Por Etiene Ramos
A carne brasileira encontra um verdadeiro mercado das arábias nos países islâmicos, onde só os alimentos criados, cultivados ou abatidos dentro dos preceitos da religião muçulmana são aceitos. Chamados de Halal, eles precisam seguir um conjunto de regras para serem considerados lícitos e permitidos aos fiéis.
Este mercado, onde não entra carne suína, nem bebidas alcoólicas, deve atingir 2,2 bilhões de consumidores até 2030, o dobro dos cerca de 1,1 bilhão do final dos anos 90. A cultura Halal vai além do Oriente Médio, se estendendo para países asiáticos como a China, o principal destino da carne nacional no exterior. No ano ano passado, o país comprou 500 milhões de toneladas, um total US$ 2,7 bilhões do Brasil. Em segundo lugar ficaram Hong Kong, com US$ 1,1 bilhão e em terceiro o Egito com US$ 500 milhões.
Os números podem crescer ainda mais este ano com a promoção da carne nacional pelo programa Brazilian Beef, desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria de Exportadores de Carnes (Abiec) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A parceria leva empresários a importantes eventos internacionais como a GulFood, realizada esta semana, em Dubai, nos Emirados Árabes. É a maior feira de alimentos Halal do Orinte Médio e 22 frigoríficos brasileiros que exportam carne Halal não poderiam ficar de fora.
Masterboi avança no mercado Halal
Entre eles, o pernambucano Masterboi – o único do grupo brasileiro com sede no Nordeste e que, em 2021, vendeu 10.300 toneladas de carne bovina Halal para a China, responsável por 90% do total das exportações da empresa. O restante da produção Halal foi distribuída para o Egito, Líbia, Argélia, Jordânia, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos.
“Viemos praticar nossa política comercial, estreitar relacionamentos, atualizar cadastros e ampliar nossos contatos”, declara Márcio Rodrigues, diretor de Comércio Exterior da Masterboi. Segundo ele, apesar dos dois últimos anos da pandemia que provocou queda em outros mercados pela alta de preços e custos logísticos, a demanda pela alimentação halal continua crescendo.
Nas plantas industriais da empresa, no Tocantins e no Pará, segundo ele, o abate dos animais é feito por uma autoridade da religião islâmica, e fiscalizado por auditorias como a realizada nesta segunda (14), na unidade paraense que obteve 100% de conformidade nos procedimentos. O abate religioso procura evitar o sofrimento do animal que é morto sem atordoamento e sempre após a citação do nome de Alá (Deus).