Por Juliana Albuquerque
Mesmo antes da greve dos caminhoneiros, em 2018, quando o Brasil conheceu mais de perto a realidade dos transportadores autônomos de cargas, a TruckPad já enxergava a necessidade de pautar sua atuação em ferramentas que contribuíssem para a formalização do setor. Do começo da operação da startup, surgida em 2013, como uma plataforma que conecta digitalmente caminhoneiros autônomos às cargas, aos mais recentes serviços de emissão de vale-pedágio e CIOT (Código Identificar das Operações de Transporte) pela plataforma, a ideia é contribuir para legalidade da profissão, que de acordo com dados de setembro da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), agrega cerca de 820 mil trabalhadores no Brasil.
“Há mais de 30 anos eu tinha uma transportadora e via a dificuldade que o caminhoneiro tinha para encontrar uma carga para transportar entre o fim de um serviço e início do outro. Essa demora, muitas vezes, levava entre 15 e 30 dias. Por isso, através da tecnologia que já existia nos telefones móveis e o GPS, conseguimos criar esse primeiro aplicativo do mundo para os caminhoneiros”, revela o CEO e fundador da TruckPad, Carlos Mira.
Mesmo após desenvolver uma plataforma totalmente inovadora, com o passar do tempo, Mira percebeu que não bastava apenas conectar os motoristas às cargas, pois existiam outros problemas no setor. “Conseguimos resolver o problema da conexão do caminhoneiro à carga, mas acabamos percebendo que muitas vezes esses profissionais acabavam não recebendo o que é garantido pela lei”, comenta Mira, que viu na recente homologação pela ANTT da startup como meio para pagamento do vale-pedágio e emissão do CIOT, um caminho para garantir que o direito legal dos motoristas autônomos seja respeitado pelas empresas contratantes. “Esse mercado é ainda marcado por muita informalidade e falta até de conhecimento técnico dos direitos garantidos por lei para os caminhoneiros. Por isso, no caso específico do vale-pedágio, até hoje, ainda é possível observar casos de empresas que pagam o pedágio por meio da carta-frete, que é uma moeda ilegal. Desse jeito, o caminhoneiro acaba fazendo toda a rota sem pegar em dinheiro”, explica o CEO.
De acordo com Mira, sua startup se apodera da tecnologia para enfrentar essa informalidade. “Conseguimos a regulamentação da ANTT e estamos dispostos a brigar pela formalização do pagamento do frete do caminhoneiro homologado pelo nosso aplicativo. Desta forma, o caminhoneiro recebe da transportadora pela nossa plataforma e pode transferir sem custo algum para qualquer conta. No caso do vale-pedágio, todo o processo de emissão também é totalmente digital, pelo TruckPad Pay, com cerca de mil postos cadastrados para receber o vale-pedágio em todo o Brasil”, afirma Mira.
Para o CEO da TruckPad, o processo digital torna cada etapa da rotina tanto do motorista quanto das transportadoras muito mais simples. Pela plataforma, por exemplo, há cerca de quatro meses já é possível que as transportadoras que contratam o caminhoneiro autônomo possam emitir o CIOT, que desde março do ano passou é obrigatório.
Segundo ele, pelo TruckPad, a transportadora entra, coloca os dados do caminhoneiro e emite sem custo o documento. “O caminhoneiro não paga nada para usar o sistema e a empresa não tem custo e não tem trabalho. Fica hoje trabalhando na ilegalidade quem quer. Nesse ponto que insisto – a nossa tecnologia é disruptiva. Ela elimina os atravessadores, fazendo um trabalho apoiado por grandes investidores, como Mercedes-Benz; o provedor de mapas e roteirização Maplink; a Plug and Play Tech Center (a mais ativa aceleradora de startups do Vale do Silício) e a FTA (Full Truck Alliance), gigante chinesa do setor de transportes, para formalizar esse setor” argumenta Carlos Mira.