Sertão Vivo: PE terá R$ 300 milhões da parceria BNDES-ONU

Os recursos do Sertão Vivo serão utilizados na implantação de sistemas de produção resilientes ao clima, numa área prevista de 25.237 hectares no estado
Lançamento programa Sertão Vivo em Pernambuco
Solenidade no Palácio do Campo das Princesas contou com envolvidos no programa Sertão Vivo, que vai destinar R$ 1,8 bilhão a todos os nove estados do Nordeste. Foto: Miva Filho/Secom

Lançado em julho de 2023, o programa Sertão Vivo, parceria do BNDES com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) da Organização das Nações Unidas (ONU) para projetos no semiárido nordestino, chegou a Pernambuco. O estado receberá quase R$ 300 milhões (R$ 299,1 mi) para beneficiar 75 mil famílias de pequenos agricultores (cerca de 300 mil pessoas) de 55 cidades.

O Sertão Vivo foi lançado oficialmente em Pernambuco nesta quinta-feira (20) pela governadora Raquel Lyra e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, em solenidade no Palácio do Campo das Princesas. A estimativa é de que 300 mil pessoas tenham mais acesso a água para consumo e produção agrícola sem precisar pagar nada pelo apoio.

Ao todo, serão destinados R$ 1,8 bilhão a todos os nove estados do Nordeste. A estimativa é de que o Sertão Vivo beneficie no total, com as operações em toda a região, cerca de 500 mil famílias (aproximadamente 2 milhões de pessoas) em situação de vulnerabilidade.

Em Pernambuco, o projeto prevê ações como quintais produtivos para 10.800 famílias, cisterna de produção para 6 mil famílias, sistema de reuso de águas para 4.500 famílias, roçados para 9.300 famílias, além de práticas de gestão hídrica eficiente em 1.350 hectares e sistemas agroflorestais com espécies nativas da caatinga adaptadas ao semiárido.

Os recursos serão utilizados na implantação de sistemas de produção resilientes ao clima, numa área prevista de 25.237 hectares, e para melhorar o acesso à água para a produção rural nos municípios com vulnerabilidade social, climática, hídrica ou alimentar.

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“Com esse movimento iremos incentivar a agroecologia, preservando nossos biomas e garantindo o acesso à água. Nós vamos garantir uma mudança de padrão na vida de quem faz agricultura familiar em Pernambuco. Essas famílias que produzem mesmo diante da escassez de água e que, agora, terão acesso à renda, incentivos e tecnologias para ampliar sua produção”, destacou Raquel Lyra.

Dos quase R$ 300 milhões que serão destinados aos agricultores de Pernambuco, R$ 47,1 milhões são provenientes do FIDA (recursos doados) e o restante, R$ 252 milhões, virá de um financiamento firmado pelo Governo do Estado com o banco público. O BNDES já autorizou a operação de crédito e a minuta da lei autorizativa que contempla a operação foi enviada à Assembleia Legislativa (Alepe) em 17 de junho de 2024.

Sertão Vivo e as mudanças climáticas

Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o Sertão Vivo representa a oportunidade de enfrentar as mudanças climáticas. “Conviver com a escassez hídrica, com a seca, nos inspira a olhar para o semiárido como um grande laboratório para entender como lidar com os extremos climáticos. Precisamos impedir a desertificação, recuperar a mata originária, a caatinga. Então esse é um programa que oferece um conjunto de políticas públicas articuladas para aumentar a renda e ofertar tecnologia para aprendermos a lidar com a crise climática e favorecer o Nordeste”, explicou.

A expectativa do Sertão Vivo é alcançar 75 mil famílias que moram em 55 municípios com maior incidência de pobreza rural, vulnerabilidade climática e exposição histórica à seca, incluindo comunidades tradicionais e povos indígenas. Nestas localidades estão previstas ações como quintais produtivos, cisterna de produção, sistema de reúso de águas, roçados, além de práticas de gestão hídrica eficiente e sistemas agroflorestais com espécies nativas da caatinga adaptadas ao semiárido.

“Agradeço o empenho do BNDES e ao estado de Pernambuco, que articulou, através da liderança da governadora Raquel Lyra, o projeto que foi contemplado pelo Sertão Vivo. Nosso objetivo é gerar oportunidades e maior capacidade para todos os agricultores atendidos. Mais de 80% das comunidades quilombolas estão presentes no semiárido, então essa é uma ação voltada, sobretudo, às comunidades tradicionais”, afirmou o coordenador do FIDA no Brasil, Hardi Vieira.

Agricultora da zona rural de Capoeiras, no Agreste, Josefa Quitéria, de 35 anos, comemorou a iniciativa. “Quando não recebemos iniciativas como essa, ficamos adormecidos. E agradeço muito por esse programa, pois ele nos fortalece. Os agricultores são fortes, trabalhadores e determinados. Então, tudo aquilo que vem para agregar, nos mantém firmes na nossa produção”, afirmou.

Em Pernambuco, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca (SDA) será responsável por executar o projeto, por meio do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). “O maior volume desse orçamento, mais de 50%, será destinado ao acesso de água para a produção, porque os nossos agricultores sabem muito bem a dificuldade que enfrentam no campo para ter água de qualidade. Então serão feitas cisternas, barragens subterrâneas para que consigam armazenar água no momento de maior dificuldade de acesso a esse bem tão precioso”, detalhou a presidente do IPA, Ellen Viégas.

Municípios que serão contemplados com recursos do Sertão Vivo em Pernambuco e a estimativa de famílias atendidas em cada um deles:

  1. Afrânio (2.200)
  2. Águas Belas (2.600)
  3. Alagoinha (1.200)
  4. Altinho (800)
  5. Betânia (1.200)
  6. Bodocó (2.000)
  7. Bom Jardim (3.000)
  8. Brejão (1.000)
  9. Buíque (1.800)
  10. Cabrobó (3.000)
  11. Caetés (3.000)
  12. Calçado (800)
  13. Calumbi 600
  14. Canhotinho (400)
  15. Capoeiras (2.000)
  16. Carnaubeira da Penha (1.400)
  17. Caruaru (400)
  18. Casinhas (1.200)
  19. Cumaru (1.800)
  20. Dormentes (2.000)
  21. Exu (2.000)
  22. Flores (800)
  23. Frei Miguelinho (2.200)
  24. Iati (2.000)
  25. Inajá (800)
  26. Ingazeira (600)
  27. Itaíba (800)
  28. Jataúba (1.800)
  29. Jucati (500)
  30. Jupi (800)
  31. Jurema (500)
  32. Lagoa do Ouro (500)
  33. Lagoa dos Gatos (700)
  34. Lagoa Grande (1.200)
  35. Manari (2.000)
  36. Mirandiba (900)
  37. Moreilândia (1.200)
  38. Orobó (700)
  39. Orocó (1.400)
  40. Ouricuri (1.800)
  41. Paranatama (1.300)
  42. Pedra (2.700)
  43. Poção (900)
  44. Riacho das Almas (1.100)
  45. Sairé (1.200)
  46. Saloá (700)
  47. Santa Filomena (1.200)
  48. Santa Maria da Boa Vista (3.000)
  49. Santa Maria do Cambucá (1.800)
  50. São João (2.000)
  51. São Joaquim do Monte (700)
  52. Serrita (800)
  53. Tupanatinga (800)
  54. Vertente do Lério (800)
  55. Vertentes (400)

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