidrogênio verde. Setores de energia elétrica, térmica e biocombustível que correspondem a 73% de todas as emissões, que ocorrem justamente nestes países da Europa, na China e nos Estados únidos e em países do BRIC”, analisa Gustavo Silva, destacando que, embora os países do Bric tenham emissões consideradas pequenas, elas têm aumentado nos últimos anos.

Gustavo Silva - Qair Brasil
Gustavo Silva, diretor de Operações da Qair no Brasil/Qair Brasil/Divulgação

Entre as novas perspectivas no campo energético, destacam-se o hidrogênio verde, as energias solar e eólica – todas com grande potencial em terras brasileiras. “O Brasil tem muito espaço, uma rede forte, recursos eólicos e solares, portos e infraestrutura de boa qualidade e está posicionado geograficamente muito perto dos principais mercados, O Brasil pode se tornar um dos principais exportadores de energias renováveis do mundo. Um protagonista desse processo. Precisa se preparar para aproveitar essa oportunidade”, destaca o executivo.

Silva destaca que a Qair tem investido especialmente em geração centralizada de energia e tem planos “bastante ousados para o Brasil”, principalmente como um exportador de hidrogênio. “Estamos investindo para criar o nosso próprio mercado para atender as nossas plantas de hidrogênio. Estamos nos posicionando para sermos um dos principais players de hidrogênio do Brasil, com 600 MW em projetos em vias de construção”, ressalta Gustavo Silva, destacando que até 2035 a empresa pretende subir a geração de 1 GW para 8 GW no país.

A região Nordeste desponta nesse cenário com um grande potencial, por reunir condições favoráveis principalmente em relação às matrizes solar e eólica. A Qair já tem projetos no Ceará, no Rio Grande do Norte, na Bahia, no Piauí e em Pernambuco (hidrogênio e solar). A intenção é aumentar os tipos de plantas e o portfólio de atuação, ressalta Gustavo Silva.

Investir em energias renováveis também está se consolidando como um grande ativo das empresas no que diz respeito aos preceitos do ESG (desenvolvimento, social e governança – da sigla em inglês, numa tradução livre) – atribuindo valor intangível para marcas e empreendimentos, com significado de comprometimento com o desenvolvimento sustentável e ambiental.

Hidrogênio verde no futuro do transporte marítimo de cargas

Entre os projetos nos quais a Qair Internacional tem investido no segmento de hidrogênio verde está o de transporte marítimo de cargas com energias renováveis. A empresa juntou-se neste mês de fevereiro a uma parceria para desenvolver o Energy Observer – o primeiro navio cargueiro de hidrogênio autônomo e de emissão zero de carbono do mundo.

Lançado na França, o navio funciona como um laboratório de transição energética, produzindo hidrogênio renovável a partir da eletrólise da água do mar. A expectativa é que os estudos realizados a partir do Energy Observer permitam desenvolver uma matriz energética otimizada que utilizem a geração solar, eólica e hídrica.

Atuando há mais de 30 anos como produtora independente de energia exclusivamente renovável, a empresa financia, desenvolve, constrói e opera projetos eólicos, solares, hidrelétricos e de hidrogênio verde. As atividades da empresa alcançam 17 países na Europa, América Latina, África e Ásia.

*Com informações da Qair


Leia também – Bahia deve sediar complexos eólicos de geração de energia elétrica

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