Por Samuel Santos
O recente vazamento de dados do Pix, o terceiro em um período de seis meses, colocou mais uma vez em xeque a segurança das informações de usuários no universo digital. De acordo com o Banco Central, dados cadastrais vinculados a 2.112 chaves Pix vazaram entre os dias 25 e 26 de janeiro. Em dezembro do ano passado,160.147 chaves caíram na rede, e em agosto, na primeira vez em que isso ocorreu, foram 414,526 chaves.
Segundo o BC, não foram expostos dados sensíveis dos clientes, ou seja, capazes de trazer grandes prejuízos.
Em casos como esse, a Lei Geral de Proteção de Dados obriga que a instituição informe o ocorrido à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão independente criado para fiscalizar como empresas e intuições estão tratando as informações fornecidas pelos consumidores. “O BC informou o ocorrido à ANPD, que por enquanto tem agido de forma educativa, ainda sem fiscalizar efetivamente e aplicar as sanções previstas na LGPD”, comenta Julia Medeiros, advogada especialista em direito digital na HSBS e membro da ANPPD (Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados).
“Já foi comprovado que o sistema Pix é seguro, pois possui criptografia, ações antifraude, mas ninguém está totalmente livre de incidentes com segurança digital. Mas não podemos demonizar o ambiente digital. Hoje temos medidas de segurança suficientes para diminuir os riscos, é só saber usá-las”, pontua Medeiros.
Como se proteger
Como não existe total segurança na rede, para o usuário só resta se proteger como pode para não cair em golpes causados por vazamento de dados. “Invista sempre em senhas fortes, faça a verificação em duas etapas, nunca forneça dados de forma desnecessária, verifique o site de compras que você está navegando e, no caso do Pix, sempre fique de olho nas suas movimentações financeiras”, orienta.
Apesar de a Lei Geral de Proteção de Dados já estar em vigor desde 2020, empresas que têm acesso a informações pessoais de consumidores ainda não investem em segurança como deveriam, tornando-se mais vulneráveis. Foi percebendo isso que a HSBS Informática, empresa do Grupo pernambucano Nagem, decidiu mergulhar fundo no mercado de Compliance, com foco em LGPD.
Com o aumento da demanda por soluções que auxiliem empresas a se adequarem ao que diz a lei, a HSBS conseguiu, nos últimos três anos, um crescimento de 210% e já conta com clientes espalhados por 23 estados do país, com disposição para expandir o portfólio ainda mais em 2022. A maioria dos clientes são empresas sediadas na Região Metropolitana do Recife e outras cidades do Nordeste.
“A gente trabalha com um programa de privacidade que visa reforçar o processo de tratamento e armazenamento de dados para deixar as empresas dentro do que a lei exige. A adequação é obrigatória, por isso temos tido uma alta demanda ultimamente. Existem pesquisas que mostram que 50% das empresas brasileiras já iniciaram seu programa de privacidade”, relata Júlia Medeiros, advogada especialista em direito digital na HSBS.
Apesar do aperfeiçoamento da segurança digital ser um caminho sem volta, a especialista ressalta que tem encontrado dificuldade nessa jornada. “Trabalhamos com diversas metodologias, tentamos melhorar a estrutura de TI, mas é preciso uma mudança de cultura dentro das empresas. A gente sente que as pessoas precisam de educação para que elas abram a cabeça e compreendam a importância que essa adequação traz para os seus negócios”, destaca Júlia.